Ninguém ignora que o amor, oriundo da atração física, é
também um sustentáculo do casal, pois é imperativo específico do casamento. O
que faz duas pessoas de sexo diferente tornarem-se um casal é precisamente a
atração física, evoluída em amor físico. Por que Francisco de Sales e Joana de
Chantal não se tornaram um casal? Porque entre eles não havia amor físico, não
havia atração física.
O amor físico é importante no casamento. Mas como todos nós
conhecemos as limitações, as flutuações, a precariedade do amor físico, se não
colocarmos o amor espiritual antes dele e na base dele, o casal terminará
rolando no abismo.
Esta é outra causa freqüentíssima da crise conjugal: dar
prioridade ao amor físico sobre o amor espiritual. Este erro tanto pode ser
encontrado no homem como na mulher. Não somente no homem, segundo julgam
alguns. Sem o amor espiritual, que é o cimento, o concreto armado da
estabilidade emocional, dificilmente um casal consegue entrosamento durável. E
se consegue, raramente perdura.
Aquilo é um meteoro. O que murcha, o que flutua, não pode
sustentar duradouramente nada. Sobretudo quando a impiedosa concorrência de
produtos mais frescos põe em perigo a mercadoria da casa. Hoje basta passar de
carro na frente de alguns colégios, e ele ou ela encontram, de graça, o que
procuram na rua, para desgraça de ambos. Evidente. Se o que eu mais valorizo é
o corpo, claro que seguirei qualquer corpo que me atraia, mas o corpo do meu
parceiro. Entre o jovem atleta e o quarentão, quem leva vantagem no olhar
biológico é o jovem atleta. Haja pílulas, então. Haja inferno.
A experiência tem mostrado que só evitam esta crise ou
saem dela aqueles que põem o amor espiritual como coroamento do amor carnal. A
cópula jamais pode tornar-se a cúpula de nenhum casal. Nem o alicerce. Por
causa da dimensão extra biológica, específica do ser humano. Cada vez que esta
dimensão não é atendida, não é alimentada, não é respeitada, o casal reduz-se a
um par de seres meramente biológicos. Como poderão enfrentar os complexos e
problemas de uma vida a dois, cujo objetivo é proporcionar o crescimento
integral de ambos, crescimento em todos os níveis? Como? São esses os casais
que cometem o erro de confundir conjugal com sexual.
Do livro: Não basta
ter amor para ser feliz no casamento, de João Mohama.
Palavra de fé: “Assim os maridos devem amar as suas mulheres, como seu próprio corpo.
Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo”. (Efésios 5,28)
Nenhum comentário:
Postar um comentário