terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Família: Lugar de diálogo

Sempre devemos fixar o nosso olhar na família de Nazaré para saber descobrir a beleza do estar juntos, caminhar juntos, especialmente encontrar momentos de Deus para dialogar e rezar. Teresa de Ávila era muito atenta; quando falava, ela dizia: “eu não gosto de afirmar, que é assim e assado, prefiro dizer ‘parece-me que é”’. Com ela tenho aprendido que toda afirmação dura é sempre uma expressão ditatorial que impede de viver a alegria da busca. Quem afirma está, às vezes, fechado ao amor e ao diálogo. A família é o lugar mais belo criado por Deus, onde deve existir espaço sagrado para parar e deixar fora os problemas que nos atacam, e ver as coisas não mais com os olhos do amor. Com este olhar do amor percebemos uma nova dimensão, a dimensão do diálogo. Por muito tempo eu jurava que sabia o que era o diálogo, mas hoje devo confessar que na maioria das vezes não dialogava, só monologava sozinho e a minha única tentativa era que o único que poderia ter a última palavra de São João da Cruz, místico experto no diálogo com Deus e com os outros: “É necessário esvaziar-se de si mesmo para poder se comunicar com Deus e, por conseguinte, com os outros”.

Quem não tem humildade de achar que não possui a verdade plena, dificilmente saberá dialogar. Do diálogo nasce a escuta, a oração. Na família, o marido deve escutar a esposa com amor, sem preconceito e nem barreira, para poder compreendê-la melhor. E a esposa deve ser capaz de oferecer o “ouvido do seu coração” para que as palavras e gestos do marido sejam compreendidos e amados. E os pais juntos necessitam se colocar numa atitude de escuta do grito, dos olhares, dos sofrimentos e das esperanças dos filhos que buscam novos caminhos na vida. E os filhos não podem se fechar ao que os pais dizem porque romperiam a harmonia, e a seiva do diálogo não chegaria a todos os membros do corpo.

Família não é pedra, nem casa, nem móveis, nem geladeira e nem TV, mas família é gente que interage na busca da verdade e do verdadeiro amor. Aprende a dialogar com Deus que entra em comunhão com o seu povo e diz: “escuta Israel!”. E com o ser humano que responde para Deus: “escuta Senhor a minha oração!”. Toda escuta nasce do amor e leva ao amor. A porta do diálogo nunca pode ser fechada, ela sempre deve estar aberta para todos e em todas as necessidades.

Família, lugar de escuta, não de domínio; de diálogo, não de imposição. Família nasce da presença do amor que leva a nunca buscar a própria satisfação, mas sim o projeto dos outros. Pare e escute... e só depois de muita reflexão responda e verá a vida nascer de novo e as flores da harmonia e da alegria presentes no jardim de sua família.





Palavra de fé: “Vós me ensinareis o caminho da vida, há abundância de alegria junto de vós, e delicias eternas à vossa direita”. (Salmo 15,11)

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