Muito se fala em depressão pós-parto, doença que atinge de
10 a 20%
das mulheres. Mudanças hormonais, estresse, medo, preocupação e mudanças no
ambiente, além de fatores socioeconômicos, podem estar relacionados à sua
causa, que certamente não é única.
Segundo a psicóloga Cynthia Boscovich, "na nossa
sociedade, qualquer tristeza, sofrimento ou angústia corre o risco de ser
caracterizado pelo senso comum como depressão. Mas esse nem sempre é o caso,
pois o diagnóstico de depressão depende de uma série de avaliações, senão
corremos o risco de psicologizar qualquer problema".
A tristeza materna, também conhecida como "Baby
Blues", é muito comum e atinge grande parte das mulheres que acabaram de
dar à luz. Seus sintomas são semelhantes aos da depressão, porém menos graves e
de intensidade menor, não impedindo a mulher de realizar as tarefas rotineiras.
Sentimentos de tristeza, angústia, irritabilidade e aumento de sensibilidade,
manifestam-se com facilidade, porém, devem desaparecer espontaneamente.
De acordo com a psicóloga, a chegada de um bebê modifica a
rotina familiar e, por mais que o ambiente esteja preparado para recebê-lo, nem
sempre essa transição é fácil.
A depressão pós-parto não atinge somente as mães. Em
algumas famílias, é o homem quem sofre com a chegada do bebê. "A
dependência absoluta do bebê pode mobilizar muitas questões. Esse período é
passageiro, mas pode assustar", aponta ela.
Ela conta que a gravidez, assim como o puerpério,
constitui um período no qual há uma intensidade de experiências que podem
interferir no psiquismo das pessoas. Em geral, é a mulher quem está mais
propensa a vivê-las, devido ao seu estado natural de preparo e envolvimento com
o bebê, desde a gestação. Entretanto, o homem, que também participa desse meio,
não está livre de viver tais experiências. "A estrutura psíquica varia de
pessoa para pessoa e pode ser mais ou menos estruturada. Existe a possibilidade
de que algumas situações desencadeiem sintomas e doenças. O nascimento do bebê
é um desses momentos, pois cada integrante do círculo familiar inevitavelmente
vai entrar em contato com seu lado filho e utilizá-lo, agora no papel de pai ou
mãe que desempenhará". E acrescenta: "Nem sempre tais questões são
conscientes. Porém, é preciso cuidar delas."
Ocupar o lugar de pai, bem como assumir a responsabilidade
que esse papel requer, pode não ser fácil. É possível que ele se sinta incapaz
ou se exija demais, por exemplo, impondo a si próprio um nível de exigências
acima do que consegue cumprir. A preocupação com a estabilidade financeira da
família ou a mudança da rotina que tinha com a companheira, antes do bebê
nascer, também pode contribuir para desencadear angústias.
"O diagnóstico de depressão depende de vários
sintomas, que devem perdurar no mínimo, quinze dias para confirmá-la. Confundir
ansiedade, angústia, medo, e dificuldades diversas com depressão, é muito
fácil, devido ao excesso de informações hoje disponíveis sobre o assunto. É
prudente fazer uma avaliação com um profissional da área, a fim de esclarecer o
que de fato está acontecendo", ressalta a psicóloga.
Palavra de fé: “Logo a assembléia se pôs a clamar ruidosamente e a bendizer a Deus por
salvar aqueles que nele põem sua esperança”. (Daniel 13,60)