quarta-feira, 20 de abril de 2011

O que se lê na Imprensa sobre religião

Religião: rumo aos extremos?


Um estudo internacional divulgado ontem identificou tendência de crescimento no número de pessoas que afirmam não seguir religião alguma em nove países: Austrália, Áustria, Canadá, Finlândia, Holanda, Irlanda, Nova Zelândia, República Tcheca e Suíça. Nesse ritmo, o percentual cada vez menor dos que se declaram religiosos poderia fazer com que se afirmasse, num futuro não muito distante, que a religião simplesmente acabou nesses lugares.


No Brasil, a simples observação dos comportamentos sociais leva a acreditar que aumenta o número de pessoas que não seguem um Deus (ou deuses) institucionalmente estabelecido e representado por uma religião, embora muitos façam a ressalva de que possuem uma espiritualidade própria, que transcende os ritos e normas dos templos. Os resultados detalhados do Censo 2010 poderão confirmar isso ou não.


Ao mesmo tempo, porém, no Brasil e no mundo como um todo, há fortes indícios de que o peso da religião não diminuiu e os religiosos, quando se manifestam, fazem tanto barulho quanto antes, ou até mais. Nesta página mesmo, ma seção de cartas, sempre que surgem assuntos que, de alguma forma, envolvem religião, os debates entre os leitores são acalorados, para dizer o mínimo. A radicalização vem de todos os lados: evangélicos, católicos, espíritas, muçulmanos e assim por diante. Diante disso, deixo aqui uma reflexão: será que a tendência, nesse campo, não é rumarmos para os extremos? De um lado, um percentual crescente de pessoas que não professam nenhuma religião: de outro, religiosos encastelados em nichos cada vez mais ortodoxos.


Quando a religião é um costume amplamente difundido, quase cotidiano, acaba se tornando tão majoritária que é difícil manter sua coesão ideológica. Teoria e prática se distanciam. O sincretismo religioso brasileiro é um ótimo exemplo disso. Não surpreende, portanto, que, cada vez mais, lideranças religiosas católicas e evangélicas se esforcem em combater aqueles que freqüentam com a mesma fé igrejas, templos e terreiros.


O risco da tendência aos extremos é a intolerância. Os religiosos de uma turma não aceitam nem os dias das outras turmas nem os que preferem não ter nenhuma. Os não religiosos também recorrem muitas vezes a ataques ferozes, como se não ter religião fosse uma crença a ser imposta a todos. Prefiro seguir a escritura do que cada uma na sua e respeito incondicional pelas diferenças.

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