sexta-feira, 12 de março de 2010

Meu Pai e Vosso Pai


Por que Jesus falava sempre “meu pai” e, quando ensinou a rezar, disse “Pai Nosso”?

Vejam: “Salmo 102, 13-14”. E mais: “Isaias 64, 7-8”. É reconfortante ler essas passagens cheias de ternura, em que a Bíblia nos declara que Deus nos ama como pai compassivo. Já no Antigo Testamento, o povo da aliança foi compreendendo, pouco a pouco, que Deus nos ama com amor paternal tão estranho, tão próximo, que se compara ao amor de mãe. Deus é pai-mãe, como Ele mesmo diz: “Oseas 11, 1. 3-4”. Lembramos ainda, que a palavra misericordiosa, tão forte e tão presente na Bíblia em hebraico significa “útero” (raharim, no original).

Essa experiência de amor estranho de Deus adubou o terreno do Antigo Testamento, preparando a vinda de Jesus, o filho amado, por excelência. E a Jesus se aplica a exclamação: “Salmo 2,7”.

Esta palavra se cumpriu exatamente quando o Filho eterno do Pai, se fez carne no seio de Maria, habitando entre nós como verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Só o amor redentor do Pai poderia ser tão criativo a ponto de nos dar ser eterno Filho, humano como nós. Se o Pai é Deus para nós, o Filho é Deus conosco!

Mas de Deus é Pai e ama a todos com igual ternura, por que Jesus costumava distinguir “meu Pai” e “vosso Pai”? Pois essa é a forma de Jesus se expressar nos Evangelhos. E mais: quando a orar, disse: “Mateus 6,9”.

A resposta, encontramos em casa, bem perto de nós. Eu, por exemplo, tenho três irmãos. Todos temos o mesmo pai e somos uma única família. Mas a experiência de filiação (de ser filho) que meu irmão tem, é diferente da minha, embora nosso pai seja o mesmo. Por isso, Jesus não distingue o Pai, que é sempre um e o mesmo Deus Pai. O que Jesus distingue, é a experiência de filiação: Ele é o filho por natureza gerado eternamente no seio da Trindade. Nós somos filhos por adoção, gerados no mistério da graça que nos santifica, e nos faz criaturas novas. E a expressão “meu Pai”, se refere à filiação, pela graça que nos fez filhos.

Deste modo, o Evangelho preserva duas verdades da fé importantes: que nós somos filhos de Deus pela graça, e que Jesus é filho por divina natureza. Mas atenção! Embora a experiência de filhos seja distinta, o Pai é o mesmo e nos ama com igual amor: o mesmo Espírito Santo que habitava em Jesus. Deus Pai nos deu, para que todos fossemos seus filhos de fato: “Gálatas 4, 4-7b”.

Sendo assim, eu, vocês e todos os remidos, podemos orar juntos o “Pai Nosso”, porque o Espírito Santo, que clama em nós “Abba, Pai”, une a todos na mesma graça. Todas as vezes que oramos essa prece, é no Espírito Santo que a oramos.

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