quarta-feira, 12 de maio de 2010

Por que a história de Jesus faz tanto sucesso?

O Oriente Médio é um celeiro de figuras paradigmáticas que abriram caminhos novos na compreensão do potencial humano para criar modos de ser, sentir, pensar e estar no mundo inspirados pela dimensão do sagrado. Nesse espaço, o advento de Jesus determina um marco do qual reverberam significados cuja experiência ainda transborda nossa capacidade de entendimento. O fascínio que desperta em nós é proporcional à indefinição dos contornos de sua vida, que – apesar dos milhares de estudos e pesquisas – guarda muito mais mistérios do que revelações.

Seja como for, Jesus traz à consciência de sua época um novo patamar de compreensão e, com ele, uma nova ordem social que substitui à aridez da Justiça retributiva pela ousadia criativa do Amor. Aquele “olho por olho, dente por dente”, fruto da inteligência e da cultura que havia, conseguido colocar um freio à barbárie desmedida, agora era desafiado por uma força mais poderosa e desconcertante: o sentimento de sermos todos filhos de um mesmo e único Pai que nos ama, incondicionalmente.

Subverter a ordem temporal (a Lei) e ultrapassar a ordem natural (a morte) são feitos que orbitam no campo da razão e no da fé – binômio que sustenta a identidade de nossa cultura ocidental e, em conseqüência, o modo pelo qual percebemos e a nós mesmos.

Em tempos como estes, quando a desagregação parece tomar conta de todos os setores da vida, a imagem acolhedora e revitalizante do Amor convida a realizar novas buscas no espaço interno de cada um, redefinindo prioridades e clarificando objetivos. É ali, no centro de si próprio, onde a imagem de Jesus pode recriar-se uma e outra vez, encorajando nossa jornada junto com os outros, pois é na convivência que fazemos do Amor a prática mais reveladora de nossas convicções e intenções. “Ama teu inimigo” – afirmação de um sentimento radical que ainda nos perturba e nos aguarda no horizonte de uma consciência prenhe de luz e de mistério.

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