terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A hora de plantar o grão de trigo



Ter sucesso! Desejo mágico dominante nas relações do mundo atual

Motor de grandes opções e recompensa de muitos sacrifícios. Porém, a cultura do sucesso é ambígua. Uns o buscam por caminhos dignos, honestos, operoso. Outros o preconizam como objetivo de vida por conquistas imediatas e com o mínimo esforço. Mesmo abrindo mão de valores, virtudes, honestidade e do caráter. Importa competir, se possível sem renúncias. Basta brilhar no palco da vida a qualquer preço vil.

Entretanto, fomos feitos para escolher e não para levar a vida ao acaso. Vivemos fazendo escolhas responsáveis. Perdemos e ganhamos. Perdemos aqui para ganhar ali. Perder pode ser planejado: alguém abre mão de algo bom arriscando-se a ganhar outra coisa melhor. Nas grandes opções o importante é não perder a motivação maior em relação à vida como um todo.

O que vale a pena viver, afinal? Do que nunca se pode abrir mão? Da saúde; da profissão; da riqueza; do poder e glória; da beleza? Qual é o critério, a motivação decisiva? No que investir o sucesso de uma vida?

Segundo os Evangelhos, Jesus teve tudo para usufruir a popularidade. A elite o invejava. Diziam “todos correm atrás dele!” (Jô 12,19). Mas o prestígio querido por Jesus foi estar em plena sintonia com o querer de Deus. Esta é a máxima grandeza humana: glorificar a Deus vivendo em total doação aos outros. Ele previu que a incompreensão, a rejeição, a inveja, presentes na ambição de interesses e de poder lhe trariam a máxima humilhação. A derrota. O fracasso popular! Usou então a parábola do grão de trigo como símbolo da sua hora triunfal. Triunfo avesso às glórias e aplausos dos homens. “Eu garanto a vocês: se o grão de trigo não cai na terra e não morre, fica sozinho, mas se morre produz muito fruto”.

A cruz, máxima derrota na aparência, foi a “hora do Filho do homem”, ou seja, a hora do seu triunfo. A manifestação suprema do poder amoroso de Deus na vida nova, a que é fruto da doação total de si aos outros no amor-ágape.
O discípulo não é maior que o Mestre. Sem concretizar-se em doação de si, a vida é infecunda. Fechar-se em si, surfando nas ondas do prazer, do bem-estar material, da vaidade, do culto ao sucesso não é caminho de vitória e superação de problemas.

A vida não produz frutos. Fechado em si, o poder humano nada pode. Não é fecundo em transformações reais para o bem e o progresso individual e social. Deve ser plantado no amor e exercido na doação de si.
O ministério de São Paulo nasceu do grão de trigo: “Abri mão de todas as minhas vantagens em troca de conhecer Jesus. Por ele aceitei perder tudo, e tudo considero como lixo, só para ganhá-lo”. (Fl 3,7ss.). Só o amor a Cristo fecunda a nossa fé.

Pe. Antônio Clayton Sant´Anna, C. Ss.R.


Palavra de fé: “A palavra de Cristo permaneça entre nós em toda a sua riqueza, de sorte que com toda a sabedoria vós possais instruir e exortar mutuamente. Sob a inspiração da graça cantai a Deus de todo o coração salmos, hinos e cânticos espirituais”. (Colossenses 3,16)

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