“Maria precisou fazer uma viagem às pressas. Foi visitar
sua avó que estava nas últimas. Como não podia deixar sua residência
desprotegida, pediu a uma vizinha que tomasse conta dela por uns dias enquanto
estivesse fora. Passado algum tempo, quando retornou, Maria encontrou sua casa
completamente desarrumada, suja, e com alguns móveis danificados. Foi ter com a
vizinha, buscando explicações para a bagunça: - Sabe o que é, dona Maria, logo
que a senhora viajou, alguns de seus sobrinhos vieram lhe visitar e pediram
pouso. Não imaginei que eles fossem fazer essa algazarra. Maria ficou furiosa e
gritou: - Esta casa é minha, não sua. Você não tinha esse direito! Devia ter
dito: NÃO!”
Esta pequena estória me faz pensar como Deus, provavelmente,
gostaria de nos dizer a mesma coisa. Ele procura nos dar liberdade nas escolhas
que fazemos, mas creio que, sinceramente, não esperava tamanha bagunça em
nossas vidas. Perdemos de vista que, na realidade, não nos pertencemos. Antes,
somos templos do Espírito de Deus. “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do
Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus, e que, por isto
mesmo, já não vos pertenceis?” (I Cor 6, 19). Esquecemos que, com esse
empréstimo, tornamo-nos obrigados para com Deus, e precisamos prestar-lhe
contas do emprego que estamos fazendo do seu imóvel, pois é isso mesmo que
somos sem o sopro divino, mero imóvel (os cadáveres provam isso).
Não fazemos a mínima seleção do que entra em nossa casa,
templo do Espírito. Entra maldade, ganância, desamor, roubo, mentira,
devassidão... E tudo bem, parece sempre caber mais. Esquecemos de ficar na porta, à espreita
daquilo que quer entrar, a fim de verificarmos se é conveniente ou não.
Deixamos nossa casa ser entorpecida com bebidas e drogas, violentada com sexo
livre, amordaçada com mentiras e corrupção, aprisionada com estelionatos,
furtos, roubos e homicídios. Ah, como nossa casa está sendo mal cuidada... E
nesse caso nem é nossa vizinha que toma conta, somos nós mesmos. Que horror!
Fico estarrecida quando verifico o número de homicídios
que acontecem hoje em dia. Meu Deus, onde nós estamos? O que é isso? Essa forma
tão primitiva de solucionar os conflitos. O instinto falando mais alto quando
já deveríamos ser tão civilizados. É lamentável que tenhamos aprendido tão
pouco em tantos anos de existência. Eu me envergonho frente ao Senhor por essas
barbaridades, ciente de que o homem é fraco, mas ciente também de que não tem
policiado a movimentação em frente à sua porta, deixando entrar “qualquer ralé”
como nos aponta o autor Max Lucado, em seu livro: Simplesmente como Jesus.
Vamos acordar! Deus nos deu livre-arbítrio não para
promovermos orgias espetacularmente horrendas, mas como prova de seu imenso
amor. Um amor que deixa livre para ser acolhido ou não. Montemos guarda em
frente à porta de nossa casa, e só deixemos entrar aquilo que realmente
compensa, santifica, enobrece. Quanto ao restante, saibamos dizer: “NÃO”, e
colocar da porta pra fora!
Maria Regina Canhos
Vicentin
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