Hoje mais do que
nunca estou convencido que o coração da Igreja, da humanidade, é a família.
Tudo depende desta célula viva onde cada ser inicia a sua história. Ninguém vem
ao mundo sozinho, e nos primeiros anos de vida todos temos a necessidade de
encontrar alguém que, com amor e ternura, nos assuma, fazendo-nos adultos. É
como no corpo humano: cada célula é fundamental e quando elas morrem e não são
mais capazes de se reproduzir acontece o fim da vida. Assim, quando a célula
familiar é contaminada, ela se enfraquece e morre. Pensar na família não é
pensar em pessoas que vivem juntas como se fossem um cemitério. A família não é
cemitério, encontro de mortos, mas sim de pessoas vivas que na comunhão e na
diversidade constroem um futuro feito de sonhos e de ideais. A família é vida,
a ela se pode aplicar o que a Igreja diz quando fala da família religiosa
chamada comunidade: o centro da família deve ser Jesus Cristo; é dele que nasce
a vida e a Ele é que volta a vida. Não são os outros os interesses na família;
o amor verdadeiro entre esposos, entre pais e filhos, tem sua mais profunda
raiz não no sangue, mas sim em Cristo de quem todos nos alimentamos, vivemos.
Na família deve
desaparecer todo individualismo, egoísmo, onde cada pessoas se preocupa com seu
próprio cantinho e não sabe olhar ao seu redor para ver as necessidades dos
outros. Superado o individualismo, não pode ser destruída, porém, a
individualidade. Ninguém é igual ao outro, carregamos dentro do nosso coração
as nossas peculiaridades e diferenças que nos enriquecem. Deus derrama sobre
nós os seus carismas e nos permite sermos ajuda para os outros. Aconselharia os
pais e filhos a terem um dia de paz e de alegria, para sentirem mais forte o
amor, para lerem e meditarem juntos o capítulo 15 de João. É o capítulo da
videira onde Jesus apresenta a família de Deus e humana unida e cooperando para
o bem-estar de todos.
Cada um tem sua
missão: o tronco da videira que é Cristo, o pai que pode e limpa a videira, a
seiva que é o Espírito Santo, e nós que somos os ramos. Todos são chamados a
realizar a própria missão. Assim na família, a sua beleza é dada quando os pais
e os filhos sabem assumir a própria missão, e os que trabalham juntos, amigos,
conhecidos, a própria função. A família necessita de intimidade, de espaço, de
privacidade que não pode ser substituída por nada e por ninguém. A família não
é cemitério sem vida, é jardim cheio de vida e de amor.
Frei Patrício
Sciadini – OCD
Palavra de fé: “Fui um verdadeiro filho para meu pai, terno e amado, junto de minha
mãe”. (Provérbios 4,3)