A criança na sua
infância é eminentemente reativa. Reage aos estímulos que recebe. Se o estímulo
é considerado por ela como bom, ela se deleita; se, ao contrário, percebe como
desagradável sua reação será de repulsa e afastamento. As memórias que ficam
nela são aquelas que passarem por suas emoções, pois não tem ainda capacidade
para avaliar os fatos e experiências em nível nacional. É nos primeiro anos,
que a criança vai aprendendo a distinguir-se dos objetos e percebendo-se diferente,
vai formando um conceito de si. Podemos dizer que ela vai desenhando a pessoa
adulta que será. Sua identidade pessoal se assentará sobre o conceito de si.
Um fator
determinante nesse processo será aquele ligado a sai experiência
afetiva/emocional. Desenvolver um conceito de si está ligado a sai capacidade
de percepção e leitura que faz afetivamente do ambiente que a cerca. Significa
dizer em outras palavras, que é neste início da vida, que a criança está
delineando seu futuro enquanto pessoa humana. Nem sempre os pais estão atentos
e conscientes da importância desse momento e daquilo que representam enquanto
referenciais para seus filhos. Pois eles, pela proximidade e intimidade que
gozam junto a eles, são os primeiros modelos onde a criança se espelha para
imaginar e desejar como quer ser. Embora não se possa dizer que os primeiros
anos determinem tudo aquilo que a pessoa será no futuro, contudo a experiência
tem demonstrado que também não se pode menosprezar os primeiros anos como se
eles fossem somenos importância para o desenvolvimento sadio da criança.
Há muito adulto
buscando gratificações infantis na tentativa de recuperar o que não teve e se
desajusta em relação ao presente porque não consegue vivê-lo como parte
integrada consigo mesmo, porque não elaborou dentro dele um conceito de si
adequado para o adulto que deveria ser. Descontente com o que é regride em suas
atitudes à infância mal vivida e se perde no emaranhado dos anos sem saber
distinguir o que é próprio da criança e o que pertence ao adulto. Assim perdido
em sua ipseidade vive inconscientemente buscando o que não viveu ou viveu de
modo desfavorável. Neurótico nas relações com os outros, confuso consigo mesmo,
vive a vida com desprazer, como um fardo a ser carregado a duras penas enquanto
a morte não chegar.
Se o acima dito
faz sentido, então é hora de rever sua vida onde ela se fixou, para viver
melhor os dias que ainda lhe restam. Ninguém está determinado pelo destino, mas
se não levarmos em conta o que fizemos de nossa infância, corremos o risco de
nunca sair dela, mesmo com voz grossa e corpo de atleta!
Padre Deolino Pedro Baldissera, SDS – psicólogo e
professor.
Palavra de fé: “Jesus
crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens” (Lucas
2,52)