terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Tristeza e melancolia não são coisas da idade

Você sente angústia, tristeza ou melancolia?

Conhece alguém da sua idade que as sentem?

Você acha que elas serão parte obrigatória da sua nova fase de vida?

Afinal, são coisas da idade? Da terceira idade? Não! Nada disso é natural.

É certo que ao envelhecer ficamos mais suscetíveis às perdas e ao adoecimento, mas isso não significa que somos mais tristes quando velhos.

Essa imagem do idoso “depressivo” e doente representa a construção social estereotipada por meio da qual se concebe, erroneamente, a própria velhice. Ao contrário, muitas vezes, os avanços científicos e tecnológicos nos instigam a recusar o envelhecimento, aprisionando-nos em um ideal de força, beleza, produtividade e juventude eterna.

Envelhecer bem pressupõe uma vida também bem vivida ao longo dos anos já passados e a existência, no presente, de desejos capazes de gerar projetos para o futuro.

Assim, passado, presente e futuro, são instâncias que se articulam constantemente e tecem a nossa história de vida, sempre permeada por ganhos e perdas.

Na velhice as perdas são mais significativas, talvez porque nessa época muitos eventos coincidem: a aposentadoria, os filhos que se fazem independentes, a troca da casa em que vivemos por um apartamento funcional, e, sobretudo, a perda de amigos e parentes. Instala-se, em paradoxo, um vazio pleno de angústias, ansiedades, medos e tristezas.

Dói o peito, a garganta; sentimos a solidão e o cansaço da própria existência. Ficamos inseguros, irritáveis e experimentamos uma intermitente inquietação interna. Nesses momentos, a saudade de tudo aumenta e diante das incertezas, tendemos a retroceder para o passado onde nos sentimos em segurança.

Esse retorno só será saudável, se ao reviver o passado encontramos um elo que o ligue ao nosso presente e se multiplique em projetos futuros.

Não estamos falando em doenças, mas em conflitos existenciais que geram, muitas vezes, desconfortos internos passíveis de serem acalmados por uma escuta adequada e que auxilie na elaboração do luto.

Luto aqui entendido, para além da tristeza pela perda de algo ou alguém, como o importante trabalho psíquico de assimilação de perdas e elaboração das dores, de forma a conseguirmos, reorganizados emocionalmente, cada um no seu tempo, prosseguir na vida.

É importante, entretanto, distinguir tristeza de depressão.

As tristezas, como as alegrias, fazem parte da nossa vida psíquica normal e são reações passageiras frente a situações do cotidiano.

A depressão, diferentemente, é doença que demanda tratamento médico especializado, implica variados sintomas físicos, psíquicos, e significativas mudanças no comportamento.
A tristeza, o desânimo e dos desapontamentos também causam sofrimento, portanto, não devemos hesitar em procurar ajuda quando nos percebemos fragilizados, não importa qual seja a idade.




Palavra de fé: “Como acharás na velhice aquilo que não tiveres acumulado na juventude? (Eclesiático 25,5)

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