terça-feira, 4 de setembro de 2012

Em busca da diferença




O abade João Pequeno pensou: “estou cansado de ser um homem como os outros, preciso ser igual aos anjos, que nada fazem, e vivem contemplando a glória de Deus”. Naquela noite, abandonou o mosteiro de Sceta e foi para o deserto.
Uma semana depois, voltou para o convento. O Irmão Porteiro escutou-o bater na porta, e perguntou quem era.
 - Sou o abade João - respondeu. - Estou com fome.
- Não pode ser - disse o Irmão Porteiro. - O abade João está no deserto, se transformando em anjo. Já não sente mais fome, e não precisa trabalhar para sustentar-se.
- Perdoa meu orgulho - respondeu o abade João.
- Os anjos ajudam a humanidade;  este é o trabalho deles, e por isso não precisam comer, apenas contemplar.
“Mas eu sou um homem. A única maneira de contemplar esta mesma glória é fazendo o que os anjos fazem – ajudando meu próximo. O jejum não adianta nada.”
Ouvindo o gesto de humildade, o Irmão Porteiro tornou a abrir a porta do convento.

Qual o melhor exemplo
Perguntaram a Dov Beer de Mezeritch:
- Qual o melhor exemplo a seguir? O dos homens piedosos, que dedicam sua vida a Deus sem perguntar por quê? Ou o dos homens cultos, que procuram entender a vontade do Altíssimo?
- O melhor exemplo é a criança - respondeu Dov Beer.
- A criança não sabe nada. Ainda não aprendeu o que é a realidade! - foi o comentário geral.
- Vocês estão muito enganados, porque ela possui quatro qualidades que nunca devíamos nos esquecer. Está sempre alegre sem razão. Está sempre ocupada.
Quando deseja qualquer coisa, sabe exigi-la com insistência e determinação. Finalmente, consegue parar de chorar muito rápido. 

Paulo Coelho

Palavra de fé: “Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para aprovação”. (Eclesiástico 2,1)

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