quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Espiritualidade do Cristão





A espiritualidade de leigos e leigas é, antes de tudo, o “caminhas com Jesus” nas estradas da vida, no vigor do Espírito Santo rumo ao Pai, construindo o seu reino, o paraíso. Os discípulos e as discípulas de hoje são como os discípulos de Emaús: pessoas que caminham desalentadas, mas que ao encontrarem um desconhecido que as acompanha, faz arder-lhes o coração enquanto lhes fala da Palavra de Deus e da missão de Jesus Cristo, pedindo que permaneça com eles; finalmente o reconhecem no gesto de partir o pão: “Lucas 24,29-33”, leia e medite. Depois deste reconhecimento, voltam para anunciar aos outros: “Aquele que morreu ressuscitou... está vivo!”.

Hoje, como naquele tempo, as pessoas que se sentem chamadas ao seguimento de Jesus, entram na caminhada para experimentar sua presença e permanecer unidas a Ele, aos seis ensinamentos e ao seu amor: “João 15,1-15”, este é um verdadeiro poema de amor por nós. Daí, partir determinado para anunciá-lo ao mundo. O Espírito Santo ensina-nos como segui-lo e desperte em nós uma espiritualidade mais integrada em todas as dimensões humanas: união comunitária, afetividade, emoção, racionalidade, criatividade e sociabilidade.

Os discípulos de Emaús caminharam com Jesus, experimentaram sua presença, aprenderam o sentido da cruz e regressaram à comunidade animados e encorajados. Encontro com Jesus é a experiência do mistério que nos envolve e aquece os corações, que seduz e encanta as pessoas, proporcionando um novo sentido às nossas vidas. O amor e o encantamento por Jesus leva-nos a viver a compaixão, a solidariedade e a fazer partilha fraterna entre os irmãos.

Entre os elementos da espiritualidade que todo cristão deve assumir destaca-se a oração, que lhe permitirá reconhecer a Deus em cada instante e em todas as coisas; de contemplá-lo em cada pessoa, de procurar cumprir a sua vontade.

A espiritualidade não afasta da vida cotidiana. Leigos e leigas devem buscar a santidade dentro de suas próprias condições de vida. É o que ensina o Concílio Vaticano II: “Todos os fiéis santificar-se-ão dia a dia, sempre mais, nas diversas condições de sua vida, nas suas ocupações e circunstâncias, e precisamente através de todas essas coisas, desde que as recebam com fé das mãos do Pai celeste, e cooperem com a vontade divina, manifestando a todos, no próprio serviço temporal, a caridade com que Deus amou o mundo”.

A convivência familiar e o primeiro espaço para viver essa espiritualidade, numa atitude de abertura ao Pai e aos irmãos. A experiência da família nesta espiritualidade será diferente e possibilitará um diálogo e participação de todos os membros, criando um clima mais amoroso e afetuoso.

A espiritualidade no seguimento de Jesus, vivificada gestos concretos de caridade e fidelidade, impressiona e inspira a vida e a prática de muitos cristãos e cristãs.



Palavra de fé: “Meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador”. (Lucas 1,47)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Misericórdia




O que nos ensina o dicionário sobre “misericórdia”:
- pena (dó) causada pela miséria (infelicidade) alheia;
- comiseração (compaixão);
- graça ou perdão;
- apelo de quem pede compaixão ou socorro.

E misericordioso?
- que usa de misericórdia;
- compassivo, piedoso;
- aquele que tem misericórdia.

O que aprendemos na Bíblia: Manifestação do amor de Deus em geral, mas especialmente quando leva em consideração a fraqueza humana. Os santos da antiguidade, muitas vezes a proclamaram. Leiam: “Neemias 9,17”; e também: “Sabedoria 15,1”. A história de Israel é a prova da misericórdia de Deus, grave em sua mente: “Neemias 9,27-31”. A encarnação, a redenção e a vocação de todos os povos à glória eterna são suas maiores manifestações, confira: “Efésios 2,4”; “Romanos 11,30-32”; “1 Pedro 1,3”. A misericórdia de Deus é infinita, vejam em: “Eclesiástico 2,23” e, ainda: “Eclesiástico 18,12-13”. O bom e o pecador são objetos da misericórdia de Deus, eis: “Lucas 1,50”. Jesus era a personificação da misericórdia em especial com os abandonados e arrependidos: “Mateus 9,36”; “Lucas 4,18-19”; ainda “Lucas 4,40”. Vejam também nas belas parábolas: “A ovelha perdida”, “O filho pródigo” e a “Bom Samaritano”, respectivamente: “Lucas 15,1-7”; “Lucas 15,11-32” e “Lucas 10,25-37”, Para os verdadeiros filhos de Deus, a misericórdia é um dever, assim nos fala o profeta: “Miquéias 6,8” e conclui São Paulo: “Efésios 4,32”. O amor de Deus não pode estar num coração sem misericórdia: “1 João 3,17”. As obras da misericórdia chamam as bênçãos de Deus, atentem: “Isaias 58,7-11”; mais “Mateus 5,7”. Deus, que tudo pode, é também aquele que ama e que perdoa.


Palavra de fé: “O Senhor é bom para com todos, e sua misericórdia se estende a todas as suas obras”. (Salmo 144/145,9)

Por que nós, católicos, batizamos crianças?



Meu tio que é evangélico me fez esta pergunta e eu respondi da seguinte maneira: “Acho que é um bonito costume esperar uma pessoa amadurecer e, só depois de madura, levá-lo a comprometer-se com Jesus, como fazem vocês. Mas também não acho errado, e até vejo como sinal de uma grande confiança de Deus, o costume que temos de batizar uma criança, introduzindo-a desde pequena na Igreja”.

Esses dias um casal de nossa Comunidade tocou neste assunto. Eles também achavam que não se deviam batizar crianças. Gostei da resposta do Padre. Disse ele:

“Primeiro – Jesus foi circuncidado quando criança e imagino que só não foi batizado porque no seu tempo de criança não havia batismo; apenas circuncisão. Segundo – apontar o fato de que Jesus se batizou adulto não é válido, pois foi só no seu tempo de adulto que se começou a administrar o batismo, primeiro através de João e depois através dos discípulos do próprio Jesus. Terceiro – temos um sacramento chamado confirmação. Ora, na idade da opção, o jovem ou adulto pode servir-se dessa opção. A Igreja, portanto, dá ao cristão a oportunidade de aprofundar ou renovar os sacramentos que recebeu na infância”.

Para mim faz sentido e acho que é válido continuar batizando crianças. Além disso, trata-se de um costume histórico que tem sua razão de ser. Não vejo razão para privar nossas crianças deste sacramento fundamental para a Igreja. Se Jesus foi apresentado ao templo e circuncidado quando criança, por que negar a nossas crianças o Batismo? Além disso, Jesus nunca disse que os apóstolos batizaram só adultos. Não está em nenhum lugar da Bíblia que ele tenha dito tal coisa. Acho que aquele que disse: “Deixai vir a mim as criancinhas”, não iria objetar este costume. Ou iria?


Pe Zezinho, SCJ, do livro: Rebeldes e Inquietos.


Palavra de fé: “Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova”. (Romanos 6,4)

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Definição de filho por José Saramago



“Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem.
Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.
Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo”.

Nota: José Saramago, escritor português, prêmio Nobel de Literatura (o primeiro de língua portuguesa), já falecido, declarava-se “ateu”.

Palavra de fé: “Tens filho? Educa-os, e curva-os à obediência desde a infância”. (Eclesiástico 7,25)


O Matrimônio no Antigo Testamento




Os judeus honraram o vínculo do matrimônio por ter sido instituído por Deus: “Gênese 2,23-24”, e porque estava contido nos Mandamentos: “Êxodo 20,14.17”, e na Lei: “Levítico 20,10”. No entanto, o matrimônio, na antiga Lei, não era sacramento e não há no Antigo Testamento menção de alguma cerimônia religiosa em conexão com ele.

Nos tempos primitivos parece ter sido a cerimônia de casamento pouco mais de que um compromisso de palavra, um contrato oral, exemplo: “Gênese 24,63-67”.

Com o decorrer dos tempos, foi dada maior importância ao ato de levar a noiva para a casa do noivo e à festa das bodas, que parece ter adquirido um caráter ritual. Vejam em: “Juízes 14,1-20”; e também: “Macabeus 18,1-30”, mas devia um irmãos tomar a esposa de seu irmão falecido caso este tivesse morrido sem deixar descendência para que o primeiro filho dela nascido levasse o nome do defunto: “Deuteronômio 25,5-10”. Caso não restasse irmão vivo, o parente mais próximo devia tornar a responsabilidade de: “Rute 3,12; 4,4-10”. É a Lei de “levirato”, cuja execução se tornava mais fácil e mesmo possível por ser permitida a poligamia desde os tempos patriarcas: “Gênese 4,19; 16,3; 26,34; 28,9; 30,3-5”; e na Lei Mosaica, vejam: “Êxodo 21,9-10”, embora não fosse encorajada, exemplo: “Levítico 18,18” e “Deuteronômio 17,17”. Os nobres e especialmente os reis tinham muitas mulheres e concubinas: “2 Samuel 3,2-5”; “1 Reis 11,3”, apesar das prescrições contrárias das leis.

Muitos dos grandes patriarcas só se casaram uma vez (Adão, Noé, Isaac), e as constantes referências dos profetas aos casamentos como sendo símbolo da união entre Deus e o seu povo deveria lembrar os judeus o ideal da unidade no matrimônio. O divórcio era permitido em certas circunstâncias: “Deuteronômio 24,1”, mediante a apresentação de “carta de divórcio” ou de “repúdio”: “Isaias 50,1” e “Jeremias 3,8”.


Palavra de fé: “Guarde-se também o rei de multiplicar suas mulheres, para que não suceda que seu coração se desvie (de Deus). Tampouco ajuntará ele grande quantidade da prata e ouro”. (Deuteronômio 17,17)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Câncer na 3ª idade requer atenção especial



A forma mais adequada de tratar uma pessoa com câncer na terceira idade é conduzir o tratamento juntamente com os cuidados dos outros aspectos da saúde do paciente.

Estima-se que 70% dos casos de câncer ocorram durante a terceira idade. Há uma razão para o câncer ser uma doença do idoso. As células do organismo se dividem a todo instante e, durante esse processo, é comum acontecerem alterações no material genético. Normalmente, o sistema imunológico identifica esses erros e os corrige ou mesmo elimina essas células. No entanto, com o passar dos anos, a probabilidade de que uma dessas alterações genéticas deixe de ser corrigida aumenta. Um acúmulo dessas alterações, dia após dia, predispõe ao aparecimento do câncer. Essas células cancerosas passam, por sua vez, a se dividir excessiva e desordenamente, podendo comprometer totalmente a saúde. Sabe-se também que o estilo de vida – sedentarismo, obesidade, tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoolicas – pode contribuir para o aparecimento do câncer.

Muitas pessoas acreditam que a genética tem um peso importante na doença. Uma proporção mínima da população tem, de fato, maior risco de desenvolver um tumor por esse motivo. Nesses casos, o câncer ocorre com maior frequência em pacientes jovens. Mas não é bem assim quando se trata do câncer geriátrico.

Os tratamentos do câncer passam por cirurgia, quimioterapia, hormonoterapia, radioterapia e medicamentos imunobiológicos, chamados de terapias alvo-dirigidas. Mas tratar uma pessoa com 70 anos não é como tratar alguém com 40. Isso porque, muitas vezes, o paciente com uma idade mais avançada não tem apenas uma doença. Ele costuma ter vários problemas, comuns nessa etapa da vida, e, em geral, faz uso de uma série de medicamentos. E é justamente esse o grande desafio: modular a melhor estratégia de tratamento. Por conta disso, o que os centros de ponta no mundo têm recomendado é uma abordagem que una, sempre que possível, o oncologista a uma equipe multiprofissional, com psicólogo, nutricionista e, principalmente, geriatra ou outro médico que cuide dos outros aspectos da saúde do paciente além do câncer. Essa visão da oncogeriatria, que une o conhecimento da oncologia com o da geriatria, é recente e oferece mais apoio ao paciente idoso para enfrentar e superar sua doença.

A adequação na seleção e administração dos medicamentos oncológicos, o acompanhamento apropriado das outras doenças paralelas e a atenção psicológica têm como único objetivo proporcionar o melhor tratamento disponível, com segurança. A meta não é apenas curar, mas também trazer bem-estar e, claro, qualidade de vida para todos, independentemente da idade.




Palavra de fé: “Ouvi-me, Senhor, e tende piedade de mim; Senhor, vinde em minha ajuda”. (Salmo 29/30,11)

DIA DO PADRE




O Senhor nos trata com a fina flor do trigo, e nos sacia com o mel da rocha!
Desde aquele dia em que Jesus passou à beira do mar da Galileia e chamou aqueles homens simples, e até rudes, para segui-lo (Mc 1,16-20), nasceu entre nós uma riqueza inestimável.

Ao ressoar a voz de Cristo largaram tudo e o seguiram, para que este movimento de amor e de entrega amorosa jamais cessasse no mundo. O chamado foi nobre e o seguimento não teve rodeios: foi imediato. Este chamado vai chegar ao seu ponto mais alto quando, naquela quinta-feira da Páscoa do Senhor, Ele insistiu o sacerdócio ministerial.

A missão apostólica dos primeiros discípulos estende-se até nós hoje, e irá continuar, pois ela é de instituição divida. O Senhor chama quem Ele quer e os prepara, em sua divina providência, para tão alta missão. O que orienta essa missão é o "vinde comigo". Jesus tem um trato pessoal com os primeiros apóstolos. E trata a cada sacerdote com o mesmo olhar misericordioso: "Jesus olhou para ele com amor' (Mc 10,21). Jesus realiza plenamente o que Ezequiel, profeta, nos diz com tanta grandeza: "Como o pastor toma conta do rebanho, de dia, quando se encontra no meio das ovelhas dispersas num dia de nuvens lugares em que forem dispersadas num dia de nuvens e escuridão" (Ez 34,12). Esse é o cuidado de Deus. Ele cuida de seu povo. Por isso, o sacerdócio não é fruto de um desejo humano, mas de Deus. Quem acolhe o chamado do Senhor se dispõe a servi-lo nos irmãos e irmãs. Carregado de suas limitações e fraquezas como ser humano, ele está aí assumindo esse chamado. Não esta brincando de trabalhar pelo Reino, mas entregando sua vida. Poderia, certamente, ter assumido tantas outras coisas na sociedade, mas não, preferiu ouvir o chamado do Senhor.

Por isso, ser sacerdote é estar disposto a dar a vida como o próprio Cristo. Em nosso mundo individualista, da busca incessante do ter, do possuir, da ganância há os que não entendem o sentido da oferta da própria vida. E por isso confundem a opção de vida com profissão, como qualquer outra.

No sacerdócio está presente o mistério de amor do Deus que por amor chama, e a resposta de amor de quem é chamado.

O mistério está em descobrir o segredo amoroso de Jesus: "Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi" (Jo 15,16), e assim tornam-se trabalhadores da vinha que é o Reino de Deus.

Dê sua palavra e sua prece de apoio ao sacerdote que está perto de você ou que você conhece. É fácil dizer o que o outro não fez, mas é difícil fazer o que o outro faz! Como cristãos somos todos responsáveis por esta herança inestimável de nossa fé.


Pe. Ferdinando Mancílio, C.Ss.R


Palavra de fé: “Enraizados e edificados Nele (Jesus Cristo), inabaláveis na fé em que fostes instruídos, com o coração a transbordar de gratidão!” (Colossenses 2,7)

domingo, 12 de agosto de 2012

Desafios ao Pai Herói




Herói ou não herói, o pai é sempre muito importante para o filho. Gerar biologicamente é só começar a ser pai. Há uma grandeza maior no modo de entrarmos para a vida. Nascemos uns aos outros, e nossa vida é entrelaçada para sobreviver, aprender e crescer em todos os sentidos. Neste contexto, o pai tem grandes tarefas. Existem culturas em que a figura do pai biológico é bastante partilhada com outros homens do grupo, especialmente avós e tios maternos. Assim, a necessidade que a criança tem do pai fica distribuída entre mais pessoas.

Que necessidades tem a criança? Começam naturalmente pelo básico da sobrevivência: alimentação, saúde, moradia e educação. Precisa de afeto e segurança para crescer psíquica e espiritualmente. Precisa também de uma espécie de modelo a ser atingido quando crescer. Em nossa cultura, essas necessidades estão basicamente concentradas na responsabilidade do pai e da mãe. Daí se falar em “pai herói”, “mãe heroína”.

Diante dessas exigências, muitos pais “dão o fora” da vida do filho, parcial ou totalmente. Não havendo pessoas que supram de algum modo essas necessidades, realmente o prejuízo para a criança é enorme. Por isso aos pais distanciados a ética pede e insiste no interesse por seus filhos. Qualquer época da vida é sempre tempo para curarem feridas e buscar aproximação.

O pai tem que ser perfeito? Obviamente não. Além disso, um pai “muito perfeito” pode acabar abafando a vida do filho. O principal na relação entre pai e filho não é a perfeição, mas o carinho, o bem querer. Com isso, os limites do pai são assimilados de uma forma bem mais construtiva. E o reconhecimento de erros se torna fonte de aprendizado. Nem o dinheiro, nem a fama, nem muitos presentes substituem essa tarefa primeira do pai herói.

Mas filho se desenvolve ganhando ao poucos sua autonomia. Essa deve ser a trajetória do seu crescimento. A tarefa dos pais é então educar os filhos para saberem escolher, tomar decisões e se guiarem na vida. Dosar autoridade com o aprendizado da autonomia não é uma tarefa fácil. Exige o esforço de entender as razões da criança e do adolescente; e a partir dali colocar outras razões para os limites.

Na medida em que vão ganhando a autonomia, chega a hora, nem sempre é fácil, de os pais incentivarem este vôo próprio dos filhos. Este é um lado. Mas o outro é curtir o sucesso dos filhos, onde os pais vêem coroado seu esforço. E no coração guardam aquele sentimento sagrado de terem sido “imagem e semelhança de Deus” para gerar no amor outro ser humano.


Pe Márcio Fabri dos Anjos, C.Ss.R


Palavra de fé: “Mas a vossos filhos, mesmo os dentes das serpentes venenosas não os puderam vencer, porque, sobrevindo a vossa misericórdia, curou-os”. (Sabedoria 16,10)

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Catequese e Evangelização: Desejo de Deus





1. Desejo de infinito. Criado à imagem e semelhança de Deus, o ser humano, mesmo depois da rebelião contra seu criador (pecado original), mantém em si esta riqueza ímpar da marca de Deus. E é por isso que ele tem, de modo inato, o desejo da felicidade total, do amor pleno, a fome e sede do infinito. É, aliás, esta força descomunal que há nele, que o leva, dia após dia, à ferrenha luta para sobreviver, superar todos os obstáculos e correr atrás de amostras de amor, de felicidade e, mais que isso, correr atrás da imortalidade. No mais profundo de seu ser existe, portanto, a fome e sede de Deus, o único a satisfazer-lhe plenamente todos os desejos.


2. Fome e sede de Deus. No Antigo Testamento, uma oração do Salmista expressa, de modo admirável, esta fome e sede de Deus, inscrita na profundeza do coração: “Salmo 41,2”. E acrescenta: “Salmo 41,3”.


3. Ama a Deus. A Sagrada escritura revela que o próprio Deus que, por puro amor e gratuidade, criou o homem e a mulher, deseja a amizade e o amor dos humanos. O famoso “Shemá Israel”, é uma descrição impressionante de como Deus quer cada pessoa amando-O em plenitude: “Deuteronômio 6,4-9”. E Deus recomenda uma série de atitudes para ajudar a pessoa a se prender existencialmente a este amor pleno a ele próprio, o Deus-amor. Jesus, o Filho de Deus, confirma, por sua vida, ensinamentos e gestos este mandamento e enriquece-o com o Mandamento Novo: “João 13,34-35”, que São João vai colocar como fundamental para amar a Deus: “1 João 4,20-21”.


4. A espiritualidade do Amor. Espiritualidade é viver, sob a moção do Espírito Santo, ao máximo possível o amor a Deus, sobre todas as coisas, e ao próximo como Jesus nos amou. Nesta espiritualidade estão inseparavelmente a fé, a esperança e a caridade. O amor é, afinal, o motor, a força propulsora de nossa vida de discípulos missionários de Jesus Cristo. E não há amor sem o desejo e nada de grande conseguimos fazer sem o desejo e o amor. Aqui está a raiz da santidade, isto é, viver em Deus e para Deus, para fazer sua santa vontade. E não há como ser santo sem desejar ser santo. É, enfim, os desejos da alma, a fome e sede de Deus e a vontade de fazer Sua santa vontade que mais nos aproximam d´Ele e nos impulsionam sempre mais para Ele, para a comunidade, para o serviço ao próximo, especialmente os pobres, à luta pela fraternidade, pela solidariedade, pela justiça e pela paz. Quem ama, nasceu de Deus e é de Deus!


Irmão Nery fsc, da Comunidade La Salle.


Palavra de fé: “Vós filhinhos, sois de Deus, e os vencestes, porque o que está em vós é maior do que aquele que está no mundo”. (1 João 4,4)



Cântico de um ancião



Abençoados aqueles que me olham com simpatia.
Abençoados aqueles que compreendem o meu andar cansado.
Abençoados aqueles que falam em voz alta para minimizar minha surdez.
Abençoados aqueles que apertam com calor minhas mãos trêmulas.
Abençoados aqueles que se interessam pela minha longinqua juventude!
Abençoados aqueles que não se cansam de ouvir minhas conversas tantas vezes repetidas.
Abençoados aqueles que compreendem minha necessidade de afeto.
Abençoados aqueles que me presenteiam com fragmentos do seu tempo.
Abençoados aqueles que se lembram da minha solidão
Abençoados aqueles que estão perto de mim no meu sofrimento.
Abençoados aqueles que alegram os últimos dias da minha vida!
Bem-aventurados aqueles que estarão perto de mim na hora da minha passagem à Casa do Pai, lá me recordarei deles junto ao Senhor Jesus!


Palavra de fé: “Dá ouvidos a teu pai, àquele que te gerou e não desprezes tua mãe quando envelhecer”. (Provérbios 23,22)