sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O beijo

Quando eu era criança, os laços que uniam meus pais eram misteriosos. Meu pai nunca foi um homem expansivo. Minha mãe era alegre, gostava de brincar quase como uma criança. Eles não costumavam trocar gestos de afeto no cotidiano. Ou, então, eu não os notava. Sabia, é claro, da história de seu casamento, contada por mamãe inúmeras vezes.

Ela tivera um noivo durante cinco anos, na pequena cidade do interior paulista onde morava. Papai era seu vizinho na infância. Quando menina brincaram juntos. Mas ele já trabalhava em outra cidade. O noivado com o outro rapaz foi rompido porque meu avô, homem rigoroso, não gostava do moço. Papai soube e não perdeu tempo. Enviou uma carta candidatando-se a namorado. Três anos depois, eles se casaram.

Só os números me confundiam um pouco. Meus pais tinham a mesma idade. Iniciaram o namoro aos 17 anos. Bem, se mamãe teve um noivo durante cinco outros... quer dizer que botou o anel no dedo com 12! Esse número me inquieta ainda hoje, não nego. Até agora também é difícil imaginar meu pai adolescente escrevendo uma carta apaixonada. Tento imaginar seu medo, o coração batendo apressado, ao botar a carta no correio. E mamãe respondendo animada, alegre, porque já conhecia meu pai e, sem dúvida, gostava de seus olhos azuis.

Ouvia essa história como se fosse de personagens que eu não conhecesse. Não combinava com aquele homem sério, às vezes bravo. Nem com a minha mãe. Minha mãe namorar? Outro noivo? Parecia tão estranho! Encarava meus pais como companheiros. Nunca como duas pessoas que viviam um amor.

Adolescente, descobri as idas e vindas dos amores. Vivi minha primeira paixão. Mais no sentimento que na realidade propriamente dita. Sempre fui do tipo romântico! Eu e meus amigos falávamos sobre o assunto o tempo todo. Quem com quem, como? Já? E também sobre as paixões do mundo das celebridades, casamentos instantâneos que nos fascinavam. Então o amor podia ser tão rápido? Torcia pelo namoro de meu irmão, apaixonado por uma prima. Acompanhava as idas e vindas de uma tia separada. E o relacionamento mais maduro de um amigo dois anos mais velho. Eu via o amor em mim e nos outros.

Mas o sentimento que unia meus pais permanecia misterioso. Era revelado em situações específicas, como quando papai foi operado e mamãe transformou-se em enfermeira, cuidadosa em sua recuperação. Ou quando se uniam para vencer as dificuldades financeiras. Também havia uma relação diplomática, da qual sempre me utilizava. Se papai era contra algo que eu queria, ela o convencia a ceder. Esses debates aconteciam na cama, de noite. Do meu quarto ouvia o som da voz de mamãe. No dia seguinte, ela me dizia:

— Seu pai deixou, mas só desta vez.

No fundo, eu achava que a cama era um local para meus pais conversarem!

Quando eu tinha 17 anos — a mesma idade em que papai pediu mamãe em namoro! —, meus pais comemoraram 25 anos de casados. As bodas de prata. Na época não tínhamos muito dinheiro. Foi uma festa simples, com pouca gente. Papai nunca bebia. Mas abriu um champanhe. Batemos os copos, porque taças não tínhamos. Nunca vi meu pai tão alegre! A certa altura, entre palavras de animação e risos dos convidados, o grande acontecimento! Papai abraçou minha mãe e a beijou na boca.

A foto tenho até hoje. Ainda me emociona. Fala sobre um amor discreto. Amor de pai e mãe, ao qual muitas vezes os filhos dão pouca importância. É um beijo inesquecível. Naquele dia, descobri que meus pais se amavam profundamente.



Palavra de fé: “Ouve, meu filho, a instrução do teu pai: Não desprezes o ensinamento de tua mãe”. (Provérbios 1,8)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Por que ficamos doentes?

Visitando um hospital, fui surpreendido por uma criança que me perguntou: “Padre, porque ficamos doentes?”
Não lembro direito o que lhe respondi, porém a pergunta da menininha me acompanhou durante um bom tempo.

Qualquer doença nos desinstala; sofremos com a possibilidade de estarmos enfermos; sofremos durante a enfermidade; sofremos quando alguém que amamos fica doente. A doença é um indício claro de que nosso corpo não é feito de aço.

Tomamos consciência de nossa fragilidade quando, por um motivo ou por outro, nosso corpo dá sinais de limitações.

Todo organismo vivo (plantas, animais) enfrenta agressões. A natureza em si segue o ciclo da vida: nascer, crescer e morrer.

As doenças que enfrentamos geralmente não nos levam à morte ou ao fim. Dá-se um jeito em quase tudo; medicamentos; terapias; cirurgias. Vivemos mais, é verdade, porém não deixamos de adoecer.

Quase sempre as doenças nos fazem parar, temos que tirar um tempo para irmos ao médico, descansar alguns dias, em casos mais graves fazemos um longo tratamento, tudo isso porque desejamos viver. A possibilidade iminente da morte nos assusta. Parar é fundamental para recomeçar bem.

As pessoas que passam por grandes traumas, ou enfermidades severas, geralmente não vivem mais da forma que viviam, desejam mudanças radicais de vida. A reflexão que a doença causou foi capaz de dar um valor inestimável a coisas que antes talvez passassem desapercebidas.

Os que sobrevivem não pensam em contabilizar os anos que ainda têm para viver, mas querem fazê-lo em plenitude cada dia.

Apesar das doenças não serem desejadas por nós, podemos aprender, e muito, com elas. Algumas lições importantes: não somos o centro do universo; não somos mais que ninguém; somos finitos e limitados; somos extremamente frágeis; podemos morrer a qualquer momento; a vida é muito curta para perdermos tempo com besteiras e mesquinharias. Podemos comprovar quem verdadeiramente nos ama e, sobretudo, somos capazes de testar nossa confiança e fé em Deus e nossa força de superação.

Se, em cada enfermidade, fizéssemos uma avaliação da nossa vida e nos propuséssemos a viver melhor, com toda a certeza, quando a doença certeira chegasse, não nos encontraria abatidos, mas agradecidos, por termos vivido felizes.



Palavra de fé: “Senhor, meu Deus, clamei a vós e fui curado”. (Salmo 29/30,2)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Jesus nasceu

Na gruta de Belém nasceu o Salvador do mundo e o deserto moribundo se converteu em Édem (Paraíso).

Junto à manjedoura florida anjos vão cantar.

Surgiu uma estrela para alumiar o menino recém-nascido.

Maria, te felicito, por que és de Deus,

para abraçar os dois, correndo me precipito;

e assim misturo-me ao montão de reis e de pastores

que ao Menino de seus amores

todos lhe trazem um presente.

Toma, José, aquele esbanjamento, novo incenso,

ouro amarelo.

E o tímido cordeirinho nascido na mesma noite

e eu, que para adorá-lo venho, apesar de meu carinho,

como não sou mais que uma criança,

eu sou pobre e nada tenho.

Que darei eu a Jesus? Ó Maria, minha mãe,

com que poderia presentear ao Deus que me deu a luz?

Já sei qual será o meu dom e,

embora seja pequeno o presente,

não há de ser todo mau: trago-lhe meu coração.


Meditemos: “O menino ia crescendo e se fortificava: estava cheio de sabedoria , e agraça de Deus repousava nele”. (Lucas 2,40).

Sem dúvida alguma, sendo Jesus verdadeiro Filho de Deus, em nada podia crescer; mas, como era também verdadeiro homem, podia ir adquirindo experiência humana, de modo que, dado que seu organismo ia se desenvolvendo, também sua mente ia se enriquecendo, “experimentalmente” com os sucessos diários. E você vai crescendo, como Ele, em sabedoria e graça?




Palavra de fé: “E Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens”. (Lucas 2,52)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Você sabia?

- Eva: em hebraico é Hava e significa vida;

- Noé: em hebraico é Noah e significa descanso;

- Ismael: significa Deus ouve;

- Abrão: significa pai elevado; Abraão: significa pai de uma multidão. Texto citado em “Romanos 1,17”;

- Jacó: significa que segura o calcanhar (aqueb), que suplanta ou que leva vantagem (Gênese 28,19);

- Betel: significa casa de Deus (Gênese 28,19);

- Israel: significa aquele que luta com Deus (Gênese 32,28);

- Fanuel: significa face de Deus (Gênese 32,30);

- Habitação dos mortos: em hebraico “Cheol”, lugar subterrâneo onde sobrevivem as almas dos mortos no estado em que elas se encontravam no momento da morte (Números 16,30-33);

- Efá: medida de capacidade de 30 litros aproximadamente;

- Serpente de bronze (Números 21,9): essa escultura devia servir de sinal de piedade e libertação. Olhar para ela constituía um ato de fé. Ver a alusão em “João 3,14” e a comparação com Cristo crucificado;

- Salomão: significa pacífico; e Deus lhe deu o sobrenome de Amado de javé (II Samuel 12,25);

- Os Sabeus eram um povo que habitava o sudoeste da Arábia e sua líder: A rainha de Sabá (1 Reis 10,1);

- Satã: nome próprio que significa o adversário; adversário de Deus e adversário de Israel. O que inspira as más ações que irritam a Deus, e atraem sobre Israel os castigos (I Crônicas 21,1);

- Rafael: significa em hebraico Deus cura (Tobias 3,25).


Palavra de fé: “Guarda meus ensinamentos como a pupila dos teus olhos”. (Provérbios 7,2)

Em busca de uma resposta

Ronan nasceu em 2000 de parto normal. Um bebê perfeito. Mas, com o tempo, percebi que havia algo de errado: ele chorava muito, quase não dormia e tinha refluxo severo. Aos 11 meses, ainda não sentava sozinho e seu atraso psicomotor era mais evidente. O pediatra insistia que eu estava sendo ansiosa demais e os neurologistas diziam que ele só precisava de um estímulo profissional maior, com fisioterapia, fonoaudiologia, psicomotricista e terapia ocupacional.

Como sou psicóloga, sabia que não era nada daquilo; tinha consciência de que Ronan não apresentava o desenvolvimento adequado. Até que uma neurologista pediu a ressonância magnética de crânio e constatou um atraso cerebral, que podia ser esclerose múltipla. Naquela época, uma tia enfrentava essa doença degenerativa e eu previa que poderia ser fatal para um bebê. Tive um medo profundo de perdê-lo. Então, uma amigo pediatra me explico que, para obter um diagnóstico preciso da doença, são necessárias, no mínimo, duas ressonâncias com uma prazo de pelo menos seis meses entre elas. Continuei procurando uma resposta.

Com 1 ano e 3 meses ele teve febre alta seguida de convulsões. Foi internado durante uma semana; depois, voltou ao hospital com novas crises convulsivas de difícil controle. Outra neurologista nos encaminhou para um geneticista que o examinou com a ajuda de uma equipe de estudantes. Ele adora contato físico e amou aquela “pegação”, mas meu coração doía. O tempo passava e a angústia de continuar sem respostas crescia. Até que encontrei o doutor Juan Lerena, uma referência em genética. Pelo histórico do Ronan, o médico suspeitou de síndrome de Angelman, distúrbio neurológico que pode afetar o desenvolvimento mental e intelectual. O resultado positivo foi uma bomba, mas também um alívio: era o fim das buscas depois de quase três anos. Finalmente sabia que o meu anjo tem Ele está com 11 anos e, por causa do medicamento anticonvulsionante, vive há seis anos sem crise. A jornada ainda será longa, mas sou recompensada cada vez que olho para ele e vejo o sorriso em seu rosto.



Palavra de fé: “Põe tua confiança em Deus ele te salvará; oriente bem o teu caminho e espera nele. Conserva o temor (respeito) a ele até na velhice”. (Eclesiástico 2,6)

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Amor: Pedra Angular da Família

A família não está desestabilizada só na Europa ou nos países desenvolvidos, ou nos países marcados pela pobreza extre­ma. Está desestabilizada não só entre os católi­cos, mas também em todas as religiões, mesmo naquelas onde se pensa que a estrutura familiar seja sólida. O que falta à família humana? Por que há traições matrimoniais ou por que filhos re­voltados matam os pais e pais raivosos renegam o que eles mesmos geraram?

A família não está em crise, ela por si mesma, como a vida humana, é crise, que se alterna com tempos de bonança para depois voltar o grito da tempestade. Há famílias, isto é, eu e você, visto que ninguém pode viver sozinho, que acreditam, que buscam a pedra angular sobre a qual se pode construir o relacionamento humano afetivo, sexual, políti­co, social. Esta pedra angular é o amor.

Santa Teresa de Ávila diz: "o maior proble­ma é que não sabemos o que seja o amor". É ver­dade. Hoje falamos, como sempre se tem falado, de amor, mas não sabemos sempre concreti­zá-lo na vida de cada dia. Na maioria das vezes entendemos por amor a própria satisfação, os próprios gostos, ter todos ao nosso serviço, para que façam tudo o que nós desejamos.

É a busca do prazer próprio, sem levar em consideração o outro. Este tipo de amor lentamente se revela como um câncer, vai penetrando e apodrecendo a beleza da vida, o amor, para ser verdadeiro, deve ser atento ao outro, capaz de esquecer-se de si mesmo, da própria felicidade, e ver a felicidade do ­outro que caminha ao nosso lado. Só posso ser feliz fazendo felizes os demais.

Na família, a pedra fundamental sobre a qual se deve construir o futuro não são coisas, nem beleza, nem juventude, nem saúde, nem projeção, porque tudo isto passa como vento e um belo dia podemos no levantar pobres, doentes, velhos, sem trabalho, mas nunca nos levantare­mos sem amor e sem vida.

É preciso sentar-se como Jesus junto ao poço da vida e saber pedir a água aos que vêm buscá-la. Não impor, não dominar, só pedir... e lentamente estaremos em condição de dar a água que trazemos no poço do coração, uma água viva que jorra do alto.

Deixemos de olhar nossa pequena sombra, pensando só em nós mesmos, comecemos a olhar o que o outro espera de mim para que seja feliz. Todo o amor autêntico, verdadeiro, sabe dizer sim e sabe dizer não. Todo sim e todo não que pronunciamos devem fazer crescer o ser humano, a glória de Deus. Nunca o nosso sim e não devem diminuir-nos e diminuir os outros.




Palavra de fé: “Tua mulher será em teu lar como uma vinha fecunda. Teus filhos em torno à tua mesa serão como brotos de oliveira” (Salmo 127/128,3)

O acontecimento central da vida de Maria

O Evangelho deste domingo passado (19/12): “Lucas 1,26-38”, traz-nos a narrativa da Anunciação. O encontro do anjo Gabriel com Maria. A mensagem do anjo, o “sim” de Maria é um consentimento ativo e responsável à vontade de Deus.

O diálogo do anjo Gabriel com a Virgem Maria nos mostra três momentos importantes para reflexão: a saudação e a mensagem; o anúncio da maternidade pelo Espírito Santo e a revelação da divina maternidade no anúncio.

A dúvida de Maria: “como isso acontecerá?”. E o anjo Gabriel lhe dá a esclarecedora resposta, o ato mais sublime e mais profundo do grande mistério de Salvação.

José e Maria são os grandes colaboradores do Plano de Deus. Como Maria, na Anunciação, aceitou a mensagem de Deus, também José em sonhos: “Mateus 1,20-21”, aceita com fé o sinal.

Maria nos introduz no mistério de Deus e nos alimenta com a Palavra que é o próprio Deus. Ela nos oferece seu Filho Jesus, a Palavra Eterna e pela Palavra se torna nossa Mãe.

Jesus não é apenas um filho da história humana. Ele é o Filho de Deus. Sua Mãe é humana. Seu pai é divino.

Ele vai nos ensinar o Plano de Deus para que sejamos livres, vivos e felizes como Deus deseja para nós. O nome “Jesus” significa “Deus salva”.

Que de nós, também, um “sim” a um convite de Deus possa ser início de uma grande obra em favor dos nossos irmãos mais necessitados e na proclamação da Palavra.


Palavra de fé: “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva”. (Lucas 1,46-48a)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Questão de ouvidos

Ver nem sempre é crer e ouvir nem sempre é seguir! Leiam: “João 6,64-69”.


Os apóstolos tinham suas dúvidas, mas ficaram não sem ter que aprender o diálogo e a unidade. Um dos que comeram a mesma mesa não quis dialogar, entregou Jesus e não acreditou em misericórdia.

Destruiu-se carcomido de remorso: “Mateus 27,5”. Pedro também o negou, mas superou a culpa. Acreditou no perdão: “Mateus 26,75”. Ele e outros dez, com Paulo, que veio mais tarde, deram a vida por Cristo. Com eles, milhões de discípulos que nesses vinte séculos de fé permaneceram firmes na Igreja da sua primeira catequese.

Também merecem respeito os que ficaram, enquanto seus irmãos e parentes mudavam de Igreja, mas conseguiram não perder o respeito pelos que foram orar num outro templo e de outro jeito. Não acharam certo, mas não agridem!

O urgente e o básico
Se um grupo de católicos me pedisse dois meses de aulas sobre o que significa ser católico hoje, sugerindo que resumisse para os alunos o básico e o indispensável, eu teria dificuldade.

Teria que saber: a) o seu nível de catequese; b) que livros já leram; c) que pregadores ouviram e ouve, e que ênfase; d) que programas de rádio e televisão vêem ou ouvem; e) a que movimentos se filiaram; f) que canções conhecem e cantam; g) quem são os seus pregadores preferidos.

Indicaria, como sempre, a Bíblia, o Catecismo da Igreja Católica, o Compêndio da Doutrina Social e por estarmos na América Latina, os Documentos do Celam, os principais documentos da CNBB e alguns livros de excelentes escritores católicos.

Se meus interlocutores insistissem em me ouvir, eu lhes daria minhas anotações, parte delas contida neste livro que você lê. Não é tudo, mas é o que eu daria aos meus leitores que não conhecem a maioria dos escritos da nossa Igreja.

Sugeriria que, na dúvida, seguissem os documentos oficiais e seu pregador preferido. Mas que o seu pregador não fosse nunca o primeiro da lista! Primeiro os livros oficiais e a voz dos Bispos! É sempre um risco seguir apenas uma pregação. Vai cair na mesmice. A influência excessiva de um só pregador empobrece. Ninguém é assim tão santo e tão culto. Ninguém sabe suficiente catequese. O pregador único pode errar, como, de fato, muitos fundadores de Comunidades erraram através da história. Há que haver outras referências numa Igreja tão grávida de História e Teologia.

Ouvir os bispos e os teólogos

O discípulo e o missionário católico deveriam dar uma chance especial aos teólogos e pastoralistas que levantam algumas questões essenciais ao Catolicismo. Jesus questionou os apóstolos e Paulo fez o mesmo com quem o questionava. Foi bom para a Igreja. É muito pobre o grupo de Igreja que não pergunta, não deixa perguntar, expulsa quem pergunta demais, não deixar ler os outros e não admite que seus membros abram os olhos, o coração e os horizontes com outros pregadores e outras leituras. Alguém está aprisionando aquele grupo! Orar é vital e perguntar também é! “Mateus 21,24”; “Marcos 9,28” e “João 16,5”




Palavra de fé: “E todo povo ia de manhã cedo ter com ele, no templo, para ouvi-lo”. (Lucas 21,38)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A árvore da imortalidade

Conta o famoso poeta persa Rumi que certo dia, em uma aldeia do Norte do atual Irã, apareceu um homem contando histórias sobre uma árvore cujos frutos davam imortalidade a quem os comesse.

A notícia logo chegou aos ouvidos do rei, mas antes que ele pudesse pedir a localização exata de tal prodígio da natureza, o viajante já havia partido.

O rei, entretanto, estava decidido a tornar-se imortal, pois queria ter tempo suficiente de transformar o seu reino em um exemplo para todos os povos do mundo. Quando ainda jovem, sonhara em fazer desaparecer a pobreza, ensinar a justiça, alimentar cada um dos seus súditos, mas logo se deu conta de que este trabalho durava mais de uma geração. Entretanto, a vida tinha lhe dado uma chance, e não iria deixar que ela lhe escapasse.
Chamou o homem mais corajoso da sua corte, e encarregou-o de encontrar a árvore. O homem partiu no dia seguinte, munido de dinheiro suficiente para conseguir informações, comida, e todo o necessário para atingir sua meta. Percorreu cidades, planícies, montanhas, perguntando e oferecendo recompensas; as pessoas honestas diziam que tal árvore não existia, os cínicos demonstravam respeito irônico, e alguns trapaceiros lhe enviaram a lugares remotos, apenas com o objetivo de conseguir algumas moedas em troca. Depois de decepções, o homem resolveu renunciar à sua busca; embora tivesse admiração por seu soberano, iria voltar com as mãos vazias. Sabia que com isso perderia sua honra, mas estava cansado, e convencido de que a tal árvore não existia.

No caminho de volta, ao subir uma pequena colina, lembrou-se de que ali vivia um sábio. E pensou: "não tenho mais esperança de encontrar o que queria, mas posso pedir sua bênção, e implorar para que reze pelo meu destino".

Ao chegar diante do sábio, não aguentou e caiu em prantos.

- Por que estás tão desesperado, meu filho?, perguntou o homem santo.

- O rei me encarregou de encontrar uma árvore que era única no mundo; seu fruto nos faz viver para sempre. Sempre cumpri minhas tarefas com lealdade e coragem, mas desta vez estou voltando com as mãos vazias.

O sábio começou a rir:

- Isto que você está buscando existe, e é feito da água da Vida que provém do infinito oceano de Deus. O seu erro foi tentar buscar uma forma, com um nome.
Às vezes isso se chama ‘árvore', outras vezes ‘sol', outras vezes ‘nuvem', e a podemos chamar de qualquer coisa que exista sobre a face da terra. Entretanto, para conseguir encontrar este fruto, é preciso renunciar à forma, e buscar o conteúdo.
Qualquer coisa onde está a presença da Criação é eterna em si mesma. Nada pode ser destruído; quando nosso coração para de bater, ainda assim nossa essência se transforma na natureza ao redor. Podemos virar árvores, gotas de chuva, plantas, ou até mesmo outro ser humano.

Por que deter-se na palavra ‘árvore', e esquecer que somos imortais? Renascemos sempre em nossos filhos, no amor que manifestamos para com o mundo, em cada um dos gestos de generosidade e caridade que praticamos.

Volte e diga ao rei que ele não precisa se preocupar em encontrar um fruto de uma árvore mágica: cada atitude e decisão que tomar agora, irá permanecer por muitas gerações. Peça, portanto, que seja justo com seu povo; se ele fizer seu trabalho com dedicação, ninguém o esquecerá, e seu exemplo irá influenciar a história do seu povo, e estimular seus filhos e netos a agirem sempre da melhor maneira possível.

E diz ainda: todo aquele que busca apenas um nome, sempre permanecerá ligado à aparência, sem jamais descobrir o mistério oculto das coisas, e o milagre da vida.
Todas as lutas que enfrentamos são por causa de nomes: propriedade, ciúme, riqueza, imortalidade. Entretanto, quando nos esquecemos do nome e buscamos a realidade que se esconde atrás das palavras, teremos tudo que desejamos - e, além disso, teremos paz de espírito.



Palavra de fé: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; quem não crê no Filho não verá a vida. Mas sobre ele pesa a ira de Deus”. (João 3,36)

sábado, 10 de dezembro de 2011

A idade aumenta e a visão diminui? Pode ser degeneração macular

Incidência da doença deve triplicar até 2025, mas novas terapias apresentam excelente grau de eficiência.

Para quem já passou dos 50 anos, a dificuldade, por causa da visão, em realizar atividades como ler, escrever, dirigir e identificar os traços de um rosto pode ser indicio de Degeneração Macular Relacionada a Idade (DMRI),principal causa da perda da acuidade visual nas faixas etárias mais avançadas. Ela atinge 8% dos indivíduos com mais de 50 anos, crescendo exponencialmente até acometer 2/3 das pessoas com 90 anos ou mais. Com o envelhecimento da população, estima-se que ate 2025 os casos em todo o mundo triplicarão.

A DMRI afeta a mácula, uma estrutura localizada no centro da retina,responsável pela visão central e de detalhes. A causa principal é o deposito, no fundo do olho, de drusas,um material acumulado pelas células ao longo dos anos, mas que nem sempre compromete a visão.

Fatores genéticos, hereditários, étnicos (incide mais em pessoas de pele e olhos claros) e tabagismo são alguns fatores de risco. Cerca de 90% dos portadores de DMRI possuem a forma seca da doença (atrófica), mais amena e de progressão gradual ao longo dos anos. Embora não tenha cura, alimentação adequada, uso de suplementos vitamínicos e abandono do cigarro ajudam a retardar sua evolução, se o diagnóstico for feito precocemente. Por isso, após os 50 anos e importante a realização anual do exame de fundo de olho com dilatação de pupila,que permite observar eventuais alterações na mácula.

Os outros 10% tem a DMRI na forma úmida (exsudativa), que se caracteriza pela perda aguda da visão, com formação de manchas no campo visual, uma progressão da forma seca, provocada pelo crescimento anormal de vasos sanguíneos na área da mácula, causando inchaço e hemorragia. O diagnóstico é feito com exames como a retinografia fluorescente, que estuda a circulação no fundo de olho, e a tomografia de coerência óptica, que permite identificar alterações no tecido com elevada resolução.

Usada pela primeira vez em 2005, a terapia antiangiogênica revolucionou o tratamento da DMRI úmida, com a utilização de drogas que bloqueiam o fator de crescimento dos vasos sanguíneos. A droga é injetada no fundo de olho e age diretamente na área afetada, com procedimento realizado em centro cirúrgico, de forma segura e sem dor para o paciente. São três aplicações, uma por mês, com possibilidade de repetição se a resposta ao tratamento for parcial. Hoje, essa é considerada a terapia de escolha para esses casos.

Estudos científicos mostram que 25% a 45% dos pacientes submetidos a terapia antiangiogênica tiveram reversão na perda visual e mais de 90% apresentaram estabilidade.

Mesmo em sua forma mais grave, a DMRI não causa cegueira total, mas pode ser altamente incapacitante, trazendo perda de qualidade de vida. Assim, depois dos 50 anos, é importante estar bem atento para o problema. Afinal, apesar da incidência crescente, a DMRf pode ser perfeitamente controlada com atenção aos fatores de risco, diagnóstico precoce e terapias cada vez mais eficazes.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Aquarelas das idades

Envelhecer é o único meio de viver muito tempo.
A idade madura é aquela na qual ainda se é jovem, porém com muito mais esforço.
O que mais me atormenta em relação às tolices de minha juventude, não é havê-las cometido... é sim não poder voltar a cometê-las.
Envelhecer é passar da paixão para a compaixão.
Muitas pessoas não chegam nos oitenta porque perdem muito tempo tentando ficar nos quarenta.
Aos vinte anos reina o desejo, aos trinta reina a razão, aos quarenta o juízo.
O que não é belo aos vinte, forte aos trinta, rico aos quarenta, nem sábio aos cinqüenta, nunca serão nem belo, nem forte, nem rico, nem sábio…
Quando se passa dos sessenta são poucas as coisas que nos parecem absurdas.
Os jovens pensam que os velhos são bobos; os velhos sabem que os jovens o são.
A maturidade do homem é voltar a encontrar a serenidade como aquela que se usufruía quando se era menino.
Nada passa mais depressa que os anos.
Quando era jovem dizia: “verás quando tiver cinqüenta anos”. Tenho cinqüenta anos e não estou vendo nada.
Nos olhos dos jovens arde a chama, nos olhos dos velhos brilha a luz.
A iniciativa da juventude vale tanto quanto a experiência dos velhos.
Sempre há um menino em todos os homens.
A cada idade lhe cai bem uma conduta diferente.
Os jovens andam em grupo, os adultos em pares e os velhos andam sós.
Feliz é quem foi jovem em sua juventude e feliz é quem foi sábio em sua velhice.
Todos desejamos chegar à velhice e todos negamos que tenhamos chegado.

NÃO ENTENDO ISSO DOS ANOS: QUE, TODAVIA, É BOM VIVE-LOS, NÃO TÊ-LOS…




Palavra de fé: Quão belo é para a velhice o saber julgar, e para os anciões o saber aconselhar!” (Eclesiástico 25,6)

Jacó lutou com Deus e o venceu, diz a Bíblia. Como pode ser isso?

Evidentemente o homem não pode lutar com Deus corpo a corpo, como aparece no texto: “Gênese 32,24-32”.

A Bíblia usa muitas histórias religiosas que corriam na boca do povo e as transmite dando-lhes, porém, base teológica. Essa é uma delas: Jacó lutou com Deus e começa a vencê-lo, mas ao perceber que estava lutando com Deus, pede-lhe a benção e pergunta-lhe o nome. O estranho lutador o abençoa, mas não diz o quem ele é. Depois da luta, Jacó manca de uma perna. O texto conclui que por isso até hoje os israelitas não comem o nervo ciático (versículo 32).

Temos aqui dos elementos importantes da vida religiosa hebraica. O primeiro é a explicação que o texto quer dar sobre o nome “israelita”, nome que caracteriza o povo de Deus. O segundo é a explicação do significado do nome “Fanuel”, nome que designava um lugar de culto no Jaboc e muito conhecido pelo povo.

Na montagem dessa história são dadas então as explicações: o nome “israelita” provém de Israel, que foi o nome dado por Deus a Jacó: “Gênese 33,20”; e deu-lhe esse nome porque Jacó, de fato, lutara contra Deus. Em hebraico popular se dizia: IS+RA+EL, ou seja: o homem que lutou contra (com) Deus. Outros estudiosos traduzem o nome “Israel” como “aquele que viu Deus”, ou seja: Jacó travou luta muito grande no seu interior para aderir a Deus e ser-lhe fiel, como seu pai Abraão. Só depois de muita luta ele conseguiu aderir a Deus e ser então abençoado por ele.

O outro elemento da narrativa quer dar o significado do nome “Fanuel”, que designava o lugar de um santuário, como se disse.

Fanuel é o lugar onde o homem está “diante de Deus” (Fanuel em hebraico significa: rosto de Deus, diante de Deus). Aquele local de culto, tão conhecido por todos, chamava-se Fanuel, diz o texto, porque aí o patriarca Jacó vira Deus face a face, estivera diante Dele.

Esse é o aspecto etiológico (ciência que estuda as causas) da narrativa. Dá o motivo, a causa. O aspecto teológico é a explicação do nome de Israel. Ambos os aspectos formam o núcleo da narrativa. A menção do “nervo ciático” é alusão a uma regra alimentar: o israelita não podia comer o nervo ciático. Toda via, essa regra alimentar não é mencionada em nenhum lugar da Bíblia. Somente a tradição fala dela.




Palavra de fé: “Os filhos de Israel serão tão numerosos como a areia do mar, que não se pode medir nem contar. Em lugar de se lhes dizer: Lo-Ami (significa – não meu povo), serão chamados Filhos de Deus vivo”. (Oseias 2,1)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Advento – Preparação para o Natal

Estamos na segunda semana do Advento (que significa vinda, chegada). O Advento é o período de quatro semanas que precedem os festejos do Natal. A expectativa do nascimento de Jesus como esperava os antigos patriarcas e profetas. Jesus é o Messias, o Salvador aquele que seria enviado por Deus para libertar o povo de Israel.

Para a vinda do Filho de Deus entre os homens, Deus escolhe Maria de Nazaré para ser sua mãe. De fato Maria parece ser aquela que contribui de maneira decisiva para a libertação do povo de Deus. Ela interfere positivamente, na nova criação em Cristo mediante o Espírito Santo: “Lucas 1,35”.

Assim, ao mesmo tempo, Maria é mãe, é discípula e modelo de discípulo que acolhe a Palavra e dela brota a Vida para o mundo; “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós”.

Jesus é a Palavra viva e decisiva de Deus manifestando o seu amor pelos homens. Para experimentar nossas dores e alegrias, nossas derrotas e vitórias, nossos festejos e nossas solidões. Para nos ensinar a carregar os pesos uns dos outros, a amar e a nos olhar, a nos reconhecer como irmãos uns dos outros.

Para morrer pela nossa salvação, para nos dar a certeza da vitória sobre o mal e a morte, para abrir o caminho para a ressurreição e ficar conosco para sempre pela Eucaristia.

Enfim, Cristo se fez nosso irmão para que nos tornássemos todos filhos de Deus.

Que ao longo do tempo do Advento preparemos, carinhosamente, em nossos corações um belo presépio repleto de amor e ternura para acolhermos o Menino Jesus.


Palavra de fé: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará a luz um filho e o chamará Deus conosco”. (Isaias 7,14)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Esclarecendo sobre: Espiritismo, Espírito Santo e Espiritismo

Espírito: é a alma, princípio de vida e no corpo, e que continua a viver depois da morte. Veja: “1 Corintios 5,3”. O elemento sobrenatural que atua no nosso corpo: “Efésios 4,23”.
Princípio animador ou vital que dá vida ao corpo humano, as faculdades mentais do homem, em contraposição à parte física, à carne, à inteligência ao ânimo.


Espírito Santo: a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Neste caso, a palavra Espírito costuma ser escrita com letra maiúscula, veja: “1 João 3,24”. Foi “enviado pelo Pai e o Filho para a missão de renovar os corações dos homens”. As três Pessoas entram na alma que ama Deus, mas só a Segunda e a Terceira, é que foram enviadas, o Filho pelo Pai e o Espírito Santo pelo Pai e Filho.


Espiritismo: doutrina (e prática) segundo a qual os espíritos dos mortos, se comunicam com os vivos pela ação dos médiuns, manifestando-se por toques, movimentos de objetos e outros rituais.


Há em nosso blog outras citações mais detalhadas sobre o Espírito (a alma), o Espírito Santo (e a Santíssima Trindade) e Espiritismo.



Palavra de fé: “Quem possui o Filho possui a vida; quem não tem o filho de Deus não tem a vida”. (1 João 5,12)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Eu preciso de você!
- Eu... chamado?
Por que não!


O mundo está sempre em evolução. Muda de hora e hora. Algumas mudanças são boas, outras necessárias, porém muitas das mudanças fazem bem para alguns e muito mal para a maioria. Deus ao criar o mundo o fez para que todos pudessem viver bem, serem felizes, construindo dia a dia sua vida nutridos pela fé e esperança.
Mas, a ganância, o ódio, o consumismo, a busca dos bens materiais, o lucro que gera desinteligência, a denominação, a injustiça, a falta de fraternidade, a violência urbana, as divisões familiares e comunitárias e tantas outras.
Por certo, este não é o mundo que Deus criou para nós. Por isso, desde o momento em que os homens começaram a ser infiéis aos propósitos e as obras de Deus, Ele foi chamando pessoas para denunciar o mal que existia e anunciar o bem que precisava ser feito para o seu povo.
- Chamou Abraão, fiel na fé a Deus até o fim de sua vida;
- Também Moisés, o libertador do seu povo no Egito e que conversava com Deus;
- Samuel, o exemplo daquele que responde à vocação: “Fala, Senhor, o teu servo escuta”.
- Foi assim, também, com os profetas, os despertadores do povo chamados a anunciar e denunciar;
- Foi com os apóstolos, que souberam, bem o mal, partilhar com Jesus o anúncio do Reino de Deus;
- Foi com Paulo, o missionário formador de comunidades cristãs;
- Foi assim com os santos e santas, amigos de Deus e irmãos do povo;
- É assim com cada um de nós, chamados para evangelizar: “Vem e segue-me”.


Palavra de fé: “Olhemos uns pelos outros para estímulo à caridade e as boas obras”. (Hebreus 10,24)