sexta-feira, 5 de março de 2010

O sentido do verdadeiro amor


“Amar alguém significa que sempre esperamos algo dele. Desde o momento em que começamos a julgar alguém, a limitar a nossa confiança nele, desde o momento em que identificamos com o que dele sabemos e assim o reduzimos a isso: a partir desse momento nós cessamos de amá-lo e ele cessa de poder vir a ser um homem melhor. De cada um deveríamos esperar tudo. Devemos ter a coragem de ser amor num mundo que não sabe como amar”. (Charles de Foucauld)

Se reduzimos os homens de que não gostamos a algo que é menos do que são na realidade corremos o risco de reduzir também os próprios amigos a algo insignificante. A única diferença é que as suas limitações não nos incomodam. As nossas amizades são então, provavelmente, pouco profundas. Disse certa vez Abraão Lincoln: “Eu não gosto muito desse homem, tenho de chegar a conhecê-lo melhor”. Se não gostamos de alguém, não penetramos até a profundeza dessa pessoa. A atitude cristã é: crer no bem em cada homem. É a revolução que Cristo pregava sobre o amor fraterno: “João 15,12”. Compreendendo o que aqui e diz, sentimo-nos sobrecarregados! Amar como Jesus amou! Tanta coisa nos aparece na mente. Cristo lavou os pés dos discípulos. Não, isso não podemos! Ele se deu na Eucaristia, sob forma de pedacinho de pão e uma gota de vinho. Não, isso não se pode esperar de nós!

Na cruz Ele rezou: “Lucas 23,34”. Deveríamos nós aceitar que outros zombem de nós e nos ridicularizem e, além disso, rezar por aqueles que assim nos ofendem?

Ele, Jesus, chamava Judas de “amigo” no próprio momento dele. O trair por um beijo. Nós não somos capazes de chamar alguém de “amigo”, quando este nos trai. Cristo amava a todos. É certamente admirável, mesmo nisso não o podemos imitar. Podemos tentá-lo um pouco mas não na medida exigida por Cristo: “João 15,12”. Impossível!

Há três maneiras de sairmos desse dilema. Em primeiro lugar, podemos dizer-nos: “Esse Cristo exige demais”, e passar a procurar outra religião. Raciocinamos que é melhor não ser cristão de jeito nenhum do que ser cristão pela metade. É melhor desistirmos de uma vez!

A segunda maneira é um pouco mais fácil. Em poucos minutos podemos raciocinar, tirando a palavrinha “como” na frase: “Como Eu vos amei”, e assim anular todo o problema. Recorremos ao subterfúgio de que acentuamos excessivamente a palavrinha “como”. O mínimo que devemos fazer tomar a palavrinha no seu sentido amplo e largo, sem surgir a comparação. Sob a máscara da interpretação, podemos, diluir as palavras que nos incomodam.

A terceira maneira é a autêntica: nela damos todo o peso à palavrinha “como”. Nela se encerra toda a sua tremenda força, a técnica não é capaz de produzir a Deus. Isso também não podemos produzir a caridade cristã. O amor cristão é o próprio Deus ou, por outras palavras, uma participação no amor que é o próprio Deus. Precisamos apenas abrir amplamente o nosso coração e o amor nele penetrará, feito uma corrente, e através de nós, alcançará os outros. Somos simplesmente canais desse amor divino.

O amor não é um esforço espasmódico. Não estamos sobrecarregados! Muito pelo contrário, recebemos no amor de Deus um tesouro infinito. É ele que é uma graça, um dom, A fé, a esperança e a caridade são virtudes infusas. Deus é pessoalmente o amor: “Romanos 5,5”.

Para meditar!

Observação: Este trecho do Pe. Pedro Américo Maia, jesuíta, foi-me enviado , de Itaici, onde morava, no dia 29/05/1996, junto com um cartão de Feliz Aniversário, o meu em 23/05. Este homem de Deus, sacerdote, escritor, conferencista e de profunda humildade, foi o animador espiritual de nossa família. Faleceu em 2005 num acidente no Rio de Janeiro.

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