quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sob a ótica do pregador

Pregadores de religião mostram sermão após sermão, o mundo onde vivem. Eles! Não necessariamente seus ouvintes. Se lêem pouco, e apenas um tipo de leitura, esse conhecimento unilateral vai aparecer em seus discursos. Se não lêem quase nada, Deus “vai lhes dizer” a maioria das palavras que falarão naquele momento. Chamam o Senhor em socorro da sua falta de estudo e de iniciativa em buscar sua Palavra ou de seu desprezo pela cultura do mundo, presente nos livros de pensadores sérios.

Se a cabeça do pregador está imersa em um buraco ou em uma selva escura, onde a luz só entra uma ou duas horas por dia, o pregador terá um discurso de alma sôfrega, com palavras repletas de assombrações, cheias de soluções rápidas, imediatas, ali, na hora, misteriosas e imediatistas: “Deus quer agora”; “Ele está me dizendo”; “Eu sinto que...”. Com isso, vai sobrecarregar os fiéis de respostas prontas e mágicas. Seu discurso lembrará os livros e filmes de terror, nos quais, em cada beco, pode surgir um demônio ou uma alma penada. Prega certezas e garante tudo em nome de Jesus, porque lhe falta mais leitura e as luzes da esperança. Esta é sempre mais trabalhosa que a certeza, pois faz pensar e conduz à busca de soluções; ao passo que a convicção apresenta respostas prontas, como, por exemplo: “Deus o mandou fazer isso. Então faça e não discuta! Não questione! Aceite Jesus”. Só não é acrescentada esta frase, que está subentendida: “Do jeito que eu estou lhe mostrando”.

Se lesse de verdade o Santo Livro, veria que nem tudo tem solução rápida e que não basta dizer “Senhor, Senhor”, erguer as mãos e usar o nome de Jesus para expulsar qualquer demônio que, às vezes, nem é demônio, nem vai embora. Uma coisa é o demônio real, e outro o de televisão. Religião é muito mais que apontar uma lanterna contra um ângulo escuro e pedir que os telespectadores e ouvintes nos sigam.

Se vive em uma colina onde a luz brilha entre 12 e 15 horas por dia, ele vai ser um pregador de luzes. Seu discurso será o de um homem esperançoso, que semeia confiança e ensina seu povo a caminhar. Provavelmente, mais que apontar sua lanterna para um canto escuro, vai conduzir os fiéis a ir e abrir aquelas janelas, também em nome de Jesus!

Algumas afirmações de pregadores da atualidade demonstram o tipo de formação recebida e os livros que andaram lendo. Quando diz que todos ali, na enorme assembléia, “estão com encosto, só que ele ainda não se manifestou”, o pregador revela seu pensamento sobre a presença do demônio no mundo e nas almas. Está dizendo que, até mesmo na assembléia de batizados e convertidos que se entregaram a Jesus naquela igreja, as sombras continuam onipotentes e o espaço permanece ocupado pelo demônio. Imagine, então, o que ele pensa dos que não pertencem à sua Igreja!

Ao abrir a boca, os pregadores demonstram sua cultura. Um bom número de pregadores da mídia religiosa mostra que sabe das coisas. Mas há muitos que não sabem e acham que não precisam saber. Afinal, Deus é o roteirista que lhes indica o que devem dizer naquela hora. A mensagem deles, porém, mensagem de Deus que não é!

Palavra de fé: “Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da Palavra de Cristo”. (Romanos 10,17)

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