segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Selecionando hóspedes




“Maria precisou fazer uma viagem às pressas. Foi visitar sua avó que estava nas últimas. Como não podia deixar sua residência desprotegida, pediu a uma vizinha que tomasse conta dela por uns dias enquanto estivesse fora. Passado algum tempo, quando retornou, Maria encontrou sua casa completamente desarrumada, suja, e com alguns móveis danificados. Foi ter com a vizinha, buscando explicações para a bagunça: - Sabe o que é, dona Maria, logo que a senhora viajou, alguns de seus sobrinhos vieram lhe visitar e pediram pouso. Não imaginei que eles fossem fazer essa algazarra. Maria ficou furiosa e gritou: - Esta casa é minha, não sua. Você não tinha esse direito! Devia ter dito: NÃO!”

Esta pequena estória me faz pensar como Deus, provavelmente, gostaria de nos dizer a mesma coisa. Ele procura nos dar liberdade nas escolhas que fazemos, mas creio que, sinceramente, não esperava tamanha bagunça em nossas vidas. Perdemos de vista que, na realidade, não nos pertencemos. Antes, somos templos do Espírito de Deus. “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus, e que, por isto mesmo, já não vos pertenceis?” (I Cor 6, 19). Esquecemos que, com esse empréstimo, tornamo-nos obrigados para com Deus, e precisamos prestar-lhe contas do emprego que estamos fazendo do seu imóvel, pois é isso mesmo que somos sem o sopro divino, mero imóvel (os cadáveres provam isso).

Não fazemos a mínima seleção do que entra em nossa casa, templo do Espírito. Entra maldade, ganância, desamor, roubo, mentira, devassidão... E tudo bem, parece sempre caber mais.  Esquecemos de ficar na porta, à espreita daquilo que quer entrar, a fim de verificarmos se é conveniente ou não. Deixamos nossa casa ser entorpecida com bebidas e drogas, violentada com sexo livre, amordaçada com mentiras e corrupção, aprisionada com estelionatos, furtos, roubos e homicídios. Ah, como nossa casa está sendo mal cuidada... E nesse caso nem é nossa vizinha que toma conta, somos nós mesmos. Que horror!

Fico estarrecida quando verifico o número de homicídios que acontecem hoje em dia. Meu Deus, onde nós estamos? O que é isso? Essa forma tão primitiva de solucionar os conflitos. O instinto falando mais alto quando já deveríamos ser tão civilizados. É lamentável que tenhamos aprendido tão pouco em tantos anos de existência. Eu me envergonho frente ao Senhor por essas barbaridades, ciente de que o homem é fraco, mas ciente também de que não tem policiado a movimentação em frente à sua porta, deixando entrar “qualquer ralé” como nos aponta o autor Max Lucado, em seu livro: Simplesmente como Jesus.

Vamos acordar! Deus nos deu livre-arbítrio não para promovermos orgias espetacularmente horrendas, mas como prova de seu imenso amor. Um amor que deixa livre para ser acolhido ou não. Montemos guarda em frente à porta de nossa casa, e só deixemos entrar aquilo que realmente compensa, santifica, enobrece. Quanto ao restante, saibamos dizer: “NÃO”, e colocar da porta pra fora!

Maria Regina Canhos Vicentin



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