sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Evangelhos Apócrifos: A fuga para o Egito


Os leões e os leopardos o adoravam e o acompanhavam no deserto, e em todo o lugar por onde Maria e José passavam. Eles os precediam, indicando o caminho e, curvando a cabeça, adoravam Jesus.

Mas, o primeiro dia em que Maria viu os leões em torno dela, e todo o tipo de feras, teve um grande medo. Mas, o menino Jesus, com o rosto todo iluminado de alegria, olhou para ela e disse: “Não tenhas medo, mãe, porque não é para fazerem mal, mas para servirem que eles estão perto de nós”. Depois dessas palavras, o medo deixou seu coração.

Os leões caminhavam com eles e com os bois, os burros e os animais domésticos que levavam suas bagagens, e não lhes faziam nenhum mal. Antes, eram cheios de mansidão no meio das ovelhas e dos carneiros, que José trouxera de Judéia e até ajudava a guardá-los.

Quanto a estes, andavam no meio dos lobos sem temer e sem sentir o menor mal. Assim se cumpriu o que fora dito pelo profeta Isaías: “Os lobos pastarão com os cordeiros, o leão e o boi comerão juntos o feno”.

Haviam dois bois e um carro para transporte dos objetos de uso habitual e eram os leões que os guardavam pelo caminho.

Ora, aconteceu que no terceiro dia de viagem, Maria se cansou por causa do ardor do sol do deserto. Vendo uma palmeira, disse a José: “Vou descansar um pouco naquela sombra”. José a levou logo para perto da palmeira e a ajudou a descer da jumenta. Depois de assentar-se, Maria olhou para o alto e viu a palmeira carregada de frutos.

Disse a José: “Gostaria, se possível, de comer os frutos desta palmeira”.

José lhe respondeu: “Estranho que fales assim, uma vez que os frutos estão tão altos. A mim, o que me preocupa é a falta de água, por que os nossos odres estão vazios e não temos nada para beber, nós e nossos animais”.

Então, o menino Jesus, que repousava tranquilamente no regaço da mãe, disse à palmeira: “Curva-te, árvore, e alimenta minha mãe com teus frutos”. Obediente a esta ordem, a palmeira inclinou-se imediatamente do seu cume até os pés de Maria, para que fossem colhidos seus frutos dos quais comeram à vontade.

Depois que todos os frutos foram colhidos, a árvore continuou inclinada esperando a ordem de quem a mandara inclinar-se. Então, Jesus lhe disse: “Endireita-te, palmeira, retoma tua força! Compartilharás doravante do destino das minhas árvores que estão no paraíso de meu Pai. Abre, com tuas raízes, a fonte escondida por baixo da terra, e que dela brote água para estancar a nossa sede!”.

Logo a palmeira se endireitou, e do meio de suas raízes começaram a brotar e jorrar fontes de águas límpidas, frias e saudáveis.

Vendo essas fontes, alegraram-se muito e beberam eles, os que acompanhavam e todos os seus animais, e deram graças a Deus.

(Evangelho do Pseudo Mateus, 19-20, 2 VI)

Próxima semana: Um milagre do menino Jesus.

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