sexta-feira, 15 de abril de 2011

Dom Helder e a Páscoa

Meus queridos amigos,

Em um país como o Brasil, a Páscoa fala mesmo a quem anda muito afastado da prática religiosa ou da própria fé. E que, em geral, se respeita Cristo. Mesmo os que não olham para Ele como Filho de Deus que se fez Homem para salvar os Homens. Ele é colocado entre os maiores dentre os maiores. Nós, cristãos, é que muitas vezes somos responsáveis por muitos se afastarem do Cristo. É fácil ser cristão de nome, de tradição, porque nossos pais nos batizaram. Não é fácil ser cristão de verdade: viver o Evangelho.

Nós, que carregamos a responsabilidade e a glória de usar o nome de Cristo, lembremos, de modo especial, dois pensamentos que podem e devem nos acompanhar sempre, mas principalmente no período da Páscoa.
Nas igrejas e capelas antigas do Brasil e de toda a América Latina – herança dos portugueses e espanhóis – é raro não encontrar imagens como as de Nossa Senhora das Dores e do Bom Jesus com a cruz às costas.

Em lugares, sobretudo interior, ainda há Procissões dos Passos e Procissões Encerro arrastando enormes multidões. No pensamento os cristãos, a lembrança da Paixão, Morte e Encerro, do Cristo, em geral ficou muito mais forte do que a lembrança da Ressurreição – Páscoa. Mesmo na Via Sacra, as Estações acabam narrando o Encerro de Cristo. Eis o primeiro pensamento digno de dominar o dia de hoje e toda a nossa vida de cristão: Cristo morreu, sim! Mas Ele ressuscitou. Vamos abrir muito mais espaço em nossa vida para a Ressurreição. Mesmo porque São Paulo nos lembra: Cristo disse que ia ressuscitar e ressuscitou. Ele disse que nós vamos ressuscitar e nós ressuscitaremos. Nosso Deus não é um Deus morto, mas um Deus vivo. O Salvador, o Libertador venceu a morte e nos chama a continuar e completar a libertação do pecado e das conseqüências do pecado, do egoísmo e das conseqüências do egoísmo.

Ótimo que olhemos com respeito, devoção e arrependimento a imagem de Nossa Senhora das Dores. Ótimo que acompanhemos a Via Sacra ou a Procissão dos Passos. Melhor ainda que nossa maior devoção seja a missa, que continua o Calvário e que na missa comunguemos, recebendo não apenas um pão bento, mas o próprio Cristo. Mas tudo isso só terá valor real na medida em que abrir nossos olhos e nos fizer descobrir o Cristo vivo que está em todo aquele que sofre, especialmente nos pobres, nos humilhados, nos oprimidos.

Querem que eu lembre a maior lição de hoje e de sempre? Procurar descobrir, de verdade, em nossa casa, em nossa vizinhança, em nossa comunidade, em nosso trabalho onde está nosso Irmão, onde está o Cristo na lama, desempregado, passando fome, doente, coberto de dívidas...

Onde está mais que a imagem do Cristo: o Cristo vivo. Na Eucaristia, sim. Mas aí de quem comunga e não abre sempre mais os olhos para o Cristo em quem sofre, em quem precisa da nossa compreensão e do nosso amor. De quem precisa de ajuda, mas, sobretudo, de justiça.

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