terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Imagens bentas quebradas: o que fazer?


Pessoas muito respeitosas e outras inseguras na doutrina não sabem como se desfazer das imagens bentas quebradas, estragadas, deterioradas. Será verdade que jogá-las no lixo pode fazer mal? Isto é superstição.


E sobre o costume de colocá-las junto a um cruzeiro ou aos oratórios de estrada. O que pensar? Objetos abençoados não têm em si algo de divino. Não valem por si, mas pelo que significam. Como símbolos religiosos merecem respeito e veneração. Símbolos são um recurso da comunicação humana em todas as culturas.

A dimensão simbólica é uma propriedade entre o racional e o biológico ou a pura sensibilidade. Usamos esta linguagem no dia a dia e não só as palavras e gestos. Ora, todas as religiões se expressam através de objetos simbólicos mesmo aquelas contrárias ao uso das imagens. O culto cristão às imagens enquanto bíblico entra no universo simbólico religioso. Vem do mistério da pessoa humana.

O livro do Gênesis é enfático ao afirmar que Deus fez homem e mulher à sua imagem e semelhança (Gn 1,26-27). Os dois não são iguais a Deus, mas têm algo de divino e de certa forma o retratam. São Paulo diz que Jesus é a imagem do Deus invisível, é o primogênito de toda criatura (Cl1,15). Os cristãos refletem como num espelho a glória do Senhor e vão se transformando na sua imagem (2Cor 3,18).

Deus não pode ser objetificado, mas é a sua imagem que amamos nos outros. Ela nunca pode ser quebrada, deteriorada e jogada fora. Em nós e nos outros. Nenhuma sociedade, cultura ou legislação pode desprezar a pessoa humana, ofender a sua dignidade por meio de injustiças e corrupção moral. No culto cristão a veneração a Maria e aos santos nos leva ao mistério pascal de Cristo. É a força redentora de sua graça que age nos santos. "A iconografia cristã transcreve pela imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite pela Palavra. Imagem e Palavra iluminam-se mutuamente" (CIC n. 60) Mas, é culto idolátrico acreditar mais na imagem que imitar o santo(a).

Da mesma forma atribuir bênção, poder espiritual ou valor religioso ao símbolo avariado desvirtua a veneração e não glorifica a Deus. Imagens abençoadas são dignas de estima e conservação zelosa porque inspiram a fé e a confiança na Graça de Deus dada a nós por Jesus. Uma vez quebradas, estragadas, danificadas são indignas de honra e veneração. Não representam mais nem simbolizam nenhuma intermediação com o sagrado. Acabar de quebrá-las (ou destruir objetos sacros estragados) é a maneira respeitosa de se desfazer delas e deles.

O próprio respeito ao uso espiritual, à sua linguagem simbólica pede sua destruição total. Se possível enterrando, queimando ou colocando no lixo em pedaços bem pequenos. Nunca as deixar junto a Cruzeiros ou oratórios. Venerar os santos não pode sequer parecer mais importante que a salvação em Cristo.



Palavra de fé: “Não te prostrarás diante deles e não lhes prestarás culto. Eu sou o Senhor, teu Deus”. (Êxodo 20,5)

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