quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Ósculo Sagrado e o Sinal da Cruz




O “beijo santo”, como é conhecido o ósculo sagrado, é muito comum nas celebrações cristãs, assumindo uma tradição pagã no Oriente Médio. Em algumas comunidades, sobretudo na Igreja da África, o ósculo sagrado é um gesto de saudação entre os fiéis. Para nós, interessa a tradição romana, na qual a saudação é feita ao altar do sacrifício eucarístico. O celebrante-presidente inclina a cabeça e beija o altar. É um gesto reverencial e silencioso. Em alguns rituais antigos, encontramos que este beijo ao altar era também repetido entre vários ministros celebrantes, como sinal de comunhão espiritual e afetiva. Hoje, o altar é beijado apenas pelos sacerdotes no início da celebração.

Saudação trinitária

O sinal da cruz é o ritual efetivo mais intenso de abertura da ceia eucarística. Nem sempre é feito com a devida atenção. Nos últimos tempos, despertou-se a necessidade de cantar esta saudação. Mesmo sendo pouco aceitas por alguns estudiosos, as melodias serviram para valorizar este breve ritual.

Este gesto inclui duas realidades de nossa doutrina:

- Gesto da cruz: quando recitamos o gesto da cruz, recordamos o mistério da nossa salvação. Tecendo sobre o rosto o sinal da cruz, fazemos anamnesis deste grande acontecimento que marca a história da salvação.

Mais que demarcar o início do ritual, o sinal da cruz é parte da oração. Não podem ser gestos imperceptíveis, maltraçados e sem elegância. Este gesto deve recordar o traço entrecortado da cruz, com suas duas hastes, para reviver espiritualmente a paixão e morte do Senhor.

- Nome trinitário divino: as palavras que acompanham o gesto da cruz revivem o mistério da nossa fé, que é a Trindade Santíssima. Nas pontas das hastes da cruz, aclamamos o nome de Deus, que é Pai, que é Filho e Espírito Santo, revelando que os três participam e são solidários na entrega do Filho Jesus Cristo, na cruz. A Trindade está presente por inteiro no evento do Calvário. Recordamos os nomes das três pessoas da Santíssima Trindade, para recordar em nome de quem estamos iniciando nossa celebração.

Na dimensão mística, o sinal da cruz tem o valor de consagração ou santificação, suplicando a proteção divina, bem como se entregando ao Senhor. Por esta motivação, fazemos sempre este sinal diante das igrejas, no início de nossas atividades e em momentos cruciais da vida. Quem já não observou um goleiro traçando o sinal da cruz na hora do pênalti, ou o artista antes de sua performance? Este sinal significa súplica e entrega a Deus.

Tantas vezes notamos sinais registrando o pertencimento das pessoas a uma entidade ou uma divindade. Vamos recordar, por exemplo, do Faraó (cf. Gn 41,42) que ofertou seu anel a José, delegando sua autoridade de rei. O rei Assuero entregou à rainha Ester a marca do sinete real (cf. 1Rs 21,8). O pai do filho pródigo lhe entregou o anel, como sinal de pertença à família (cf. Lc 15). Estes exemplos nos mostram como o sinal da cruz, traçado sobre a fronte ou em nosso corpo, representa nosso pacto com Deus. Este pacto é recordado no início da celebração para assinalar o significado de nossa fé.


Padres Antônio S. Bogaz, Rodinei C. Thomazella e Professor João H. Hansen.


Palavra de fé: “Saudai-vos uns aos outros com o ósculo afetuoso. A paz esteja com todos vós que estais em Cristo”. (1 Pedro 5,14)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Saiba sobre:




1. Árvore da ciência – árvore do jardim do Eden, no tempo de Adão e Eva (Gênese 2,9; 3,3). Chamada, também, árvore da ciência do bem e do mal, por causa das conseqüências resultantes do comer seus frutos. Embora Deus tivesse proibido a Adão e Eva de comê-los, Eva cedeu à tentação da serpente, comeu a fruta e deu a Adão que também comeu (Gênese 3,1-6). A consequência da desobediência, foi a expulsão do Paraíso e a condenação a uma vida dura que devia terminar com a morte (Gênese 3,16-18). Devido à semelhança existente entre as palavras latinas “mãlum” (Maça) e “mãlum” (mal), a tradição popular, na Idade Média, identificou essa árvore com a macieira. Dentro da ortodoxia católica, pode-se admitir que seja simples figura literária para designar uma realidade (uma proibição divina), para nós desconhecida.

2. Árvore do Conhecimento – significa também Árvore da Ciência.

3. Árvore da vida – árvore do jardim do Éden, no tempo de Adão e Eva (Gênese 2,9), assim chamada porque seu fruto conferia aos que o comessem, a imortalidade. Adão e Eva foram expulsos para que não comessem o fruto e vivessem eternamente (Gênese 3,22). A árvore da vida é um tipo de Sagrada Eucaristia. Embora achem que vem mencionada sob esta figura no “Apocalipse 2,7; 22,2”, o mais provável é que São João diretamente estivesse se referindo à imortalidade na bem aventurança.


Palavra de fé: “Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno (infinito) poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras; de modo que não se podem escusar”. (Romanos 1,20)

Palavra de Deus




A Palavra de Deus acorda forças.
Transforma-nos.

Da Palavra de Deus nasceu o mundo.
É por isso que ele se transforma,
pela força mesma da Palavra de amor.

A Bíblia é, em primeiro lugar, um livro de oração.
É aí que se estabelece a comunhão entre o Pai e seus filhos.

Como o amor não se pode transformar em rotina,
também o livro da Bíblia não pode jamais envelhecer.

Toda separação é contrária à Palavra de Deus,
que congrega sempre.
O Evangelho é a maior defesa da existência.

É pelo Sermão da Montanha e nas chamadas bem aventuranças que se forja a humanidade nova.

O Evangelho é o remédio mais seguro para o mal do desânimo, da mediocridade.

Quem escuta a Palavra de Deus assume a força de Deus.
E aceita não só o seu modo de ver,
Mas, também, o seu poder de transformar.
Quem se orienta pelo Evangelho
leva vida simples, transparente, autêntica.

É que Deus não se engana nem pode ser enganado.

Dom Paulo Evaristo Arns

Palavra de fé: “Por sua vontade é que nos gerou pela palavra da verdade, a fim de que sejamos como que as primícias das suas criaturas”. (Tiago 1,18)

Selecionando hóspedes




“Maria precisou fazer uma viagem às pressas. Foi visitar sua avó que estava nas últimas. Como não podia deixar sua residência desprotegida, pediu a uma vizinha que tomasse conta dela por uns dias enquanto estivesse fora. Passado algum tempo, quando retornou, Maria encontrou sua casa completamente desarrumada, suja, e com alguns móveis danificados. Foi ter com a vizinha, buscando explicações para a bagunça: - Sabe o que é, dona Maria, logo que a senhora viajou, alguns de seus sobrinhos vieram lhe visitar e pediram pouso. Não imaginei que eles fossem fazer essa algazarra. Maria ficou furiosa e gritou: - Esta casa é minha, não sua. Você não tinha esse direito! Devia ter dito: NÃO!”

Esta pequena estória me faz pensar como Deus, provavelmente, gostaria de nos dizer a mesma coisa. Ele procura nos dar liberdade nas escolhas que fazemos, mas creio que, sinceramente, não esperava tamanha bagunça em nossas vidas. Perdemos de vista que, na realidade, não nos pertencemos. Antes, somos templos do Espírito de Deus. “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus, e que, por isto mesmo, já não vos pertenceis?” (I Cor 6, 19). Esquecemos que, com esse empréstimo, tornamo-nos obrigados para com Deus, e precisamos prestar-lhe contas do emprego que estamos fazendo do seu imóvel, pois é isso mesmo que somos sem o sopro divino, mero imóvel (os cadáveres provam isso).

Não fazemos a mínima seleção do que entra em nossa casa, templo do Espírito. Entra maldade, ganância, desamor, roubo, mentira, devassidão... E tudo bem, parece sempre caber mais.  Esquecemos de ficar na porta, à espreita daquilo que quer entrar, a fim de verificarmos se é conveniente ou não. Deixamos nossa casa ser entorpecida com bebidas e drogas, violentada com sexo livre, amordaçada com mentiras e corrupção, aprisionada com estelionatos, furtos, roubos e homicídios. Ah, como nossa casa está sendo mal cuidada... E nesse caso nem é nossa vizinha que toma conta, somos nós mesmos. Que horror!

Fico estarrecida quando verifico o número de homicídios que acontecem hoje em dia. Meu Deus, onde nós estamos? O que é isso? Essa forma tão primitiva de solucionar os conflitos. O instinto falando mais alto quando já deveríamos ser tão civilizados. É lamentável que tenhamos aprendido tão pouco em tantos anos de existência. Eu me envergonho frente ao Senhor por essas barbaridades, ciente de que o homem é fraco, mas ciente também de que não tem policiado a movimentação em frente à sua porta, deixando entrar “qualquer ralé” como nos aponta o autor Max Lucado, em seu livro: Simplesmente como Jesus.

Vamos acordar! Deus nos deu livre-arbítrio não para promovermos orgias espetacularmente horrendas, mas como prova de seu imenso amor. Um amor que deixa livre para ser acolhido ou não. Montemos guarda em frente à porta de nossa casa, e só deixemos entrar aquilo que realmente compensa, santifica, enobrece. Quanto ao restante, saibamos dizer: “NÃO”, e colocar da porta pra fora!

Maria Regina Canhos Vicentin



Proteja-se da doença de Alzheimer



Quatro pequenos passos para manter a mente afiada

Se todo mundo adotasse apenas um hábito saudável seria possível prevenir ou retardar um milhão de casos de doença de Alzheimer previstos para surgir nos próximos anos diz o psiquiatra Dr. Gary Small diretor do Centro de Longevidade da Universidade da Califórnia (UCLA). Comece devagar, faça exercícios estudos mostram que quando pessoas sedentárias iniciam um programa para entrar em forma, não só os músculos de pernas e braços se fortalecem; porções importantes do cérebro também. É possível aumentar a musculatura cerebral, basta poucos minutos de exercícios diários.

Faça exercícios. É claro que essa sempre é a "Solução para Tudo", mas os estudos mostram que, quando pessoas sedentárias iniciam um programa para entrar em forma, não são só os músculos de pernas e braços que se fortalecem; porções importantes do cérebro também. É possível aumentar a musculatura cerebral. Ninguém precisa virar triatleta; basta estacionar o carro um pouco longe do seu destino. Suba escadas. Comece devagar e vá aumentando.

Administre o estresse. Um estudo verificou que quem se estressa facilmente tem o dobro da possibilidade de desenvolver Alzheimer num período de cinco anos. Meditar ajuda; os estudos comprovam que a meditação aumenta o tamanho das partes do cérebro que controlam a memória. O tai chi também, assim como massagens e passeios depois do jantar com um amigo. Não importa o que faça; não se estresse com o plano de prevenção da doença de Alzheimer, aconselha o Dr. Small. Pequenos passos nos levam longe.

Alongue a mente. Segundo o Dr. Small, qualquer tipo de desafio mental ajuda a afastar a doença de Alzheimer. Faça um curso ou converse sobre política com amigos. Desde que evitem brigar, o benefício será duplo, já que os estudos indicam que ter uma rede de amigos pode baixar o risco de demência em até 60%.

Alimente o cérebro. Quer manter todos os parafusos no lugar? Coma bem, mas não demais: Em quem está gordo na meia-idade, o risco de demência dobra. Em quem é obeso, os riscos quadruplica. Uma alimentação rica em horfrutigranjeiros, cereais integrais e peixe são bons porque reduz o risco de diabete, grande aliado da doença.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Contra a hipocrisia




Hipocrisia é a manifestação de “falsas” virtudes, de bons sentimentos, de devoção religiosa e compaixão. Também podemos qualificá-la como fingimento e falsidade. Jesus condena fortemente a hipocrisia e a vaidade, vejamos:

- “Mateus 23,27-28”;
- “Marcos 12,38-40”;
- “Lucas 6,41-42”.

Precisamos conhecer Jesus para sermos atraídos pela sua bondade e humildade, vejam, ele nos convida ao aprendizado do amor: “Mateus 11,29”.

Não é a “devoçãozinha” (frequentemente açucaradas e extravagantes, muitas missas e pouca caridade), que Cristo exorta, mas, acima de tudo, ele quer que o imitemos no seu bondoso amor e profunda humildade, como os discípulos e tantos outros que seguiram e seguem os seus ensinamentos.

Prestem atenção em: “Eclesiástico 10,7”! Leia, também, e guarde as palavras de São Paulo: “Romanos 12,16”.

Principalmente, em comunidade, deixar de lado a autoprojeção, a competição. Orgulho, violência, ambição (desejo de poder e riqueza), são atitudes diabólicas e anticristãs.

A qualidade fundamental de um verdadeiro cristão é a humildade, pois dela vem todas as outras virtudes. O humilde é uma pessoa que se considera imperfeita e reconhece a necessidade de aprender e ser ajudado.

Greve na mente: “Sente-se sempre como uma parte, nunca como um todo”. (Theodor Fontane). Somos todos juntos, os ramos da videira, a videira é Jesus Cristo a quem devemos conhecer, seguir e dar testemunho.


Palavra de fé: “Completai a minha alegria, permanecendo unidos. Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos. Nada façais por um espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos”. (Filipenses 2,2-3)

A importância de ler a Bíblia



Leia e reflita: “João 5,24”.

A Bíblia não é um livro qualquer, mas sim uma verdadeira biblioteca com revelações amorosas de Deus e ensinamentos sobre a nossa conduta para alcançarmos o Reino a salvação. O Apóstolo Paulo nos alerta e ensina em: “1 Tessalonicenses 2,13”.

Conhecer a Bíblia é conhecer a verdade (João 17,17), é aprender a amar a Deus, assimilando princípios morais que, por certo, nos levará a descobrir o sentido da vida, a felicidade. Leiam: “Tiago 1,25”. Também aprenderemos que lendo a Bíblia, com fidelidade e atenção, nos aproximamos bem mais de Jesus Cristo e nossa oração terá uma relação mais próxima e graças acontecerão em abundância. O conhecimento da Palavra de Deus, na Bíblia, nos ajudará a encontrar o caminho da esperança e a cultivar as qualidades desejáveis aos de Deus: amor, compaixão, alegria, paz, bondade, generosidade e fé. Comprove em: “Efésios 4,24; 4,32”. Todas essas qualidades ajudam-nos a melhorar como esposo ou esposa, pai ou mãe, filho ou filha, entre irmãos e em Comunidade.

Talvez você já tenha tentado conhecer a Bíblia, mas achou difícil entendê-la. Você não é o único, todos nós precisamos de ajuda para entender a Palavra de Deus. Procure na sua Comunidade Paroquial, na pessoa do sacerdote esse ensino, pois para essa missão ele chegou à Comunidade. Veja nas palavras de São Pedro: “2 Pedro 5,1-4”. Comece esse hábito, esse encontro com Jesus, lendo pausadamente e meditando as Epístolas (cartas) de São João e encante-se. Procure firmar pequenos grupos para partilhar, uma vez por semana, por uma hora e ao final um pequeno lanche para brindar esse encontro com Deus e Jesus Cristo. O importante é o primeiro passo. Conhecer a Palavra de Deus é descobrir a verdadeira fé!

“A verdade cristã torna-se convincente onde foi vivida”. (Car Friedrich Weizsaker)

Palavra de fé: “A aflição no coração do homem o deprime; uma boa palavra restitui-lhe a alegria”. (Provérbios 12,25)

Novas esperanças no tratamento da epilepsia



Dieta diferenciada, novo medicamento para crianças e estimulação do nervo vago são algumas das boas novas.

Dois milhões. Essa é a estimativa do número de brasileiros que têm epilepsia, um mal que, se não tratado, interfere – e muito – na qualidade de vida não apenas do paciente, mas daqueles que convivem com ele. O problema é causado por uma descarga excessiva e anormal de neurônios, nossas células nervosas. E isso pode provocar convulsões, espasmos musculares e perda de memória. É uma doença mais frequente nos dois extremos da vida: infância e velhice. Algumas crianças apresentam as crises já nos primeiros meses, mas ao longo dos anos o problema pode desaparecer. De qualquer forma, já existem diversas soluções, algumas delas recentes, para amenizar ou mesmo acabar com as crises. Mas isso ainda não significa a cura.

Os medicamentos comumente usados atuam de diversas formas no sistema nervoso central. No entanto, para cerca de 30% dos pacientes, as atuais drogas não funcionam de maneira eficiente. Nesse caso, uma boa parcela deles pode realizar uma avaliação que tem como finalidade descobrir se existe algo que possa ser feito por meio de uma cirurgia para aplacar as crises. Cerca de dois terços dos pacientes operados ficam livres dos sintomas.

Outro tratamento é um tipo de dieta, chamada de cetogênica, que tem sido usada, há mais de 50 anos, como terapia nas epilepsias de difícil controle com bons resultados. Ela costuma reduzir dramaticamente a frequência das crises e, na maioria dos casos, possibilita a redução nas doses de medicamentos e, algumas vezes, até sua suspensão. Essa dieta, que deve ser feita apenas com orientação médica, tem como objetivo induzir o estado de cetose, ou seja, quando o organismo usa seus depósitos de gordura como fonte de energia. Na dieta cetogênica a ingestão de calorias mantém-se normal, de acordo com as necessidades de cada pessoa, porém essas calorias são fornecidas pelo componente gordura. As proteínas são reduzidas ao estritamente recomendado para a faixa etária do paciente e há restrição quase total dos carboidratos (pão, macarrão, arroz, açúcar, doces, entre outros). Os médicos perceberam, especialmente em crianças que não respondem bem aos tratamentos convencionais da epilepsia, que a ação desse cardápio no organismo atenua a atividade elétrica anormal.

Existe ainda mais uma novidade em medicamentos: alguns deles estão com uma apresentação mais atraente. São as cápsulas com microgrânulos, que podem ser abertas e esse pó colocado em uma colher com a comida preferida da criança. Dessa forma, há mais aceitação do medicamento e aumenta a adesão ao tratamento. Além disso, consumido dessa forma, o medicamento é absorvido de maneira mais lenta e uniforme, o que melhora sua eficácia e tolerância.

Outra boa notícia é que uma técnica, que tem ação no nervo vago, passou a ser usada recentemente no tratamento de pacientes com epilepsia, com resultados positivos. Uma espécie de marca-passo, colocado no tórax, estimula o nervo vago, que fica próximo ao pescoço. Essa estimulação ajuda no controle das crises, apesar de habitualmente não acabar com elas. Os estudos agora estão focados em células-tronco, ou melhor, no implante delas no sistema nervoso central para amenizar ou mesmo resolver de uma vez o problema da epilepsia.


Palavra de fé: “Deixai-vos, pois, instruir por minhas palavras, e nelas encontrareis grande proveito”. (Sabedoria 6,25)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Em busca da diferença




O abade João Pequeno pensou: “estou cansado de ser um homem como os outros, preciso ser igual aos anjos, que nada fazem, e vivem contemplando a glória de Deus”. Naquela noite, abandonou o mosteiro de Sceta e foi para o deserto.
Uma semana depois, voltou para o convento. O Irmão Porteiro escutou-o bater na porta, e perguntou quem era.
 - Sou o abade João - respondeu. - Estou com fome.
- Não pode ser - disse o Irmão Porteiro. - O abade João está no deserto, se transformando em anjo. Já não sente mais fome, e não precisa trabalhar para sustentar-se.
- Perdoa meu orgulho - respondeu o abade João.
- Os anjos ajudam a humanidade;  este é o trabalho deles, e por isso não precisam comer, apenas contemplar.
“Mas eu sou um homem. A única maneira de contemplar esta mesma glória é fazendo o que os anjos fazem – ajudando meu próximo. O jejum não adianta nada.”
Ouvindo o gesto de humildade, o Irmão Porteiro tornou a abrir a porta do convento.

Qual o melhor exemplo
Perguntaram a Dov Beer de Mezeritch:
- Qual o melhor exemplo a seguir? O dos homens piedosos, que dedicam sua vida a Deus sem perguntar por quê? Ou o dos homens cultos, que procuram entender a vontade do Altíssimo?
- O melhor exemplo é a criança - respondeu Dov Beer.
- A criança não sabe nada. Ainda não aprendeu o que é a realidade! - foi o comentário geral.
- Vocês estão muito enganados, porque ela possui quatro qualidades que nunca devíamos nos esquecer. Está sempre alegre sem razão. Está sempre ocupada.
Quando deseja qualquer coisa, sabe exigi-la com insistência e determinação. Finalmente, consegue parar de chorar muito rápido. 

Paulo Coelho

Palavra de fé: “Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para aprovação”. (Eclesiástico 2,1)

domingo, 2 de setembro de 2012

Ladainha: história e espiritualidade




A correria dos dias de hoje, a falta de tempo para o diálogo, a comunicação cada vez mais intermediada por tecnologias, poucas palavras precisam informar muitas coisas, ditam o ritmo da vida e quase sempre a qualidade dos nossos relacionamentos. Neste contexto, algumas palavras acabam perdendo o significado originário e são usadas para indicar outro sentido. A palavra ladainha passou por este processo de transformação. É comum escutar expressões como “lá vem novamente com a mesma ladainha” ou “aquela pessoas me cansa com a ladainha insuportável de lamentação”.

A palavra ladainha vem do grego e significa súplica. É um modo de oração suplicante, formada por invocações simples e breves, rezada nas procissões penitenciais. A repetição lhe dá o tom de intensidade; é oração de quem se encontra em situação de emergência e faz seu pedido com insistência, simplicidade e confiança.

A repetição freqüente do Kyrie Eleison provavelmente foi a forma original da oração em forma de ladainha, usada antigamente na Igreja da Ásia e de Roma. Um decreto do ano 529 dizia: “Deixe que o belo costume de todas as províncias do Oriente e da Itália seja mantido (...) cantar com devoção o Kyrie Eleison (...), porque tão agradável e doce canto nunca poderia produzir fadiga”. O número das repetições dependia do presidente da celebração.

No século V, as devoções cristãs começaram a se tornar públicas e realizadas frequentemente com procissões, cantando títulos do Cristo e invocações aos santos, especialmente nos dias em que eram celebradas as festas pagãs. Por volta dos anos 590, quando uma epidemia devastou a cidade de Roma, o então papa Gregório Magno exortou os cristãos de Roma à oração, numa grande ladainha penitencial até a Basílica de Santa Maria Maior, para pedir proteção. Na Igreja Oriental, a ladainha faz parte da celebração litúrgica. É oração de intercessão e perdão baseada no salmo 50. A Igreja Latina canta a ladainha dos santos nas solenidades e no rito do sacramento da ordem.

Orações em forma de ladainha são encontradas na bíblia. O louvor das criaturas no livro de Daniel (Dn 3,51-90) é a ladainha mais conhecida no antigo testamento: a criação se une num coro de louvor bendizendo a Deus Criador; o salmo 148, nesta mesma linha, é uma repetição de louvores a Deus pela criação: o salmista convida todas as coisas criadas a louvar a Deus; também o salmo 136 convida o povo, em forma de repetição, a dar graças ao Senhor “porque eterna é a sua misericórdia”. Este modo de oração coloca toda a criação numa celebração litúrgica em que o homem reconduz as criaturas ao Criador.

A ladainha é um modo de rezar que demonstra nossa comunhão com Deus, com os irmãos da fé, que participam da plenitude da glória do Pai. Recorremos a Maria dizendo títulos expressivos que nascem do nosso coração. É um modo simples de rezar, carregado de confiança. Apesar de não compreender o significado de muitas invocações, a presença, isto já é suficiente. Na oração da ladainha, a beleza e a plenitude acolhem nossa miséria e confiança, na invocação de nossos irmãos e irmãs de fé, que agora participam da plenitude da glória de Deus, na recordação dos títulos e louvores que a Igreja dedica à mãe de Jesus, em nossa abertura confiante à comunhão.

Padre Clemilson Teodoro, missionário da Imaculada – Padre Kolbe.

Palavra de fé: “Senhor, ouvi minha oração, e chegue até vós o meu clamor”. (Salmo 101/102,2)