sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Sacramento da Reconciliação


O sacramento da reconciliação é mais conhecido como confissão e penitência. É a posição do filho que, tudo errado e reconhecendo sua fraqueza, volta ao encontro do Pai para pedir-lhe perdão, prometendo não mais pecar. E o Pai, que é Deus, o bom Pai do Céu, vem ao seu encontro e o abraça, oferecendo-lhe seu perdão.

Reflexões Teológicas:

1. O pecado e o perdão da Igreja:

O homem experimenta no seu íntimo a fragilidade e a capacidade de pecar. De fato, o pecado entrou no mundo e atingiu toda a humanidade. Mas Deus, que é Pai, manifesta sua misericórdia para com o homem pecado enviando o Seu Filho para livrá-lo do pecado, tirando-o da escuridão para a luz. Cristo exortou à todos para a conversão, acolheu pecadores e curou enfermos para manifestar seu poder de perdoar os pecados. Finalmente morreu pelos pecados dos homens e ressuscitou para a salvação de todos.

A Igreja continua a ação salvadora de Jesus. Ao iniciar sua paixão, na morte em que ia ser entregue, instituiu o sacrifício da nova aliança em seu sangue para remissão dos pecados. Depois de sua ressurreição, enviou o Espírito Santo sobre os Apóstolos a fim de possuírem o poder de perdoar os pecados. Assim, a Igreja continua a ação libertadora de Jesus.

O pecado e a infidelidade levam a uma quebra de comunhão com Deus e a um afastamento da Igreja. Por isso, faz-se necessário reconhecer os próprios erros e retroceder do caminho do mal e voltar para Deus, certeza de perdão. Por isso, a doutrina da Igreja nos dá o sacramento da reconciliação para voltarmos a crescer no amor a Deus e ao próximo.

2. Dimensões do sacramento da reconciliação:

O sacramento da reconciliação é um louvor e ação de graças. Ao ser perdoado, o cristão sente necessidade de louvar a misericórdia e a bondade do Senhor, bem como render graças a Deus do perdão recebido. Se o pecado humilha, o perdão restabelece a dignidade. A reconciliação é o sacramento da alegria pascoal.

Dificuldades na prática do sacramento da reconciliação:

1. Uma crise de ordem moral:

a) falta aos fiéis uma noção exata e clara de pecado. A afirmação: “não tenho pecados” e a revelação da falta de critérios para reconhecer sua própria situação cristã;

b) para muitos, a confissão é apenas um desabafo psicológico e não um retorno no consciente para Deus;

c) insensibilidade quanto a gravidade dos pecados contra a justiça e malefício que isto acarreta aos irmãos e a sociedade.

Com relação à prática do sacramento:

a) por formação individualista, muitos buscam o perdão diretamente em Deus, rejeitando a mediação da Igreja;

b) afastamento ou diminuição da freqüência ao sacramento por parte dos fiéis, e por parte de alguns sacerdotes que não se disponibilizam para o atendimento às confissões;

c) não compreendem que este sacramento representa o dinamismo e a progressividade da conversão. Muitos julgam a confissão inputil, porque voltam a cometer os mesmos pecados;

d) “1 João 2, 1-2”.

Orientações Pastorais:

Para que o sacramento da reconciliação seja valorizado e praticado com maior fruto pelos fiéis, sugere-se:

1. Antes da celebração:

A vivência do perdão fraterno. Perdoando aos outros e sendo por eles perdoados, começa-se a receber o perdão de Deus: “João 20,23”. E ainda: “Mateus 6,12”.

As celebrações penitenciais são assembléias do povo de Deus para ouvir Suas palavras que convida à conversão e a renovação da vida. Onde não houver sacerdote disponível para conceder a absolvição sacramental, estas celebrações são utilíssimas por despertar nos fiéis uma contrição perfeita nascida da caridade, pela qual, com o desejo de receber mais tarde o sacramento da reconciliação e conseguir a graça de Deus.

Por meio da pregação da Palavra de Deus e por suas orações, os penitentes alcançam à misericórdia de Deus, o único que pode perdoar os pecados.

2. As celebrações do sacramento:

Os ritos do sacramento da reconciliação foram publicados pela Sagrada Congregação para o Culto Divino, que em 2 de dezembro de 1973, e a versão brasileira em 11 de agosto de 1975, pela CNBB.

O ritual propõe três formas de celebração que permitem destacar melhor os vários aspectos da reconciliação e adaptá-los as necessidades dos fiéis:

- Reconciliação individual: é a tradicional confissão direta entre o penitente e o confessor (Padre), na forma de diálogo;

- Celebração com confissão e absolvição individuais: este se inicia com uma celebração comunitária onde se proclamam os apelos de Deus, onde se tornam visíveis às dimensões sociais e eclesiais da conversão para, em seguida, cada penitente se confessar individualmente e receber a absolvição;

- Celebração com confissão e absolvição geral: nesta celebração da palavra e da tomada de consciência dos pecados, os fiéis confessam de maneira geral sua condição de pecadores e recebem todos juntos a absolvição de seus pecados.


Condições adequadas para a reconciliação individual (confissão):

a) local apropriado e discreto dentro da Igreja (confessionário), ou em outro lugar anexo à Paróquia e de fácil acesso;

b) que hajam horários, disciplinares fixados visivelmente para o atendimento aos fiéis;

c) que sejam eliminadas as confissões durante a missa ou qualquer outra celebração da comunidade;

d) quando vários penitentes se reunirem para o sacramento da reconciliação individual, convém que sejam preparados por uma exortação da palavra de Deus, enquanto aguardam a sua vez por um membro da pastoral da comunidade;

e) que este ato penitencial não seja apenas uma formalidade, mas o confessor (Padre) tenha cuidado de dialogar com o penitente, motivando-o a uma prática concreta que irá ajudá-lo no processo da conversão: “Lucas 15,10”.

Recomenda-se, por diversos fatores nas comunidades, a reconciliação pelo menos nas seguintes ocasiões:

- por ocasião do Advento e do Natal;
- durante a Semana Santa;
- nas primeiras sextas-feiras ou domingos do mês;
- nas festas do padroeiro ou ocasiões extraordinárias;
- nas comunidades em que o sacerdote não pode demorar-se o tempo necessário para individual.

Desaconselha-se:

A absolvição geral em cursilhos, retiros espirituais, primeira comunhão, encontros de casais e outros encontros, porque nestas ocasiões o encontro pessoal torna-se desejável e profundo. É a oportunidade de reflexão e aconselhamento. O sacramento da reconciliação é um meio de conversão contínuo. É a manifestação amorosa para ajudar o homem a vencer tudo o que o escraviza, principalmente o pecado: “Lucas 5,20”. E ainda: “Marcos 3,17”.


Próximo: Unção dos Enfermos.

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