segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Comunidade: Os discípulos no Cenáculo

Ao retornarem do lugar de onde Cristo tinha subido ao céu, os Apóstolos permaneceram juntos. Leia: “Ato dos Apóstolos 1, 12-14”.

Aquele que realmente descobre e vive a experiência da impotência e da solidão, não está só. Ao contrário, somente quem tem a experiência da profunda impotência humana, e, conseqüentemente, da solidão pessoal, é que se sente perto dos outros e se achega facilmente a eles como uma pessoa perdida numa tempestade, sem abrigo. Seu grito, ele o ouve como se fora o grito de todos, e sua ânsia e espera como ânsia e espera de todos.

Somente quem possui a verdadeira experiência da impotência e da solidão, permanece na companhia dos outros sem conjecturas e sem prepotência, mas ao mesmo tempo sem passividade, sem se deixar manipular, sem se submeter a tornar-se escravo da sociedade.

Um homem pode dizer-se verdadeiramente comprometido com suas experiências humanas somente quando sente esta comunidade com os homens: comunidade sem limites e sem restrições, comunidade com cada um e com todos, porque vive o compromisso com o que de mais profundo há em nós e, portanto, com o que há de comum em todos.

Um homem só está realmente comprometido com suas experiências humanas quando, ao dizer “eu”, conseguir vivê-lo tão simples e profundamente a ponto de senti-lo fraternalmente solidário com o “eu” de todos os outros homens.

Seja como for, somente o homem assim comprometido será alcançado pela resposta de Deus.

Convém desde logo observar que esta solidariedade com toda a humanidade só é vivida quando se realiza num ambiente específico.

Mesmo nos Atos dos Apóstolos, a comunidade dos Apóstolos surge numa situação bem determinada (ou ambiente). Lugares e pessoas, não foram eles que os escolheram. Encontraram-se naquele meio quase por acaso e sua vida, no entanto, estará daí por diante subordinada a este fato. Leia: “Ato dos Apóstolos 1,13”. E ainda: “Ato dos Apóstolos 1, 23-26”.

É assim que a humanidade de nosso ser pessoal surge, toma forma e se alimenta num ambiente bem definido: estamos inseridos nele, embora não tenha sido escolhido por nós.

O cuidado no sentido de abranger todo o ambiente e a oferta de nosso espírito comunitário a todas as pessoas que compõem, constituem a medida da abertura de nosso empenho humano. Coincidem, igualmente com a sinceridade de nosso empenho para com a humanidade inteira.

Não compete a nós excluir quem quer que seja da experiência de nossa vida humana. A escolha cabe unicamente a Deus, que exerce através das circunstâncias em que nos coloca. De outro modo, seria um ato subjetivo o abuso de um esquema por nós premeditado.


Palavra de fé: “E o Senhor cada dia lhes ajuntavam outros, que estavam a caminho da salvação”. (Ato dos Apóstolos 2, 47)

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