Ter sucesso! Desejo
mágico dominante nas relações do mundo atual
Motor de grandes opções e recompensa de muitos
sacrifícios. Porém, a cultura do sucesso é ambígua. Uns o buscam por caminhos
dignos, honestos, operoso. Outros o preconizam como objetivo de vida por
conquistas imediatas e com o mínimo esforço. Mesmo abrindo mão de valores,
virtudes, honestidade e do caráter. Importa competir, se possível sem
renúncias. Basta brilhar no palco da vida a qualquer preço vil.
Entretanto, fomos feitos para escolher e não para levar a
vida ao acaso. Vivemos fazendo escolhas responsáveis. Perdemos e ganhamos.
Perdemos aqui para ganhar ali. Perder pode ser planejado: alguém abre mão de
algo bom arriscando-se a ganhar outra coisa melhor. Nas grandes opções o
importante é não perder a motivação maior em relação à vida como um todo.
O que vale a pena viver, afinal? Do que nunca se pode
abrir mão? Da saúde; da profissão; da riqueza; do poder e glória; da beleza?
Qual é o critério, a motivação decisiva? No que investir o sucesso de uma vida?
Segundo os Evangelhos, Jesus teve tudo para usufruir a
popularidade. A elite o invejava. Diziam “todos correm atrás dele!” (Jô 12,19).
Mas o prestígio querido por Jesus foi estar em plena sintonia com o querer de
Deus. Esta é a máxima grandeza humana: glorificar a Deus vivendo em total
doação aos outros. Ele previu que a incompreensão, a rejeição, a inveja,
presentes na ambição de interesses e de poder lhe trariam a máxima humilhação.
A derrota. O fracasso popular! Usou então a parábola do grão de trigo como
símbolo da sua hora triunfal. Triunfo avesso às glórias e aplausos dos homens.
“Eu garanto a vocês: se o grão de trigo não cai na terra e não morre, fica
sozinho, mas se morre produz muito fruto”.
A cruz, máxima derrota na aparência, foi a “hora do Filho
do homem”, ou seja, a hora do seu triunfo. A manifestação suprema do poder
amoroso de Deus na vida nova, a que é fruto da doação total de si aos outros no
amor-ágape.
O discípulo não é maior que o Mestre. Sem concretizar-se
em doação de si, a vida é infecunda. Fechar-se em si, surfando nas ondas do
prazer, do bem-estar material, da vaidade, do culto ao sucesso não é caminho de
vitória e superação de problemas.
A vida não produz frutos. Fechado em si, o poder humano
nada pode. Não é fecundo em transformações reais para o bem e o progresso
individual e social. Deve ser plantado no amor e exercido na doação de si.
O ministério de São Paulo nasceu do grão de trigo: “Abri
mão de todas as minhas vantagens em troca de conhecer Jesus. Por ele aceitei
perder tudo, e tudo considero como lixo, só para ganhá-lo”. (Fl 3,7ss.). Só o
amor a Cristo fecunda a nossa fé.
Pe. Antônio Clayton Sant´Anna, C. Ss.R.
Palavra de fé: “A palavra de Cristo permaneça entre nós em toda a sua riqueza, de
sorte que com toda a sabedoria vós possais instruir e exortar mutuamente. Sob a
inspiração da graça cantai a Deus de todo o coração salmos, hinos e cânticos
espirituais”. (Colossenses 3,16)
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