quinta-feira, 28 de abril de 2011

Sermão do Pe. Antônio Vieira

“Para derrubar um reino desunido não são necessários canhões, basta o lápis.”

“As obras da natureza e as da arte todas se conservam e permanecem na união: e todas na desunião se desfazem, se destroem e se acabam. Esta máquina tão bem composta do mundo, como ser obra de braço onipotente, que é o que sustenta e a conserva, senão a perpétua e constante união de suas partes? Esse foi o pensamento profundo do grão príncipe da Igreja, São Pedro, o qual chamou ao fim do mundo desunião do universo.” (...)

“Toda a vida não é mais que uma união. Uma união de pedras é edifício. Uma união de tábuas é navio. Uma união de homens é exército. E sem esta união tudo perde o nome, e mais o ser. O edifício sem união é ruína. O navio sem união é naufrágio. O exército sem união é despojo (despojo – prisioneiro da guerra). Até o homem (cuja vida consiste na união da alma e corpo) com união é homem, sem união é cadáver. A maior obra da sabedoria, e da onipotência divina, que foi o composto infalível de Cristo, consistia em duas uniões: uma união entre o corpo e a alma, e outra união entre a humildade e a o verbo. Quando perdeu a primeira união, deixou de ser homem; se perdera a segunda, deixava de ser Deus. Oh, Deus! Oh, homens! Que só a vossa união vos há de conservar, é só a vossa desunião vos pode perder.” (...)

“Nobreza desunida não pode ser, porque, em sendo desunida, logo deixa de ser nobreza, logo é vileza (vileza, vilão). Para derrubar um reino e muitos reinos onde há desunião não são necessárias baterias, não são necessários canhões, não são necessários trabucos, não são necessárias balas, nem pólvora, basta uma pedra, lápis. O que sustenta e conserva os reinos é a união.” (...)

“Nós temos muito boas mãos e sabem muito bem nossos competidores, mas se não tivermos união, nem eles haverão mister (mister, de ocupar) mãos para nós. Nem a nós nos hão de valer as nossas.”




Palavra de fé: “Para realizá-lo na plenitude dos tempos – desígnio de reunir em Cristo todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra.” (Efésios 1,10)

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