quarta-feira, 25 de abril de 2012

Conquista da Ipseidade




A criança na sua infância é eminentemente reativa. Reage aos estímulos que recebe. Se o estímulo é considerado por ela como bom, ela se deleita; se, ao contrário, percebe como desagradável sua reação será de repulsa e afastamento. As memórias que ficam nela são aquelas que passarem por suas emoções, pois não tem ainda capacidade para avaliar os fatos e experiências em nível nacional. É nos primeiro anos, que a criança vai aprendendo a distinguir-se dos objetos e percebendo-se diferente, vai formando um conceito de si. Podemos dizer que ela vai desenhando a pessoa adulta que será. Sua identidade pessoal se assentará sobre o conceito de si.

Um fator determinante nesse processo será aquele ligado a sai experiência afetiva/emocional. Desenvolver um conceito de si está ligado a sai capacidade de percepção e leitura que faz afetivamente do ambiente que a cerca. Significa dizer em outras palavras, que é neste início da vida, que a criança está delineando seu futuro enquanto pessoa humana. Nem sempre os pais estão atentos e conscientes da importância desse momento e daquilo que representam enquanto referenciais para seus filhos. Pois eles, pela proximidade e intimidade que gozam junto a eles, são os primeiros modelos onde a criança se espelha para imaginar e desejar como quer ser. Embora não se possa dizer que os primeiros anos determinem tudo aquilo que a pessoa será no futuro, contudo a experiência tem demonstrado que também não se pode menosprezar os primeiros anos como se eles fossem somenos importância para o desenvolvimento sadio da criança.

Há muito adulto buscando gratificações infantis na tentativa de recuperar o que não teve e se desajusta em relação ao presente porque não consegue vivê-lo como parte integrada consigo mesmo, porque não elaborou dentro dele um conceito de si adequado para o adulto que deveria ser. Descontente com o que é regride em suas atitudes à infância mal vivida e se perde no emaranhado dos anos sem saber distinguir o que é próprio da criança e o que pertence ao adulto. Assim perdido em sua ipseidade vive inconscientemente buscando o que não viveu ou viveu de modo desfavorável. Neurótico nas relações com os outros, confuso consigo mesmo, vive a vida com desprazer, como um fardo a ser carregado a duras penas enquanto a morte não chegar.


Se o acima dito faz sentido, então é hora de rever sua vida onde ela se fixou, para viver melhor os dias que ainda lhe restam. Ninguém está determinado pelo destino, mas se não levarmos em conta o que fizemos de nossa infância, corremos o risco de nunca sair dela, mesmo com voz grossa e corpo de atleta!

Padre Deolino Pedro Baldissera, SDS – psicólogo e professor.

Palavra de fé: “Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens” (Lucas 2,52)

Nenhum comentário:

Postar um comentário