quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Jacó lutou com Deus e o venceu, diz a Bíblia. Como pode ser isso?

Evidentemente o homem não pode lutar com Deus corpo a corpo, como aparece no texto: “Gênese 32,24-32”.

A Bíblia usa muitas histórias religiosas que corriam na boca do povo e as transmite dando-lhes, porém, base teológica. Essa é uma delas: Jacó lutou com Deus e começa a vencê-lo, mas ao perceber que estava lutando com Deus, pede-lhe a benção e pergunta-lhe o nome. O estranho lutador o abençoa, mas não diz o quem ele é. Depois da luta, Jacó manca de uma perna. O texto conclui que por isso até hoje os israelitas não comem o nervo ciático (versículo 32).

Temos aqui dos elementos importantes da vida religiosa hebraica. O primeiro é a explicação que o texto quer dar sobre o nome “israelita”, nome que caracteriza o povo de Deus. O segundo é a explicação do significado do nome “Fanuel”, nome que designava um lugar de culto no Jaboc e muito conhecido pelo povo.

Na montagem dessa história são dadas então as explicações: o nome “israelita” provém de Israel, que foi o nome dado por Deus a Jacó: “Gênese 33,20”; e deu-lhe esse nome porque Jacó, de fato, lutara contra Deus. Em hebraico popular se dizia: IS+RA+EL, ou seja: o homem que lutou contra (com) Deus. Outros estudiosos traduzem o nome “Israel” como “aquele que viu Deus”, ou seja: Jacó travou luta muito grande no seu interior para aderir a Deus e ser-lhe fiel, como seu pai Abraão. Só depois de muita luta ele conseguiu aderir a Deus e ser então abençoado por ele.

O outro elemento da narrativa quer dar o significado do nome “Fanuel”, que designava o lugar de um santuário, como se disse.

Fanuel é o lugar onde o homem está “diante de Deus” (Fanuel em hebraico significa: rosto de Deus, diante de Deus). Aquele local de culto, tão conhecido por todos, chamava-se Fanuel, diz o texto, porque aí o patriarca Jacó vira Deus face a face, estivera diante Dele.

Esse é o aspecto etiológico (ciência que estuda as causas) da narrativa. Dá o motivo, a causa. O aspecto teológico é a explicação do nome de Israel. Ambos os aspectos formam o núcleo da narrativa. A menção do “nervo ciático” é alusão a uma regra alimentar: o israelita não podia comer o nervo ciático. Toda via, essa regra alimentar não é mencionada em nenhum lugar da Bíblia. Somente a tradição fala dela.




Palavra de fé: “Os filhos de Israel serão tão numerosos como a areia do mar, que não se pode medir nem contar. Em lugar de se lhes dizer: Lo-Ami (significa – não meu povo), serão chamados Filhos de Deus vivo”. (Oseias 2,1)

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