quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Novos progressos no controle do lúpus

Após quase cinco décadas, os pacientes acometidos por lúpus poderão comemorar a chegada de nova medicação para tratar dessa enfermidade


Você já deve ter ouvido falar do lúpus. Michael Jackson, quando vivo, tornou público que era portador da doença, assim como Lady Gaga.

Trata-se da enfermidade crônica mais frequente nas mulheres em idade reprodutiva; é também doença dez vezes mais frequente no sexo feminino. A enfermidade parece ser provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico, exatamente aquele que deveria defender o organismo de agressões externas, como bactérias e vírus.

Dia 10 de maio, comemora-se o Dia Internacional de Atenção ao Portador do Lúpus Eritematoso Sistêmico. Acredita-se que perto de 10 milhões de pessoas no mundo tenham lúpus, 500 mil no Brasil.

O objetivo da data é aumentar e melhorar a atenção médica aos portadores dessa enfermidade e criar meios de financiar pesquisas para as causas e a cura da doença.

Quatro tipos de medicamentos são usados comumente para o tratamento do lúpus: anti-inflamatórios convencionais de natureza não hormonal, antimaláricos, derivados da cortisona e medicações que suprimem a resposta imunológica de forma abrangente.

Em casos mais severos, esses tratamentos tendem a não surtir resultados, e o curso da doença se torna progressivo, acometendo rins, coração, pulmões, elementos sanguíneos e sistema nervoso central, levando a deformidades articulares e provocando cirurgias de próteses dos quadris, o que pode também levar ao óbito.

Após quase cinco décadas, os pacientes acometidos por lúpus poderão comemorar a chegada de uma nova medicação para o tratamento dessa enfermidade. Esse medicamento pertence a uma nova classe, conhecida como biológicos, e tem um mecanismo de ação seletiva conhecido como terapia-alvo.

Por meio de administrações intermitentes, de forma periódica, o medicamento interfere nas células produtoras de anticorpos, no caso do lúpus, são autoanticorpos que agridem o próprio corpo humano.

No Brasil, vários centros participaram das pesquisas que levaram às novas descobertas, permitindo que pacientes brasileiros se beneficiassem com a nova medicação.

Já é possível um maior intercâmbio entre pacientes e familiares, por meio de associações de pacientes juridicamente constituídas ou por meio de redes sociais.

Novos estudos com imunobiológicos estão em andamento, tendo como centro coordenador o Hospital Roberto Abreu Sodré (AACD), especializado em doenças do sistema músculo-esquelético.

Os estudos tentam neutralizar a produção excessiva de autoanticorpos por outras vias. É por meio da participação cada vez maior do Brasil nos novos estudos que os pacientes brasileiros receberão os benefícios das novas descobertas de forma precoce. De fato, há muito para se comemorar nessa data.




segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Por um filho, por um Pai




Hoje quero te oferecer, Senhor, a minha alegria e gratidão por essa difícil missão de ser pai!

Foi uma responsabilidade que assumi iluminado por teu Santo Espírito, confiante de que cada filho que me entregaste era também uma benção sobre meu matrimônio, significava tua presença em nossa família e um chamado para amar mais.

Ser Pai!

Representa uma caminhada cheia de alegria, Senhor! Penso que até recebo mais do que dou e que a existência do meu filho foi mais uma forma que encontraste para eu compreender-te como Pai. Mas, nem sempre tem sido fácil, meu Deus, entregar-me por inteiro a esta causa a quem me chamaste.

O mundo lá fora é inclemente, os valores com os quais me deparo me confundem e o silêncio que faço para ouvir teus conselhos é tão pouco...

Por isso eu temo, Senhor, e venho neste momento pedir para que eu possa olhar nos olhos do meu filho e jamais encontrar a insegurança pela ausência da minha mão amiga.

Consultar seu álbum de recordações e me ver presente em seus momentos importantes.

Lembrar das dores do meu filho, das suas perdas e desilusões, e junto às marcas das suas lágrimas, reconhecer as minhas próprias, por termos chorado juntos.

Pedir ao meu filho que me fale sobre suas crenças e nelas enxergar humildade e fraternidade que minhas atitudes tenham despertado.

Verificar que entre as coisas que o incomodam, estão o egoísmo e a competição que dividem os homens que queres ver irmãos.

Propor que ele fale sobre o amor, e vê-lo buscando inspiração na tua bondade e misericórdia.

Perceber, enfim, Senhor, que a imagem que ele guarda de mim, é uma imagem de imenso amor, compreensão e paciência, semelhante a que guardo de ti no meu coração.

Se isto eu puder sentir, ao longo desta trajetória, terei certeza de que cumpri a tua vontade, através desta difícil e maravilhosa missão que me confiaste.

Assim seja, meu Pai!



Palavra de fé: “Educa o teu filho, esforça-te (por instruí-lo), para que não te desonre com sua vida vergonhosa”. (Eclesiástico 30,13)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Um santo completo



Eu descrevia a pessoa de Dom Luciano a três jovens da RCC (Renovação Carismática Católica) que tinham ouvido pouco a seu respeito. Terminei a exposição, e a jovem de 23 anos disse: “Então ele era um santo completo!”.

Acertou. Os santos buscam perfeição, mas sofrem com os seus defeitos, porque continuam pagando o preço desta ou daquela imperfeição ou falha que ainda carregam. A plenitude nunca vem. Não são santos pela metade, mas ficam sempre aquém do seu projeto. Mesmo assim, a Igreja oferece como modelo de discipulado em Cristo.

Há, porém, os santos mais completos. Dom Luciano Mendes de Almeida foi um deles. Quem o conheceu garante que ele viveu a santidade nos seus mais diversos aspectos. O mistério da graça se difundiu e ampliou nele de tal forma que Dom Luciano não era nem será um santo de ontem. É homem e bispo para todos os tempos. Dele se poderia dizer como se disse de Thomas Becket: homem para a eternidade. Voltado para o céu, como atestam suas falas, seus gestos e seus escritos, nunca tirou também o seu olhar do mundo, onde as pessoas sofriam e sofrem. Tinha discernimento e equilíbrio. Nenhum vento o levou para lugar nenhum a não ser o sopro do Espírito. Não era dado a modismos ou cristas da onda. Sua fala era profunda e centrada na Palavra de Deus. Catequista consciente, ele repercutia a Igreja, sempre, o tempo todo.

Culto, atualizado, sereno, pobre, simples, despojado, cabeça humildemente inclinada para a frente, como se a render homenagem a quem o procurava, era tudo menos um santo de cabeça torta. Nisso, ele era reto e altivo: na defesa dos pequenos. Mas não perdia a classe. Não poucas vezes, falei dele em minhas aulas de comunicação como um rio, antes uma catadupa de água viva. Não procurava palavras: elas vinham fluentes da sua mente de jesuíta brilhante que era. Ouvi-lo era uma delícia. Tinha embutido nele um dicionário, uma bíblia e os documentos da Igreja. Tudo fluía com elegância e humildade. Era só provocá-lo que estava lá. Sábio, humilde, santo, asceta e gentil, era também exigente e corajoso na defesa dos direitos humanos.

Seminaristas que procuram um exemplo de religioso, padre e bispo a seguir podem olhar para dom Luciano. Nós, católicos, que gostamos de lembrar os santos que Jesus formou, temos mais um para recordar. Não seria nada estranho imaginar daqui a alguns anos um são Luciano de São Paulo ou de Mariana, assim como hoje se fala de Antonio de Pádua ou Francisco de Assis. Aqueles eram completos, apesar dos seus pequenos limites. Dom Luciano, também.

Foi bom tê-lo entre nós. Será bom lembrá-lo sempre. Não passou e não vai passar exatamente, porque nunca falou de si mesmo e fugiu o quanto pôde das homenagens. Os aplausos eram para os outros. Ele os puxava. Quando eram para ele, baixava a cabeça. Este é o bispo que morreu em 27 de agosto passado. Que seja reverenciado! Agora, imagino que ele aceitará!




Palavra de fé: “Considerai, meus filhos, as gerações humanas: sabei que nenhum daqueles que confiavam no Senhor foi confundido”. (Eclesiástico 2,11)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Drogas na esquina



A maioria dos pais não tem idéia de como seus filhos entram em contato com as drogas. Eles gostam de pensar em traficantes perversos, verdadeiros lobos maus disfarçados de coelhinhos. Bobagem. A garotada experimenta sua primeira droga ilícita através dos coleguinhas de escola, com a turma nas baladas. Ou mesmo dentro da própria família. Nunca me esquecerei do depoimento de um pai em uma palestra que dei no interior de São Paulo. Quando afirmei que as drogas estão mais próximas do que se pensa, o homem se ergueu chorando:

— Meu filho faleceu de aids. Ele contraiu o vírus em seringas compartilhadas. Mais tarde descobri que o meu irmão, seu tio, foi quem o levou ao consumo.

Emudeci. A platéia ficou em silêncio. O que dizer diante do sofrimento daquele homem? Da curiosidade ao vício, o roteiro é conhecido. O adolescente falta às aulas. Fica trancado no quarto ou some com a galera. Pede grana extra. Finalmente, algo de valor desaparece da casa. E aí a família reage... demitindo a empregada! É sempre a primeira suspeita. Uma conhecida cuja filha chegou a ser internada lastimou-se:

— Ainda não entendo como não percebi. Ela mudou de comportamento, rebelava-se o tempo todo, sumia. E eu achava que era uma fase.

Para alguns adolescentes, o uso de drogas parece normal. Seus próprios pais as usam. Principalmente as consideradas leves, como a maconha. O pai do amiguinho muitas vezes oferece o primeiro cigarro ao garoto, como se fosse um ritual de iniciação ao mundo dos adultos. Já ouvi pais como esses argumentar:

— A maconha é menos perigosa que o cigarro.

Pode até ser, embora eu duvide. Nunca vi um fumante convencional se tornar uma pessoa lerda, com pensamentos vagos, como o usuário de maconha. E a maconha vem misturada, ninguém sabe com o quê. E também, se algo é menos perigoso, não significa que seja bom. Também ouço outro tipo de defesa:

— A bebida é muito pior que qualquer droga.

Concordo. O alcoólatra destrói a própria vida. Mas a maioria das pessoas bebe só socialmente. As drogas parecem produzir reações químicas em que a dependência é quase imediata. Mais que isso: drogas são proibidas. Para comprá-las é preciso dialogar com traficantes, entrar no submundo do crime. Quem deve no bar, no máximo ganha um esculacho do gerente. No caso das drogas, leva tiros.

Durante anos conheci um produtor de teatro, sério, competente. Há algum tempo soube que estava nas ruas após cair no crack. Muitas carreiras, inclusive artísticas, são destruídas. A pessoa começa a faltar ao trabalho, a não cumprir compromissos. Torna-se impossível trabalhar com ela. No caso de famosos, a situação é abafada até o possível. Algumas vezes vem à tona, como no caso do cantor que engoliu pilhas.

É óbvio, o viciado começou de algum jeito. Eu garanto: sempre com alguém muito próximo apresentando o primeiro cigarrinho, a dose inicial. Pessoalmente, acho a política de controle das drogas um desastre. A proibição por si só levou ao aumento do poder dos traficantes. Mas adolescentes e jovens continuam mais expostos do que nunca. A estratégia um dia terá de ser repensada. Mas quem sou eu para oferecer uma solução para esse mundo de traficantes e usuários?

Uma coisa eu sei: a educação começa em casa. Pais carinhosos conseguem estabelecer uma relação de amor e confiança com os filhos. E saber o que está acontecendo. Talvez seja impossível resolver a questão da droga no planeta. Mas é dentro de casa que se dá o primeiro passo.



Palavra de fé: “Não procureis a morte por uma vida desregrada, não sejais o próprio atífice de vossa perda”. (Sabedoria 1,12)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Direitos e Deveres

A psicóloga Lídia Aratangy, autora do livro Pais Que Educam Filhos Que Educam Pais, responde a seis perguntas comuns entre pais com filhos adolescentes.


Como o pai deve estabelecer limites?
Não tente ser mais liberal do que sua emoção agüenta, só para parecer moderno, nem mais restritivo do que sai convicção diz, só para parecer poderoso. Uma boa discussão com um adolescente ajuda a ter mais clareza dessas balizas. Mas lembre-se: discussão é uma via de mão dupla, ambos os interlocutores tem o direito de ser fazer entender.


Há pais que fumam maconha com os filhos. Isso é saudável?
Pai é pai, filho é filho e amigo é amigo. Às vezes há uma certa sobreposição do papel do pai e o do amigo. O pai que resolver ser o melhor amigo do filho vai deixar o filho sem pai e sem melhor amigo.


Como agir com um filho que não cumpre com as obrigações?
Tem de ter conseqüências diretas e verdadeiras. Se o jovem perde aulas porque fica dormindo em vez de ir à escola, tem de estar sujeito às sanções da escola. Mas dificilmente os pais têm coragem de deixar o filho enfrentar o resultado das escolhas malfeitas. Em geral, preferem procurar uma escola mais fraca para o filho que tirou notas baixas porque foi para a balada em vez de estudar para a prova.


O consumo de álcool pelos adolescentes deve ser tolerado?
Esse consumo é nefasto. O pior é que vem aumentando, porque os pais são mais benevolentes com os porres do que com o uso de maconha. Usada com moderação, a bebida pode dar sabor a uma refeição ou fazer parte de uma comemoração Mas só dentro de certos limites ela faz bem.


Até onde devem ir os limites?
Até onde os filhos puderem arcar com os resultados de suas escolhas. Engravidar a namorada tem conseqüências. Ele pode arcar com eles sem ajuda dos pais? Não. Então essa liberdade ele não deve ter. Quer pintar o cabelo de verde e responde pelas conseqüências? Sim. Então, que pinte. Não se pode dar a mesma importância a tudo.


Dormir com a (o) namorada (o) na casa dos pais deve ser permitido?
Se essa situação for vivida com naturalidade por todos os envolvidos, tudo bem. Mas, muitas vezes, os pais não se sentem à vontade com a presença de um estranho no quarto ao lado. Ou preferem não ter de encontrar, no café da manhã, alguém com quem não tem intimidade. Cada família deve ter clareza dos limites do confortável.



Palavra de fé: “Pois Deus quis honrar os pais pelos filhos, e cuidadosamente fortaleceu a autoridade da mãe sobre eles”. (Eclesiástico 3,3)

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O catequista é ser de relações



Quando fomos chamados a sermos catequistas, tivemos o desejo de aprender e assumir com amor às exigências desse ministério.

É uma graça de Deus que este amor tenha crescido, com o correr dos anos na vivência desse ministério.

Para que isso aconteça, é necessário que o catequista busque cada vez mais uma compreensão de si mesmo para que se torne descontraído, sereno, aberto aos sinais de Deus na sua vida.

É importante que o catequista esteja em paz e harmonia permanente consigo mesmo para que tenha paz no relacionamento com os catequizandos.

Há dois pontos que dificultam o catequista a viver em harmonia: os conflitos e o trabalho cotidiano.

Não precisamos de muito esforço para perceber, que, nos dias de hoje, todos nós nos encontramos frequentemente em meio a uma complexa dinâmica de demandas e conflitos.

Vivemos em tensão, quase divididos entre nossos gostos e deveres e, contudo, somos chamados a ter relacionamento com a família, a comunidade e com os catequizandos.

Além disso, o anúncio do evangelho exige fidelidade, pelo menos a dois pontos:

1. Ao conteúdo anunciado;

2. Ao caminho pelo qual se faz esse anúncio.

O conteúdo é Jesus Cristo, morto e ressuscitado para a nossa salvação.

O caminho é conseqüência do conteúdo: se Jesus Cristo se fez homem, criatura igual a nós, exceto no pecado, o caminho para anunciar o mesmo Jesus deverá ser feito em consonância com as alegrias e dores de quem ouve o anúncio.

Daí a importância de se conhecer o jeito com que os catequizandos compreendem a vida, lidam com ela e reagem de quem ouve o anúncio.

Em nossos dias, esse compreender, além de ser importante, adquire o caráter de urgência, pois, poderemos estar transmitindo um conteúdo doutrinamente correto, mas falho enquanto ação evangelizadora: ele poderá chegar à mente, não, porém ao coração e à vida dos interlocutores.

Essa é a razão para compreendermos os desafios do nosso tempo, desafio que estamos vivendo.

Se buscarmos uma característica para o mundo de hoje, encontramos as palavras confusão, perplexidade, transformação, incerteza. Isso tudo porque estamos vivendo uma mudança de época, e não simplesmente uma época de mudanças.

Época de mudança: caracteriza-se quando as transformações acontecem em determinados aspectos da vida, permanecendo intactos os critérios de julgamento e os valores humanos mais profundos. Refere-se ao VER a realidade, dentro dos critérios ver, julgar e agir.
Mudança de época: caracteriza-se quando as transformações não só acontecem em determinados aspectos da vida, como também atingem os critérios de julgamentos. Refere-se ao JULGAR dentro do método ver, julgar e agir.

Assim, a atual mudança de época coloca alguns valores de nossa vida em baixa e, outros, em alta.

Em baixa estão as instituições, quaisquer que sejam. Tudo o que seja institucional é visto com reserva: entre elas a família, o estado e a escola. Em alta está o indivíduo: ele se torna absoluto em suas escolhas e opções.

Isso tem conseqüência na catequese: quando negamos a liceidade das relações pré-matrimoniais, logo ouvimos: quem é o papa para mandar em minha vida? Ou a Igreja está desatualizada.

Assim, estão em baixa a tradição: transmissão de valores de uma geração para outra; o sonho, a utopia, a renúncia, o eterno, o definitivo, a ética e o racional.

Estão em alta: o sensível, o que está ao alcance das mãos, o prazer imediato, o transitório, o eterno enquanto dura, o movimento, a estética, a emotividade.

Não se trata tanto de questionar motivos ou caminhos, mas predomina a alegria do resultado e a emoção experimentada.

Por outro lado, a realidade não é só preta ou branca, mas o cotidiano é mais cinza, as coisas acontecem misturadas e o discernimento nem sempre é fácil.

É bom destacar também que não se trata de rejeição de um dos pólos, mas de supervalorização de um e redução de importância do outro. Há gente lutando pela família, pela educação mais humana e solidária.

Em termos de evangelização, não se pode afirmar que uma época seja melhor que a outra. Elas são diferentes, exigindo de nós assumirmos a mudança, reconhecer que estamos num ambiente distinto daquele ao qual estávamos acostumados.

Para nós, catequistas, há dois perigos diante dessa nova situação:

1. o não reconhecimento da mudança, achando que o novo é questão de mau comportamento ou ignorância religiosa;

2. mergulhar de tal modo na nova realidade que já não se consiga fazer o discernimento entre o que é evangélico e o que não é.

O discernimento é o caminho para essas duas situações.

Para nos ajudar a refletir sobre isso, respondamos as seguintes perguntas:

- Para que atividade ou pastoral estou sempre disponível? Por quê?

- Para que atividade ou pastoral eu nunca tenho tempo? Por quê?

- Para que tipo de pessoas está sempre pronto? Por quê?

- De que modo o cansaço, a preocupação, a defesa de meus interesses transparecem no meu relacionamento com as pessoas?

- Quais conflitos vivo com mais freqüência?
- Quais tensões me perturbam?

- Como posso me ajudar a vencer esses conflitos e tensões?


Para rezar: “Salmo 129, 2-8” (Bíblia Ave-Maria) e “Marcos 9, 33-50”.




Palavra de fé: “A oração do pobre eleva-se de sua boca até os ouvidos de Deus, e Deus se apressará em lhe fazer justiça”. (Eclesiástico 21,6)

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Em que os pais são melhores que as mães


É surpreendente, mas só nos anos 70 os pesquisadores começaram a esmiuçar o papel dos homens na educação dos filhos. Descobriu-se que eles servem para muita coisa.


Pais julgam seus filhos mais capazes do que fazem as mães. Por isso eles “pegam menos no pé”. Além disso, suas brincadeiras são orientadas pela ação e trazem mais riscos. Por exemplo, empurram o balanço mais alto do que as cautelosas mulheres. Vantagem: o papai fortalece a autoconfiança e promove o desembaraço corporal.


Os pais conseguem aprofundar-se na fantasia das brincadeiras infantis. São os homens que aparecem com as idéias mais malucas, organizam corridas em caixas de papelão ou fins de semana de aventura. Vantagem: estímulo à criatividade infantil.


A diferença entre os sexos é mais importante para os homens. Com as filhas eles se relacionam mais suavemente do que com os filhos. O tratamento diferenciado fortalece a identificação da criança com o próprio sexo.


O menino precisa de uma contrapartida para acachapante presença feminina no mundo infantil, que está em casa, com a mãe, a babá e a empregada; no jardim de infância, com a recreadora; na escola, com a professora. Para a menina, o pai é o primeiro homem de sua vida. Mais tarde, as filhas costumam buscar parceiros que lembrem a imagem de seu pai.



Palavra de fé: “Quem honra seu pai achará alegria em seus filhos, será ouvido no dia da oração”. (Eclesiástico 3,6)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Superman, Jordan e meu pai



Uma cena molhou meus olhos no filme que traz de volta o Superman. É uma que ele contempla, filosoficamente, seu filho adormecido. É uma despedida. Ele diz que verá o mundo pelos olhos do filho. E voa rumo à escuridão. Sei lá. Imagino que o autor dessa cena tenha se inspirado no Hemingway de Por quem os Sinos Dobram. O romance se passa na Espanha tomada por uma guerra interna, nos anos 30. Robert Jordan, um americano, combate pelo lado que ele julga bom. Na luta ele conhece Maria, uma jovem espanhola pura, linda, ignorante. Apaixonam-se. As coisas vão mal para o lado defendido por Jordan, e na fuga ele é ferido e não pode acompanhar o ritmo dos demais. Os inimigos vão alcançá-lo. Ele diz ao grupo para que o deixe. Maria não quer. Ele como que a obriga partir. E diz mais ou menos o que o Superman disse ao filhinho: “Viverei em você”. É um dos finais mais lindos da literatura moderna.

Quando penso em meu pai morto sempre me ocorrem as palavras de Robert Jordan, repetidas agora pelo Superman. Meu pai vive em meus irmãos e em mim. Meu pai vê, por nós, as coisas que tanto amava. O mar, o centro da cidade, o time de futebol, os filhos para quem ele era, como no poema, o norte, o sul, o leste e o oeste. E até os netos, que ele não conheceu.

A vida é instável, fugaz, precária. Os budistas dão a isso o nome de impermanência. Os filósofos gregos trataram dessa precariedade com outras palavras: “Tudo flui”, escreveu Heráclito. Tudo está em constante mudança. O rio em que você põe os pés, hoje não será o mesmo rio amanhã, uma vez que as águas estão em perpétuo movimento. Pensar em meu pai morto está em meus irmãos e em mim é como que um desafio à impermanência. Tudo bem. É um desafio ingênuo, romântico, mas as coisas ingênuas e românticas são muitas vezes o que de melhor e mais autêntico o ser humano consegue produzir. Me contenho neste exato momento para não gritar que detesto a impermanência. Ainda que a compreenda.

Montaigne, o grande filósofo que aquece minhas jornadas frias, escreveu que, para ele, o que define o tamanho de alguém é sua atitude perante a morte. Sócrates tomou bravamente a cicuta que o mataria, e antes de morrer consolou os discípulos consternados. O maior desses discípulos, Platão, imortalizaria Sócrates em sua obra. Sócrates viveu em Platão. Sêneca, o estóico que Montaigne tanto admirou, também consolou seus discípulos quando cumpriu a sentença de cortar os pulsos ordenados por Nero. Numa carta ao amigo Lucílio, Sêneca escreveu uma frase que a posteridade guardou como que a uma relíquia: “E por mais que você se espante, Lucílio, aprender a viver não é mais que aprender a morrer”. Quem sabe morrer sabe viver. Não passa os dias atormentado pela idéia da morte. Vive uma vida plena, não importa a quantidade de anos.

Meu pai morreu como um bravo. Não se queixou. Enfrentou com coragem inexpugnável a doença que o consumiu e matou em tão pouco tempo. Confortou, com sua força moral invencível, a todos nós que o amávamos tanto. Penso que Montaigne conferiria nota máxima a meu pai. Ele não os legou palavras, mas um exemplo sobre o qual o tempo não terá efeito. Como disseram o Jordan de Hemingway e o Superman, meu pai vive em nós.



Palavra de fé: “Meu filho, ajuda a velhice de teu pai, não o desgastes durante a sua vida”. (Eclesiástico 3,14)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Ajuda-me, Senhor, na missão de Pai



Ajuda-me, Senhor, na missão de pai,
porque é difícil e pesado o encargo de sustentar a família e dar-lhe o Bem estar e a tranqüilidade; e é quase heroísmo ser alegre com os familiares quando pesam as preocupações pessoais e os problemas da profissão.

Ajuda-me, Senhor, na missão de pai,
para que eu realize o diálogo com a minha esposa e os filhos. Quero ser aberto para ouvir, humilde para propor, sábio para decidir e co-responsável para realizar.

Ajuda-me, Senhor, na missão de pai,
para que eu saiba descobrir os valores de minha esposa e os talentos de meus filhos; e os ajude a desenvolvê-los. Saiba corrigir com amor, sem destruir nem humilhar.

Ajuda-me, Senhor, na missão de pai,
para que eu defenda a dignidade do meu lar, vivendo o amor com fidelidade e construindo a união que faz o lar feliz.

Ajuda-me, Senhor, na missão de pai,
para que eu possa ser sempre um testemunho de fé em Deus, coragem nas dificuldades, paciência nas provações e esperança na dor e ajude outras famílias a serem mais felizes.

Ajuda-me, Senhor, na missão de pai,
para que eu saiba dar valor à experiência sem me prender ao passado, saiba ser moderno e atualizado sem ser superficial e vazio; e conserve bem viva a vontade firme de acertar.

Finalmente, ajuda-me, Senhor, na missão de pai,
para que eu creia firmemente que a grandeza da paternidade, assim vivida, não termina nem com a morte, porque os seus frutos são eternos.



Palavra de fé: “A benção paterna fortalece a casa de seus filhos, a maldição de uma mãe arrasa até os alicerces”. (Eclesiástico 3,11)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O guerreiro da luz e suas contradições



Amor e combate

O guerreiro da luz às vezes luta com quem ama.

Aprendeu que o silêncio significa o equilíbrio absoluto do corpo, do espírito, e da alma. O homem que preserva a sua unidade, jamais é dominado pelas tempestades da existência; tem forças para ultrapassar as dificuldades e seguir adiante.

Entretanto, muitas vezes sente-se desafiado por aqueles a quem procura ensinar a arte da espada. Seus discípulos o provocam para um combate e o guerreiro mostra sua capacidade: com alguns golpes lança as armas dos alunos por terra, e a harmonia volta ao local onde se reúnem.

"Por que fazer isto se és tão superior?" - pergunta um viajante.

"Porque, desta maneira, mantenho o diálogo" - responde o guerreiro.


Solidão e dependência

Quando um guerreiro sofre uma injustiça, geralmente procura ficar sozinho, para não mostrar sua dor aos outros. É um comportamento bom e mau ao mesmo tempo. Uma coisa é deixar que seu coração cure lentamente as próprias feridas. Outra coisa é ficar em meditação profunda todo o dia, com medo de parecer fraco.

Dentro de cada um de nós existe um anjo e um demônio, e suas vozes são muito parecidas. Diante da dificuldade o demônio alimenta essa conversa solitária, procurando nos mostrar como somos vulneráveis; e o anjo precisa da boca de alguém para se manifestar.


Pressa e paciência

Um guerreiro da luz precisa de paciência e rapidez ao mesmo tempo. Os dois maiores erros da estratégia são: agir antes da hora, ou deixar que a oportunidade passe longe.

Para evitar isto, o guerreiro trata cada situação como se fosse única e não aplica fórmulas, receitas, ou opiniões alheias.

O califa Moauiyat perguntou a Omr Ben Al-Aas qual era o segredo de sua grande habilidade política:

"Nunca me meti em assunto sem ter estudado previamente a retirada; por outro lado, nunca entrei e quis logo sair correndo" - foi a resposta.


Paz e atividade

No intervalo do combate, o guerreiro descansa.

Muitas vezes passa dias sem fazer nada, porque seu coração exige.

Mas sua intuição permanece alerta. Ele não comete o pecado capital da Preguiça, porque sabe onde ela o pode conduzir: à sensação morna das tardes de domingo, onde o tempo passa - e nada mais.

Um guerreiro descansa e ri. Mas está sempre atento.
Um anjo e um demônio

Um guerreiro sabe que um anjo e um demônio disputam a mão que segura a espada.

Diz o demônio: "você vai fraquejar. Você não vai saber o momento exato. Você está com medo".

Diz o anjo: "você vai fraquejar. Você não vai saber o momento exato. Você está com medo".

O guerreiro fica surpreso. Ambos disseram a mesma coisa.

Então o demônio continua: "deixa que eu te ajude".

E diz o anjo: "eu te ajudo".

Nesta hora, o guerreiro percebe a diferença. As palavras são as mesmas, mas os aliados são diferentes.

Então ele dedica sua vitória a Deus. E, com a confiança dos valentes, escolhe a mão de seu anjo.



Palavra de fé: “Vós irmãos, não vos canseis de fazer o bem”. (2 Tessalonicenses 3,13)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Testemunho de Rafael Barros, em 14/07/2011.


Sr. Fonseca, boa tarde.

Sou o Rafael, nos conhecemos no domingo no retiro onde o senhor gentilmente aceitou nosso convite para dar uma palestra aos jovens que estão acabando a preparação para receber o sacramento da Crisma. Tive o imenso prazer em conhecer o senhor e dividir minha história, minha vida meu casamento. Já tem algum tempo que estou a procura de algumas respostas para o fim do meu casamento e principalmente de aceitação. Em especial nesse final de semana estava com o coração apertado, triste e magoado, pois na quinta feira havia assinado o divorcio.

Como fiquei responsável em buscar os palestrantes, fiquei a maior parte dirigindo e fora do sitio tirei esse tempo para pensar e refletir em tudo que estava acontecendo. Pedi a Deus que falasse comigo, e hoje tenho a certeza que ele me atendeu quando colou você para falar comigo no domingo, já estava encantado com o Sr.

Na sua palestra pelo carinho e respeito como falava da palavra de Deus e a forma que expressava esse amor. Veja mais... Quando fomos nos encaminhando para o carro senti impulsionado a me abrir com o Senhor a conta minha história e estender a mão para pedir ajuda, já estava acontecendo tudo isso desde setembro do ano passado e vinha diariamente pedindo a Deus para me ajudar e me dar algumas respostas.

Quando começamos a conversar sentir uma sensação muito boa e de muita paz, creio que pela primeira vez senti o verdadeiro amor de Deus, a cada palavra que o senhor me falava ia curando, e cicatrizando uma ferida dentro do meu coração, e tirando um fardo que estava carregando a algum tempo.

Quero lhe agradecer do fundo do coração por deixado Deus agir através do senhor para falar comigo e por levar a palavra de Deus com tanto amor e carinho. Eu pensei que não daria para viver assim, mas hoje sei e tenho a certeza que quando deixamos Deus fazer parte de nossas vidas, ela se transforma e ganha um enorme sentido que é levar a Sua palavra e principalmente o seu amor a todas as pessoas sem discriminações, pois todos somos amados por Êle, independente das nossas falhas e erros.

A partir de hoje também quero fazer parte desse projeto e quero levar o meu testemunho para ajudar as pessoas a não cometerem os mesmos erros e que realmente tenham o verdadeiro amor em seus relacionamentos e não deixem que a paixão tome conta e nos tornes egoísta a ponto de destruir um relacionamento. Gostaria muito de dar testemunho de sua palavra. Mais uma vez obrigado por tudo, hoje o senhor ganhou mais um grande admirador. Continue sempre assim levando a palavra de Deus a todos com o mesmo amor que o senhor me mostrou.

O abraço e o beijo que me deu antes de ir ficará guardado para sempre. Obrigado, por me fazer ver a vida com novos olhos, com os olhos de Deus.

Um forte abraço e que Deus o abençoe sempre.

De seu novo amigo: Rafael

Quando o filho vira pai


A sogra de um amigo começou a ter pequenos lapsos de memória. Em seis meses, sua condição decaiu bastante. Não se lembra de fatos corriqueiros. E com frequência diz verdades que a família preferia silenciar.

— Você sabia que seu primo não é filho do marido da minha irmã? Nem o pai sabe, mas na época ela me contou...

Meu amigo perguntou: — Na sua opinião, o que a gente deve fazer? Respondi simplesmente: — Cuidar dela. Ele reagiu com surpresa: — Nós não vamos suportar!

Eu me espanto sempre com o espanto. Fui educado por meus pais. Gostaria de ter tido mais dinheiro, quando eles eram vivos, para lhes oferecer uma condição melhor. Ou confortos que não chegaram a ter. Mas eu e meus irmãos conseguimos no mínimo o necessário: um bom plano médico e, quando a aposentadoria minguou devido aos reajustes menores, uma complementação de renda. Quando criança, eu precisava do apoio de meus pais. Quando envelheceram, precisaram do meu. Em maior ou menor medida, para todos nós é assim.

Então, por que a dúvida?

Eu observo que muitos conhecidos meus não aceitam a fragilidade dos pais. Ou põem em primeiro lugar seus próprios desejos. Em vez de companheiros, tornam-se inimigos. Outro dia vi uma amiga atender o celular irritada.

— É minha mãe. Tem um problema atrás do outro!

Concordo: na velhice, muita gente se torna mais difícil. Ranzinza. Às vezes com problemas mentais, como a sogra de meu amigo. Ou simplesmente solitária. Exigem mais. Reclamam. Mas quando eu era bebê não gritava pedindo para mamar? Não atormentava meus pais de noite? Na vida moderna, a gente aprende que é preciso ter sucesso. Dinheiro. E, na luta pelo tal sucesso, muitas vezes a gente se esquece do amor. Como sentir-se bem se a mãe ou o pai está sozinho em algum lugar, com dificuldades? Entre a ida ao shopping e o programa da noite, não é possível ao menos uma visitinha? Se necessário, morar junto, dividir o espaço, mesmo com dificuldades de relacionamento? Ou a palavra “solidariedade” perdeu o sentido?

Sou um tipo meio fatalista. Acho que a vida dá voltas. Um amigo se casou com uma mulher egoísta. Filho único, de mãe separada e sem pensão. Durante algum tempo, a mãe foi sustentada por um tio solteirão. Quando este faleceu, começaram as brigas domésticas: a mulher não admitia que meu amigo desse dinheiro à mãe. Era um rapaz de classe média. Durante algum tempo, arrumou trabalhos extras para ajudar a idosa. Convencido pela esposa, mudou-se para longe. Visitava a mãe uma vez por ano. Para se livrar da questão financeira, ele a convenceu a vender o apartamento. Durante alguns anos, a mãe viveu desse dinheiro. Muitas vezes lamentando a falta do filho, mas o que fazer? Ele sempre tão ocupado, viajando pelo mundo todo, não tinha tempo disponível. Na casa da mãe, faltou até o essencial. E ela faleceu sozinha.

O tempo passou. Hoje esse mesmo amigo, outrora um profissional disputado, está desempregado. Foi obrigado a se instalar com a família na casa dos sogros, onde é atormentado diariamente. A filha cresceu e saiu de casa. Quer seguir seu próprio rumo!

Meu amigo não tem renda, nem bens. Está quase se divorciando. Ficou fora do mercado de trabalho. O que vai acontecer? A filha cuidará dele? Tenho dúvidas, porque ele não a ensinou com seu próprio exemplo.

Pode parecer piegas. Mas acho que a vida é um eterno ciclo afetivo. Em uma época, todos nós somos filhos. Em outra, nos tornamos pais. É nossa vez de cuidar de quem cuidou de nós.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Deus é Pai



Quando o sol ainda não havia cessado seu brilho,
Quando a tarde engolia aos poucos
As cores do dia e despejava sobre a terra
Os primeiros retalhos de sombra
Eu vi que Deus veio assentar-se
Perto do fogão de lenha da minha casa
Chegou sem alarde, retirou o chapéu da cabeça
E buscou um copo de água no pote de barro
Que ficava num lugar de sombra constante.
Ele tinha feições de homem feliz, realizado
Parecia imerso na alegria que é própria
De quem cumpriu a sina do dia e que agora
Recolhe a alegria cotidiana que lhe cabe.
Eu o olhava e pensava:
Como é bom ter Deus dentro de casa!
Como é bom viver essa hora da vida
Em que tenho direito de ter um Deus só pra mim.
Cair nos seus braços, bagunçar-lhe os cabelos,
Puxar a caneta do seu bolso
E pedir que ele desenhasse um relógio
Bem bonito no meu braço
Mas aquele homem não era Deus,
Aquele homem era meu pai
E foi assim que eu descobri
Que meu pai com o seu jeito finito de ser Deus
Revela-me Deus com seu jeito infinito de ser homem.


Palavra de fé: “Aquele que educa o filho torna o seu inimigo invejoso, e entre seus amigos será honrado por causa dele”. (Eclesiástico 30,3)

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Com a Bíblia nas mãos... conte essa história aos seus filhos

Jesus aprendeu a ser obediente

É fácil obedecer? O normal é responder não! Todos nós sabemos o quanto é difícil educar e obedecer, pois envolve uma série de detalhes emocionais na relação pais e filhos ao longo da criação e formação da criança, e o desgaste do dia-a-dia.

Saibam que até mesmo Jesus teve que aprender a ser obediente. Da mesma maneira todas as crianças devem ser obedientes ao papai e a mamãe. Leia, reflita e comente com o seu filho: “Hebreus 6,1”.

Precisamos ensinar aos nossos filhos que Deus é o pai de Jesus e nosso também, o próprio Cristo ensinou na oração: “Mateus 6, 9-10”.

José, exemplo e modelo de pai, foi escolhido por Deus para ser o pai adotivo de Jesus e esposo de Maria, a mãe biológica. Eis como Maria se tornou mãe de Jesus: “Lucas 1, 30-35”. Com o “sim” de Maria, Deus transferiu a vida do seu filho, do céu para o ventre de Maria. Essa vida cresceu dentro dele assim como todos os bebês crescem na barriga da mãe. Cerca de nove meses mais tarde, Jesus nasceu. Nesse meio tempo, José casou com Maria e por isso, a maioria das pessoas daquele tempo, achava que José era o pai verdadeiro de Jesus. Assim, de certa maneira, Jesus tinha dois pais. Aos doze anos de idade, Jesus fez uma coisa por amor ao Pai celestial, Deus.

Naquela época, a família de Jesus, como de costume, fez uma longa viagem a Jerusalém para comemorar a Páscoa. Depois, ao voltarem para casa em Nazaré, junto com o grupo de famílias que os acompanhava, José e Maria não perceberam que Jesus não estava entre eles. Leia e explique: “Lucas 2, 44-47”.

Ao encontrá-lo, exclamaram aliviados: “Por que nos tratar deste modo? Eu e teu pai estávamos preocupados!”.

Após o desabafo de sua mãe: “Lucas 2,49”, o que você acha desta resposta de Jesus? Bem, José e Maria sabiam da sua missão e de que Ele, o Menino Jesus, gostava de adorar a Deus no templo. Assim, concluímos que seria no templo, em primeiro lugar, que os pais deveriam procurar Jesus.

Depois do reencontro diz a Bíblia: “Lucas 2, 51-52”. O que aprendemos do exemplo de Jesus é que, nós também, devemos ser obedientes aos nossos pais.

Mesmo assim, nem sempre foi fácil para Jesus ser obediente até mesmo a seu Pai celestial.

Na noite, antes de morrer, Jesus perguntou a Deus: “Lucas 22,42”.

Mas, contudo, Jesus obedeceu ao Pai apesar de não ter sido fácil.

A Bíblia confirma, leia e partilhe: “Hebreus 5,8”.

Será que podemos aprender essa lição?


Palavra de fé: “Aquele que dá ensinamentos a seu filho será louvado por causa dele, e nele mesmo se gloriará entre seus amigos”. (Eclesiástico 30,2)

Sacramento da aliança: o matrimônio

A revelação progressiva do mistério da aliança faz-se, quanto ao essencial ao termos de “família”: “Oseias 11,4”. E ainda: “Isaias 49,15”. E completando: “Oseias 2, 21-22”.

O matrimônio é uma manifestação privilegiada da fidelidade de Deus e da aliança que ele nos propõe.

Para fazer compreender o amor que tem por seu povo, Deus o comparou ao amor dos noivos, dos esposos. Para abrir os olhos sobre o mal que é o pecado, falou de adultério e de prostituição.

É muito significativo que para nós cristãos, o matrimônio tenha passado a ser sacramento, sinal autêntico desse amor e especialmente do amor de Cristo por sua esposa, a Igreja.

Por isso mesmo. Havendo tal relação entre o matrimônio humano e o vínculo que Deus quis firmar com seu povo, compreende-se como a união conjugal assume uma dimensão nova.

O matrimônio vivido no Espírito de Deus, que é o amor, é uma maneira de viver um “estado de vida” que nos introduz no conhecimento desse amor.

Não só é revelação da Boa Nova, da aliança de Deus conosco, mas deixa-nos adivinhar alguma coisa do mistério do próprio Deus: amor, relações, plenitude realizada no dom das pessoas entre si. Se você conhece o dom de Deus!

Podem dizê-lo os esposos que cada dia irradiam na fidelidade a graça do sacramento do matrimônio.

Podem dizê-lo os pais que fazem com os filhos a experiência da paciência e fidelidade: “Romanos 5,5”.

O matrimônio, a família... manifestação privilegiada do mistério de Deus. É que Deus é família e nos convida a compartilhar sua vida fazendo de nós seus filhos e suas filhas em Jesus Cristo: “Romanos 8, 14-17”.

Deus quer, sobretudo, um mundo cheio de amor. A família é o principal lugar de amor.


“A vida humana se torne cada vez mais humana”. (Concílio Vaticano II, GS 38/316)

“O maior mal de hoje é sentir-se indesejado, descuidado e abandonado”. (Madre Tereza de Calcutá)



Palavra de fé: “Não sejas como um leão em tua casa, prejudicando os teus domésticos e tiranizando os que te são submissos. Que tua mão não seja aberta para receber, e fechada para dar”. (Eclesiástico 4, 35-36)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Você sabia?

- O ano de 476 marca o fim do Império Romano com a deposição de Rômulo. Por essa mesma época tem início a Idade Média.

- A oração do Rosário surgiu aproximadamente no ano 800, rezada nos mosteiros.

- Em 525 o Budismo, misturado ao taoísmo, alcança uma grande popularidade na China.

- Antigamente a missão não possuía este nome. Era chamado de “Fração do Pão”, “Ceia do Senhor” ou “Eucaristia”.

- Nasce Maomé (Muhammad) em 570. Morre em 632 aos 32 anos.

- Jerusalém é conquistada por tropas muçulmanas em 637.

- Na Idade Média as representações dramáticas da Paixão de Cristo eram realizadas em Mosteiros e ao ar livre para ensinar as pessoas que não sabiam ler.

- “Via Sacra” vem do latim e significa “Caminho sagrado”. Designa uma devoção criada no século XV ou XVI.

- Em 800, Carlos Magno é coroado pelo Papa Leão III em Roma como Imperador do Sacro Império Romano.

- O texto mais antigo do Novo Testamento é um fragmento do evangelho de João escrito em caracteres gregos sobre papiro e levando à prática do bem.

- Jesus nunca escreveu nem mandou que os outros escrevessem seus ensinamentos. Suas palavras, pregadas pelos discípulos, foram escritas anos depois na forma dos quatro evangelhos.

- Jerusalém é uma cidade Santa para três grandes religiões monoteístas do mundo: judaísmo, cristianismo e islamismo.

- Em 1054 acontece o cisma (dissidência religiosa) no seio da Igreja Cristã entre o Oriente e o Ocidente.

- O papa Gregório VII é eleito em 1073.

Mês de Agosto – Dedicados aos Pais


PAPAI



O que foi que aprendi com meu pai a respeito de Deus? Desse aprendizado, o que poderá ser útil para mim agora?

Não foi muito o que aprendo diretamente, pois papai descendia de uma família que não acreditava em Deus e ele não costumava ir a igreja, pelo menos por iniciativa própria, mas apenas para agradar mamãe. Durante muitos anos se recusou a comparecer, alegando que não queria passar por hipócrita, e foi duto ele finalmente ceder, embora praguejando.

Era, aliás, seu único defeito. Não bebia e jamais foi infiel com sua mulher. Nunca foi desleal com ninguém, embora tivesse sido enganado muitas vezes porque era muito crédulo.

Espirituoso, jovial, habilidoso, imaginativo, era um homenzinho alegre que adorava sua família. Trabalhava duro para ela sem lamentar-se e esvaziava os bolsos para satisfazê-la sem esperar agradecimentos.

Apesar de seu perene bom humor, sentava-se às vezes com uma expressão de perplexidade, quase infeliz, como se estivesse contemplando as ruínas de seus inúmeros sonhos tão brilhantes e realmente tão justos.

Este meu querido pai, tão alegre... Recordando-o, encontro nele mais indícios de Deus do que jamais imaginei. Não era uma pessoa difícil, distante. Nunca alegou estar muito ocupado, sem tempo para escutar-nos. Embora às vezes ficasse zangado, esbravejasse, mostrando-se inflexível e parecendo injusto, sabíamos que ele não era nada disso. Perdoava rapidamente e era incapaz de guardar rancor.

Amava sua família, preocupava-se com ela e tinha orgulho de nós. Jamais deixou de atender a cada um de nós, nem uma única vez. O que mais se pode esperar de um pai? E se esta é a natureza de um bom pai terrestre, por que o pai de todos nós não deve ser também tão fácil de ser conhecido e amado? (Já faz tempo que eles desapareceram Senhor, tanto mamãe como papai. Não posso mais chegar junto deles e dizer: “Ajudem-me, estou tentando encontrar Deus”. Agora, porém, que suas vidas se extinguiram e a minha está tão avançada, talvez eu possa ouvir deles uma resposta mais clara do que se estivessem falando pessoalmente comigo. Tudo o que eles foram reafirma vossa presença, Senhor e vossa realidade).

Pais. Bons pais ou mesmo maus. Eles são a fonte do ser. Além deles, está a fonte de todas as demais. Siga esta linha e concluirá que não há outra força nem outra fonte que não seja Deus.

Quero ser uma boa mãe para meus filhos e despertar-lhes a atenção para as maravilhas de um Criador amoroso, mas mesmo que eu fracasse o simples fato de eu viver e criá-los comprova que sou ainda o cordão vital de um mistério tão maravilhoso que nos deixa estupefatos. Estar vivo e ser capaz de pensar a respeito disso constituem certamente uma prova da realidade de Deus.




Palavra de fé: “O pai morre, é como se não morresse, pois deixa depois de si um seu semelhante”. (Eclesiástico 30,4)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Você sabia?

- No ano 1000 a.C, Davi torna-se rei de Israel, com Jerusalém como Capital?

- Estima-se que a população mundial no ano 1000 a.C fosse por volta de setenta milhões.

- Roma foi fundada no ano 1753 a.C.

- Em 586 a.C, Nabucodonosor invade Jerusalém; os israelitas são levados a cativeiro da Babilônia, da qual retornam em 539 a.C.

- Em 509 a.C começou a peregrinação de Sidarta Gutama (Buda).

- Por volta de 210 a.C teve início a constrição da grande Muralha da China.

- A Bíblia não foi escrita por uma só pessoa, mas sim, por diversos autores como os profetas, os apóstolos, os evangelistas, todos inspirados por Deus (2 Timoteo 3,16).

- Jesus é batizado em 27 d.C (depois de Cristo). Depois de três dias é crucificado.

- 70 d.C marca o início da diáspora (dispersão, fuga) judaica após a destruição do Templo de Jerusalém. Surge o primeiro evangelho atribuído à comunidade de São Mateus.

- O cristianismo tem o maior impulso em 98 d.C.

- A população mundial atinge os cento e oitenta milhões em 100 d.C.

- O Pai Nosso é a oração que Jesus ensinou. A Ave-Maria foi ensinada pelo anjo Gabriel e pelo Espírito Santo, pela boca de Isabel.

- Em 313 o imperador Constantino se converteu ao Cristianismo e concedeu liberdade de culto, o que facilitou a expansão da doutrina cristã por todo o império.

- O “Edito de Milão”, legaliza em 313 o cristianismo no Império Romano.

- Em 326, Constantino imperador declara o domingo como dia sagrado para os cristãos.

Os ajustes no casamento

Casar sem se ajustar é o mesmo que comprar uma casa pronta e não fazer nenhum reparo. Mais cedo ou mais tarde descobrirão que o cômodo, não é necessariamente o melhor. O carpinteiro que colocou a porta principal da nova casa teve que fazer muitos ajustes até que a porta funcionasse. Mexeu no batente, na porta, nos gonzos e na fechadura. Depois veio o pintor. Os dois levaram quase três dias para ajustar uma porta pré fabricada. É que ela estava preparada, mas não estava pronta.

A ternura é a porta principal do casamento. Por ela entrará a felicidade dos dois e também muita coisa perniciosa. Dependerá do tipo de chave, de trave de segurança e do cuidado que terão com aquela porta. Quando alguém é cioso do que tem não deixa a porta escancarada. Mas para que a porta funcione os dois precisarão fazer ajustes.

Nada mais errado do que um casamento onde um, em nome do seu trabalho ou de sua profissão, ou do projeto que fez para ambos exige que o outro engula tudo. Afinal, dizem, ele (ou ela) está cuidando da felicidade do casal! É o seu ponto de vista, mas não é o dos dois. Quem casa quer amar e ser amado e isso exige gentilezas, atenção, cuidados, proximidade, presença, intimidade e momentos quase sagrados e só deles. E não pode ser nem pouco nem de qualquer jeito. Os ajustes do casamento são fundamentais para que os dois possam viver bem e segurar aquela relação.

Nossa sociedade supervalorizou o indivíduo em detrimento da comunidade. Mas é de comunidade que se trata quando alguém se casa. Quem quer que o outro se adapte, mas não faz nenhum esforço para que a pessoa com quem se casou se sinta bem, prometeu e não cumpriu sua parte do trato. A ternura é fundamental. Se não funcionar vai haver conflitos.




Palavra de fé
: “Meu bem amado é para mim e eu para ele; ele apascenta entre os lírios”. (Cânticos dos Cânticos 2,16)

Em busca do Cálice Sagrado: Santo Graal

Ao longo da história, inúmeras lendas descrevem a eterna busca do ser humano por um objeto mágico e misterioso, capaz de curar as feridas do corpo e do coração, prolongar a existência e, ao fim, trazer algum tipo de resposta sobre o sentido e o significado da vida. Poucas, porém, têm a força da lenda do Santo Graal, o misterioso cálice em que Jesus Cristo bebeu vinho na última ceia ou que, em outra versão, foi usado para recolher seu sangue na cruz.

A saga medieval da procura da taça é, na verdade, uma metáfora sobre a viagem espiritual que todo ser humano empreende ao decidir trilhar o caminho em direção ao autoconhecimento em busca de felicidade e realização pessoal. Em um tempo de incertezas como este que vivemos, o Graal guarda lições inspiradoras.

Cavaleiros e peregrinos
A lenda, de origem incerta, é na verdade um amálgama que une passagens da Bíblia, rituais judaicos, mitos gregos e celtas e símbolos pagãos muito mais antigos do que o cristianismo. “Apesar da referência à ceia e à crucificação de Jesus, não há citação ou referência ao cálice em nenhum dos Evangelhos do Novo Testamento, os textos que descrevem a trajetória do mestre”, afirma Tereza Cavalcanti, professora de introdução à escritura sagrada da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ). “Esse objeto é fruto da imaginação popular, que ao longo do tempo foi incorporando fatos e situações ao que está realmente nos textos sagrados.”

A possibilidade da existência desse artefato sagrado incendiou corações e mentes na Idade Média, quando a lenda integrou-se aos romances de cavalaria, que se popularizaram por volta do século 12. A aventura da busca pelo Graal incorporou, então, ideais como coragem, altruísmo e espírito heróico, atributos dos cavaleiros medievais. Esses intrépidos personagens renunciavam a suas famílias e posses para sair pelo mundo em longas e perigosas jornadas, combatendo dragões, salvando donzelas e também seguindo o rastro do misterioso cálice do salvador.

Nessa época, a busca do Graal colocava sob um enfoque romântico, aventureiro e cavalheiresco outro tipo de jornada espiritual, que se tornou hábito na época: a peregrinação. Os devotos enfrentavam todo tipo de provação viajando a terras distantes para venerar relíquias sagradas – fragmentos de ossos, pedaços de túnicas ou qualquer outro objeto pretensamente atribuído a Jesus, Maria ou aos santos católicos. “Tanto a peregrinação como a busca do Graal são, ao mesmo tempo, viagens externas e experiências internas. Um peregrino e um cavaleiro deixam para trás suas vidas cotidianas e partem em busca de algo que lhes falta sem necessariamente saber o quê”, explica a psicanalista americana Jean Shinoda Bolen, da Universidade de São Francisco, no livro O Caminho de Avalon – Os Mistérios Femininos e a Busca do Santo Graal (ed. Rosa dos Tempos).
Citações ao Graal aparecem em quase todas as muitas versões da mais famosa dessas sagas, a do Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda. Outra conhecida lenda dizia que ele está escondido no castelo do Rei Pescador, que, dono de uma ferida incurável, é soberano de um reino triste e decadente, arrasado pela fome e pelo sofrimento. Segundo a história, o rei só será curado e suas terras recuperarão o antigo esplendor quando um cavaleiro de espírito puro e ideais elevados encontrar o castelo – e, nele, o cálice. A lenda – que inspirou o filme O Pescador de Ilusões, dirigido pelo inglês Terry Gillian, – transpõe a saga para a Nova Iork dos anos 90 – é, na verdade, uma metáfora sobre o autoconhecimento.

“Em um mundo marcado pela agressividade e competição como o de hoje, a busca simbólica do cálice sagrado continua atual”, afirma Denise Gimenez Ramos, psicóloga e professora de ciências da religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). “Ela representa a necessidade e a inspiração para retomarmos valores considerados femininos, como amor, sensibilidade, fraternidade, compaixão e delicadeza, os mesmos que foram defendidos por Jesus Cristo.”




Palavra de fé: “Afastou-se pela segunda vez e orou dizendo: “Meu Pai, se não é possível que este cálice passe sem que eu o beba, faça-se a tua vontade”. (Mateus 26,42)

A arte de ser avó

Dia 26/07: Dia dos Avós

Um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços uma criança.

Completamente grátis - nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida.

No entanto - no entanto! - nem tudo são flores no caminho da avó.

Há, acima de tudo, o entrave maior, a grande rival: a mãe. Não importa que ela, em si, seja sua filha. Não deixa por isso de ser a mãe. Não importa que ela, hipocritamente, ensine o menino a lhe dar beijos e a lhe chamar de "vovozinha", e lhe conte que de noite, às vezes, ele de repente acorda e pergunta por você. São lisonjas, nada mais.

Rigorosamente, nas suas posições respectivas, a mãe e a avó representam, em relação ao neto, papéis muito semelhantes ao da esposa e da amante dos triângulos conjugais. A mãe tem todas as vantagens da domesticidade e da presença constante. Dorme com ele, dá-lhe de comer, dá-lhe banho, veste-o.

Embala-o de noite. Contra si tem a fadiga da rotina, a obrigação de educar e o ônus de castigar.

Já a avó, não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do imprevisto. Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas não programadas. Leva a passear, "não ralha nunca". Deixa lambuzar de pirulitos. Não tem a menor pretensão pedagógica.

Até as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto: o bibelô de estimação que se quebrou porque ele - involuntariamente! - bateu com a bola nele.

Está quebrado e remendado, mas enriquecido com preciosas recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beiço pronto para o choro; e depois o sorriso malandro e aliviado porque "ninguém" se zangou, o culpado foi a bola mesma, não foi, Vó?

Era um simples boneco que custou caro.

Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague!




Palavra de fé:
“Quão bela é a sabedoria nas pessoas de idade avançada, e a inteligência com a prudência nas pessoas honradas!” (Eclesiástico 25,7)