sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A parábola da porta

A história abaixo pode nos ajudar a planejar o trabalho bíblico em nossas comunidades para o próximo ano.

Num povoado havia uma casa. Era chamada Casa do Povo. Tinha uma porta bonita e larga que ficava sempre aberta. Quem por ela entrava parecia continuar na rua. Quem passava na rua parecia ser acolhido pela casa. Nela o povo se reunia, discutia seus problemas e celebrava a vida.

O povo perde sua casa

Certa vez, chegaram dois estudiosos. Vinham de fora para conhecer a casa. Para ter mais sossego, abriram uma porta lateral. O povo, entrando pela porta da frente, via os dois com grandes livros e ficava calado para não perturbá-los. Tinha muita admiração por eles, pois estudavam a beleza e a história da casa.

Os estudos avançavam e ganhavam fama por todo o mundo. Os dois descobriram coisas lindas que o povo já sabia, mas do jeito dele, que era diferente do jeito dos doutores.

Começou-se a dizer que uma casa tão importante precisava de respeito. Não podia ser lugar de conversa e dança. Assim, pouco a pouco, a Casa do Povo deixou de ser do povo. As pessoas recebiam explicações dos doutores sobre a casa que tanto conheciam e pareciam não conhecer mais.

Um dia uma ventania fechou a porta da frente. Ninguém pareceu notar. Afinal, a entrada correta era a porta lateral. Mas, com o tempo, também o fascínio pela casa foi desaparecendo. O povo não mais a visitava. Um dos estudiosos começou a ficar apreensivo com isso. O outro não notara nada. Reclamou até do colega. Exigiu dele maior aplicação no estudo do passado.

Reencontrando a porta da frente
Certa noite aconteceu que um mendigo, ao procurar um abrigo, achou uma fresta na porta da frente da casa. Adorou o local. Convidou os amigos, que de tanto entrarem e saírem pela fresta acabaram abrindo totalmente a porta. A casa iluminou-se por dentro.

A descoberta correu de boca em boca. Escondido, o povo voltava a cantar, rir e dançar dentro da casa, que começava a ser, de novo, deles.

O fato foi levado ao conhecimento dos dois estudiosos. Um ficou bravo, o outro achou ótimo. E por isso brigaram. O que gostou da mudança escondeu-se de noite na casa. Viu o povo festejar a vida e contagiou-se com isso. Dançou e cantou com ele. Percebeu naquela hora, que tudo aquilo que descobrira em suas pesquisas tinha sido feito pelo povo para poder se alegrar na vida. Viu que o problema foi separar a rua da casa e a casa da rua. E se propôs a ajudar o povo a unir de novo essas duas coisas.

Inspirado no texto de Carlos Mesters, a Parábola da Porta, coleção Palavra Partilhada, CEBI-Sul, nº 3, 1992.


Palavra de fé: “Anda na companhia do povo santo, com os que vivem e proclamam a glória de Deus”. (Eclesiástico 17, 25)

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