Ao longo de dois mil anos de cristianismo a Igreja debruçou-se sobre a Palavra de Deus para entender o sentido profundo das verdades reveladas. O que é crer?Em quem e no que cremos? Como viver e expressar essa fé? Nesta escuta atenta e orante da Palavra de Deus a Igreja aprendeu e vem ensinando ao longo dos tempos o sentido do pecado.
Pecado é dizer não a Deus, é desobedecer a lei de Deus, é fechar-se conscientemente ao amor, é preferir os próprios critérios aos critérios de Deus. Pecamos por ação, fazendo o mal, e pecamos por omissão, não fazendo o bem.
A experiência do pecado todos nós seres humanos já a vivemos. O pecado nos tira a vida da graça, nos tira a paz interior, nos condena a uma vida de solidão. Há pecados que destroem completamente a vida divina em nós. No antigo Catecismo Romano aprendemos a chamar esses pecados de mortais.
Há pecados que, embora não nos privem da vida da graça, são como que indelicadezas, falta de carinho para Deus que em relação a nós é só ternura, bondade e misericórdia: são os pecados veniais.
Agora, olhemos para a nossa vida. Não é verdade que às vezes agimos como se fossemos deuses, proclamando que somos donos do nosso próprio nariz, que somos perfeitos e não precisamos de Deus e dos irmãos? É o orgulho que nos sobe à cabeça.
Outras vezes colocamos nossa segurança só nos bens deste mundo. Para te-los sacrificamos valores muito mais preciosos. Quantas vezes não se cometem injustiças nesta procura desenfreada de riquezas? É a avareza nos dominando.
E aquelas violentas reações contra os que opõem a nossos propósitos? Um ódio sem sentido nos transforma e transtorna. Perdemos a capacidade de perdoar. Acabamos por desrespeitar o dom sagrado da vida, ferindo o próximo. É a ira nos impossibilitando qualquer gesto de amor e reconciliação.
É freqüente também em nós a tendência a desligar o sexo do amor. O outro deixa de ser a pessoa para nós. Passa a ser coisa, objeto. E a sexualidade que Deus colocou em nós para servir ao amor passa a ser instrumento de dominação. É a luxúria deturpando a beleza da sexualidade.
E há os que deturpam o ato de alimentar-se. Não comem para viver, vivem para comer. Entendem que se chega à plenitude da vida através dos prazeres do estômago. É a gula à qual se somam o alcoolismo e o uso das drogas.
Há aqueles que não são felizes com suas próprias conquistas, com o próprio bem estar, com os bens que adquiriu. Mais ainda, são profundamente infelizes diante das conquistas e dos bens dos outros. Quanto pecados não se cometem por força da inveja!
Enfim, há o abandono dos deveres, o corpo mole na luta do pão de cada dia, o abandono dos valores espirituais, tudo ditado pela preguiça.
Orgulho, avareza, ira, luxúria, gula, inveja e preguiça são os pecados capitais, assim chamados porque funcionam como cabeça, fonte e raiz de muitos pecados.
(Pe. Cido Pereira)
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