quinta-feira, 6 de maio de 2010

Educação: Drogas, como dizer NÃO!

Se a dependência de drogas lhe parece algo distante, uma espécie de fantasma que ronda as famílias quando os filhos chegam perto da adolescência, pare já. Reflita. É bem possível mesmo que o seu filho fique longe delas, mas até lá você ainda pode fazer muita coisa para que ele não seja facilmente seduzido pelo bem-estar que a experiência proporciona nas primeiras vezes. Boa auto-estima, persistência para ir atrás dos sonhos e exemplos saudáveis de como lidar com situações difíceis, além de uma boa dose de informação sobre os males causados pela droga, vão fazer toda a diferença.

Vícios, como se sabe, dão um “barato” que costuma sair bem caro. Começam por tirar a liberdade: pode ser maconha, cocaína, crack, solventes, antidepressivos, ansiolíticos, anfetaminas. E não são apenas as lícitas. Álcool e tabaco também estão na lista. Droga não tem esse nome à toa. Todos sabem que as perdas com o consumo de substâncias que alteram a percepção da realidade podem ir até o fundo do poço: acidentes de carro, overdoses, agressão física e até a morte.

Eu me amo

Como se previne o desenvolvimento de um “perfil dependente”?. Para a psicológoca Vera Zimmermann, coordenadora do ambulatoório do Centro de Referência da Infância e Adolescência, Cria, da Universidade Federal de São Paulo, é preciso valorizar os filhis desde o nascimento. “No futuro, isso vai refletir-se em boa auto-estima. Eu me amo, portanto vou me cuidar!”, ensina Vera.

Nos primeiros anos, os pais devem ajudar a criança a diferenciar situações que lhe são saudáveis daquelas que põem em risco a sua saúde: quem brinca com fogo pode se queimar, quem come demais pode passar mal, e assim por diante. “Tudo isso passa, aos poucos, mensagens de proteção amorosa, mesmo que as reações da criança sejam de recusa e briga”. Outro passo importante é incentivar a criança a expressar desejos, medos e angústias. Assim ela consolida o pensamento: “Posso me angustiar, mas encontro saída para meus problemas”.

Se o filho tem dificuldades de relacionamento, vale discutir opiniões, ouvir, argumentar e, se necessário, reconhecer seus erros. É importante que ele aprenda que todos podem errar, até mesmo os adultos. Isso desenvolve a capacidade de enfrentar situações difíceis e evita a fuga de responsabilidade por seus atos e o encobrimento de falhas. “Tudo pode ter uma solução, mesmo que seja preciso enfrentar uma situação desgastante!”, afirma Vera.

Exemplo é tudo

Os modelos familiares são fundamentais. Se os pais não dão o exemplo, as informações sobre os malefícios das drogas serão apenas mais uma entre tantas. Elas são fundamentais, devem ser dadas com toda a clareza e a medida que a criança pergunta. Informar só surte efeito quando o jovem acolhe o que lhe dizem como algo sintonizado com aquilo que está arraigado dentro dele, Só assim o Grilo Falante consegue ser ouvido: “Se droga pode me fazer mal, eu não vou usá-la”.

Mudando hábitos

Para o psiquiatra Auro Lescher, coordenador do Projeto Quixote/Unifesp, que trabalha na recuperação de crianças de rua envolvidas com drogas, é hipocrisia a mãe que toma um remédio para dormir há anos ou o pai que bebe o seu uísque toda noite criticar o filho por uso de maconha. “Normalmente, quando o filho torna-se dependente, toda a família precisa de ajuda, pois há um problema de gestão emocional”, afirma o médico. Segundo Lescher, o fato de vivermos em uma sociedade que oferece e estimula soluções químicas para tudo criou uma situação absurda. “Cerca de 80% dos antidepressivos são receitados sem necessidade á menor queixa de problema emocional”, diz. Se os pais desaprendem a lidar com a tristeza, controlar o estresse ou domar os nervos de forma saudável, como vão ensinar os seus filhos? Não é papo careta, mas hoje cada vez menos as pessoas sabem lidar sozinhas com as suas angústias. Pense nisso. Mudar hábitos e dar o exemplo aos filhos de que é possível encontrar as ferramentas para se equilibrar dentro de si e não em pílulas, bebidas, cigarros ou drogas mais pesadas pode fazer toda a diferençacom a frustração do amanhã.


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