sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O catequista é ser de relações



Quando fomos chamados a sermos catequistas, tivemos o desejo de aprender e assumir com amor às exigências desse ministério.

É uma graça de Deus que este amor tenha crescido, com o correr dos anos na vivência desse ministério.

Para que isso aconteça, é necessário que o catequista busque cada vez mais uma compreensão de si mesmo para que se torne descontraído, sereno, aberto aos sinais de Deus na sua vida.

É importante que o catequista esteja em paz e harmonia permanente consigo mesmo para que tenha paz no relacionamento com os catequizandos.

Há dois pontos que dificultam o catequista a viver em harmonia: os conflitos e o trabalho cotidiano.

Não precisamos de muito esforço para perceber, que, nos dias de hoje, todos nós nos encontramos frequentemente em meio a uma complexa dinâmica de demandas e conflitos.

Vivemos em tensão, quase divididos entre nossos gostos e deveres e, contudo, somos chamados a ter relacionamento com a família, a comunidade e com os catequizandos.

Além disso, o anúncio do evangelho exige fidelidade, pelo menos a dois pontos:

1. Ao conteúdo anunciado;

2. Ao caminho pelo qual se faz esse anúncio.

O conteúdo é Jesus Cristo, morto e ressuscitado para a nossa salvação.

O caminho é conseqüência do conteúdo: se Jesus Cristo se fez homem, criatura igual a nós, exceto no pecado, o caminho para anunciar o mesmo Jesus deverá ser feito em consonância com as alegrias e dores de quem ouve o anúncio.

Daí a importância de se conhecer o jeito com que os catequizandos compreendem a vida, lidam com ela e reagem de quem ouve o anúncio.

Em nossos dias, esse compreender, além de ser importante, adquire o caráter de urgência, pois, poderemos estar transmitindo um conteúdo doutrinamente correto, mas falho enquanto ação evangelizadora: ele poderá chegar à mente, não, porém ao coração e à vida dos interlocutores.

Essa é a razão para compreendermos os desafios do nosso tempo, desafio que estamos vivendo.

Se buscarmos uma característica para o mundo de hoje, encontramos as palavras confusão, perplexidade, transformação, incerteza. Isso tudo porque estamos vivendo uma mudança de época, e não simplesmente uma época de mudanças.

Época de mudança: caracteriza-se quando as transformações acontecem em determinados aspectos da vida, permanecendo intactos os critérios de julgamento e os valores humanos mais profundos. Refere-se ao VER a realidade, dentro dos critérios ver, julgar e agir.
Mudança de época: caracteriza-se quando as transformações não só acontecem em determinados aspectos da vida, como também atingem os critérios de julgamentos. Refere-se ao JULGAR dentro do método ver, julgar e agir.

Assim, a atual mudança de época coloca alguns valores de nossa vida em baixa e, outros, em alta.

Em baixa estão as instituições, quaisquer que sejam. Tudo o que seja institucional é visto com reserva: entre elas a família, o estado e a escola. Em alta está o indivíduo: ele se torna absoluto em suas escolhas e opções.

Isso tem conseqüência na catequese: quando negamos a liceidade das relações pré-matrimoniais, logo ouvimos: quem é o papa para mandar em minha vida? Ou a Igreja está desatualizada.

Assim, estão em baixa a tradição: transmissão de valores de uma geração para outra; o sonho, a utopia, a renúncia, o eterno, o definitivo, a ética e o racional.

Estão em alta: o sensível, o que está ao alcance das mãos, o prazer imediato, o transitório, o eterno enquanto dura, o movimento, a estética, a emotividade.

Não se trata tanto de questionar motivos ou caminhos, mas predomina a alegria do resultado e a emoção experimentada.

Por outro lado, a realidade não é só preta ou branca, mas o cotidiano é mais cinza, as coisas acontecem misturadas e o discernimento nem sempre é fácil.

É bom destacar também que não se trata de rejeição de um dos pólos, mas de supervalorização de um e redução de importância do outro. Há gente lutando pela família, pela educação mais humana e solidária.

Em termos de evangelização, não se pode afirmar que uma época seja melhor que a outra. Elas são diferentes, exigindo de nós assumirmos a mudança, reconhecer que estamos num ambiente distinto daquele ao qual estávamos acostumados.

Para nós, catequistas, há dois perigos diante dessa nova situação:

1. o não reconhecimento da mudança, achando que o novo é questão de mau comportamento ou ignorância religiosa;

2. mergulhar de tal modo na nova realidade que já não se consiga fazer o discernimento entre o que é evangélico e o que não é.

O discernimento é o caminho para essas duas situações.

Para nos ajudar a refletir sobre isso, respondamos as seguintes perguntas:

- Para que atividade ou pastoral estou sempre disponível? Por quê?

- Para que atividade ou pastoral eu nunca tenho tempo? Por quê?

- Para que tipo de pessoas está sempre pronto? Por quê?

- De que modo o cansaço, a preocupação, a defesa de meus interesses transparecem no meu relacionamento com as pessoas?

- Quais conflitos vivo com mais freqüência?
- Quais tensões me perturbam?

- Como posso me ajudar a vencer esses conflitos e tensões?


Para rezar: “Salmo 129, 2-8” (Bíblia Ave-Maria) e “Marcos 9, 33-50”.




Palavra de fé: “A oração do pobre eleva-se de sua boca até os ouvidos de Deus, e Deus se apressará em lhe fazer justiça”. (Eclesiástico 21,6)

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