quarta-feira, 11 de abril de 2012

Qual a minha vocação?




Perguntar-se sobre a vocação, é perguntar-se sobre si, sobre a própria vida. É o mesmo que se questionar sobre o sentido da vida, ou que direção dar a ela. Aqui se pode perceber que se trata de algo mais do que eu quero fazer, trata-se do que eu quero ser, do que quero ser de verdade e de como quero viver a vida que recebi. Enfim, essa pergunta trata daquilo que me move, a partir de dentro, a fazer ou deixar de fazer algo. É isso que quer saber o jovem e a jovem que se indaga sobre a própria vocação.

Para as coisas mais fundamentais da nossa vida, para aquilo que para nós é a mais importante não existem respostas prontas nem receitas mágicas. Existe, isso sim, um caminho a percorrer, com dicas e indicações dadas pela própria Igreja, que na sua longa experiência, percebeu que eram boas e as propõe para quem está disposto a caminhar.

Por isso, se quisermos conhecer nossas inspirações mais profundas, os porquês de nossa vida e aquilo que nos move a partir de dentro (nossas motivações), se nós quisermos realmente conhecer nossa vocação pessoal, então devemos iniciar um processo de discernimento vocacional. E justamente por ser um processo, o discernimento vocacional não acontece do dia para noite (como gostaria a nossa geração que quer tudo para ontem), mas é um caminho a ser trilhado até se chegar a uma decisão livre, firme e apaixonada por Cristo e seu projeto. Essa decisão é fruto de nossa fé e de nossa liberdade e não de um sentimentalismo eufórico (fogo de palha) que some do mesmo jeito que chegou.

Esse processo, ou caminhada, como preferimos, inclui três elementos essenciais, aos quais temos que necessariamente estar ligados:

- uma sincera amizade e um intenso relacionamento com Deus, porque é Ele quem chama;
- o conhecimento e aceitação de si mesmo, dos próprios gostos, preferências, desejos, aspirações, sonhos, tendências, limites, defeitos e qualidades; e
- o conhecimento e aceitação do mundo à nossa volta, este mundo do qual fazem parte as outras pessoas com as quais dividimos a aventura da vida; as realidades sociais, políticas, econômicas e culturais do nosso tempo e contexto; bem como as diversas possibilidades oferecidas: estilos de vida, profissões, carreiras.

É dentro destas realidades, às quais estamos ligados e com as quais nos relacionamos, isto é, com Deus, conosco mesmos, com os outros e com o mundo, que se pode e se deve fazer um bom discernimento vocacional.

Mas o que significa discernir? Discernir é a capacidade de conhecer com clareza, de perceber a diferença entre as coisas. Em uma expressão popular, quem sabe discernir “não compra gato por lebre”. Discernir a vocação é, pois, a capacidade de conhecer com clareza qual a minha vocação e perceber em que sou diferente dos outros, ou seja, quem sou eu.

A pessoas humana, criada à imagem e semelhança de Deus, é liberdade e mistério, por isso, só podemos começar esse trabalho de discernimento a partir do Espírito Santo, espírito de verdade e de luz, de sabedoria e discernimento, que sempre age na comunidade, iluminando, provocando, tirando do comodismo, pondo-nos a caminho.

Podemos já perceber duas dicas muito importantes para quem quer discernir, conhecer com clareza, o próprio chamado:

- a presença do Espírito Santo, que é força, coragem, consolo, fogo, amor, luz...
- a pertença a uma comunidade, primeiramente à família, mas também à Igreja, lugar onde Deus chama, onde se aprende a ser irmão e se coloca a vida a serviço de todos.


Frei Rodrigo Moraes


Palavra de fé: “A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum”. (1 Corintios 12,7).

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