quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Mês de Agosto – Dedicados aos Pais


PAPAI



O que foi que aprendi com meu pai a respeito de Deus? Desse aprendizado, o que poderá ser útil para mim agora?

Não foi muito o que aprendo diretamente, pois papai descendia de uma família que não acreditava em Deus e ele não costumava ir a igreja, pelo menos por iniciativa própria, mas apenas para agradar mamãe. Durante muitos anos se recusou a comparecer, alegando que não queria passar por hipócrita, e foi duto ele finalmente ceder, embora praguejando.

Era, aliás, seu único defeito. Não bebia e jamais foi infiel com sua mulher. Nunca foi desleal com ninguém, embora tivesse sido enganado muitas vezes porque era muito crédulo.

Espirituoso, jovial, habilidoso, imaginativo, era um homenzinho alegre que adorava sua família. Trabalhava duro para ela sem lamentar-se e esvaziava os bolsos para satisfazê-la sem esperar agradecimentos.

Apesar de seu perene bom humor, sentava-se às vezes com uma expressão de perplexidade, quase infeliz, como se estivesse contemplando as ruínas de seus inúmeros sonhos tão brilhantes e realmente tão justos.

Este meu querido pai, tão alegre... Recordando-o, encontro nele mais indícios de Deus do que jamais imaginei. Não era uma pessoa difícil, distante. Nunca alegou estar muito ocupado, sem tempo para escutar-nos. Embora às vezes ficasse zangado, esbravejasse, mostrando-se inflexível e parecendo injusto, sabíamos que ele não era nada disso. Perdoava rapidamente e era incapaz de guardar rancor.

Amava sua família, preocupava-se com ela e tinha orgulho de nós. Jamais deixou de atender a cada um de nós, nem uma única vez. O que mais se pode esperar de um pai? E se esta é a natureza de um bom pai terrestre, por que o pai de todos nós não deve ser também tão fácil de ser conhecido e amado? (Já faz tempo que eles desapareceram Senhor, tanto mamãe como papai. Não posso mais chegar junto deles e dizer: “Ajudem-me, estou tentando encontrar Deus”. Agora, porém, que suas vidas se extinguiram e a minha está tão avançada, talvez eu possa ouvir deles uma resposta mais clara do que se estivessem falando pessoalmente comigo. Tudo o que eles foram reafirma vossa presença, Senhor e vossa realidade).

Pais. Bons pais ou mesmo maus. Eles são a fonte do ser. Além deles, está a fonte de todas as demais. Siga esta linha e concluirá que não há outra força nem outra fonte que não seja Deus.

Quero ser uma boa mãe para meus filhos e despertar-lhes a atenção para as maravilhas de um Criador amoroso, mas mesmo que eu fracasse o simples fato de eu viver e criá-los comprova que sou ainda o cordão vital de um mistério tão maravilhoso que nos deixa estupefatos. Estar vivo e ser capaz de pensar a respeito disso constituem certamente uma prova da realidade de Deus.




Palavra de fé: “O pai morre, é como se não morresse, pois deixa depois de si um seu semelhante”. (Eclesiástico 30,4)

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